Neno Narrando Eu tava ali, encostado na barricada, braço cruzado, fuzil nas costas parecendo um guarda-chuva de guerra. O vento batia, trazendo o cheiro da noite do morro, e eu com cara de durão, mas por dentro? Por dentro eu tava era ansioso igual moleque esperando a novinha na pracinha. Aí vi o farol cortando a rua. O carro dela. O coração bateu duas vezes mais forte, mas eu segurei na marra, mantendo a postura. Fingi frieza, mas o sorriso escapou quando vi ela parando. Branquinha, linda, jeitosa do jeito que só ela sabe ser. Me aproximei, dei a volta no carro com calma e abri a porta do motorista. — Pula pro banco do carona aí, princesa — falei, olhando direto nos olhos dela. Ela obedeceu, meio rindo, meio desconfiada. E quando sentou do lado, eu entrei e já bati a mão no volant

