23

1426 Words

DONA TÂNIA NARRANDO Desde o primeiro dia que botei os pés naquela casa, a Maya era só uma menina pequena, de olhar assustado e cabelinho preso num r**o torto. Tinha acabado de ser deixada pela mãe, Jéssica, que saiu no mundo sem olhar pra trás. Eu lembro bem: ela me abraçava pela cintura, calada, como se eu fosse a única coisa que sobrava. E eu fui mesmo. Eu que dei comida, dei banho, penteei aquele cabelão, fiz trança pra ela ir pra escola, ensinei a amarrar o cadarço. Ela me chamava de Tia Tânia. E o Dante? Ele era só a figura do medo, do respeito. Ela se encolhia quando ele passava, ainda que nunca tivesse levantado a voz pra ela. Mas era o peso da presença dele, daquele homem fechado, duro, que saía e voltava sem avisar, com cheiro de rua, cigarro e problema. Com o tempo, ela foi c

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD