22

1124 Words

DANTE NARRANDO Saí de casa com o peito na brasa. O gosto de metal da raiva vinha até a língua. A imagem dela arrumando a mala e jogando as coisas na minha cara repetia no cérebro, cada replay botava mais gasolina no fogo. Desci de moto rasgando as ruelas até a boca do Beco Quente. Lá é onde todo novato bate ponto pra ganhar moral. E era novato que eu precisava: alguém fácil de assustar. Vi três moleques no radinho, bermuda larga, olho esperto. Reconheci logo um: Ratão, irmão da Julinha, aquela que vive grudada na Maya. Era Deus botando alvo na minha mira. Parei a moto tão forte que o pneu cantou. Desmontei antes de desligar. Ratão sorriu amarelo: Puxei pelo colarinho, encostei ele no muro de bloco. O radinho caiu no chão estalando. — Tu não é irmão da Julinha? A amigona da Maya? — r

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD