SOBREVIVENDO AO PRAZER - Tentações (Livro 1)

4 – MAIS QUE UM PESADELO

Anne m*l podia respirar, sim, Samanta estava de volta e a loira não sabia quanto tempo ela passaria ali. Poderia ser uma semana, um mês, até mais, ainda seria parceira de Ester.

- Merda, Merda, Merda.

            Anne bateu com força no espelho em um soco, sua mão machucou e começou a sangrar, nesse momento a porta é aberta, ela nem se deu ao trabalho de ver quem era, pois aquele perfume era inconfundível.

- Que p***a você fez? _ Samanta corre e segura a mão da mulher, pega uma toalha e enrola, mas então Anne a puxa.

- Não preciso da sua ajuda, saia daqui.

- Não seja infantil, Anne, pare com isso.

            Então os olhos voltam a se encarar, tão intenso, como ela pode ter jogado isso fora? Esse foi o pensamento da loira.

- Infantil? _ Anne sorri irônica. - Vá embora, Samanta, apenas vá embora, não preciso estar perto de você. Não mais.

- Na verdade, você precisa, vamos trabalhar juntas.

- Você acha mesmo que ainda vou aceitar esse caso? Só nos seus sonhos e nem nos meus piores pesadelos.

- Mas que inferno! O que você pensa que está fazendo? Eu pensei que tudo tinha ficado bem claro, pensei que tivesse superado. _ Então Anne se afasta mais e volta a encarar a ruiva.

- Eu superei, mas não quero ficar perto de você, nunca mais, você é meu pior pesadelo, você se transformou em minha maior tortura, não se vanglorie por isso, por que isso dói pra c****e. Não te culpo, porque sei que a i****a fui eu por me apaixonar, afinal era só sexo, e você foi sincera, mas nem por isso preciso estar perto de você, eu posso fazer essa escolha, ela é minha, assim como você fez a sua. 

           E pela primeira vez a ruiva escuta a loira falar que estava apaixonada por ela, nem soube dizer se aquilo era bom ou r**m, não conseguiu raciocinar depois de ouvir a palavra apaixonada.

- Você... _ Assustada e surpresa, era assim que Samanta estava.

- Sim, estava, só você que não percebeu, eu fazia tudo por você, me entreguei complemente para você, não te culpo, mas eu não quero estar perto de você. _ A sinceridade era evidente na voz da legista. 

- Anne, pare, você não pode...

- Eu posso. _ E com isso lhe dá as costas. – Fique longe de mim, Samanta, é o mínimo que você me deve.

            Foram suas palavras antes de sair da sala. Samanta Hamilton é uma mulher decidida, sempre quis ingressar no FBI. Prestou concurso para um programa e passou, isso a fez sair da delegacia há dois anos, porém ela deixou muito mais do que queria para trás.

Até então pensou que Anne sempre quis só sexo com ela, afinal o modo que ela reagiu ao saber que a mulher ia embora foi natural, porém agora... Lembranças e mais lembranças vieram à sua mente. Anne Simons a amava, a ruiva fora burra de não perceber, será que seria tarde demais? Só uma pessoa além de Anne poderia responder isso, era atrás dela que Samanta iria. A ruiva sai do banheiro e vai em direção à sala que tanto conhece. Entra sem bater, de certa forma Peter já a esperava, encontra o homem sentado em sua cadeira. 

- Agente Hamilton, em que posso ajudar?

- Sem essa, Peter, porque não me contou? _ Ele respira fundo e encara a mulher com toda a calma.

- O que exatamente?

- Não teste a minha paciência. Porque não me disse que ela... Que Anne estava apaixonada por mim?

- E eu deveria? _ Ele tentava não se exaltar. – Bem, até onde me lembro, era você que passava todas as noites com ela, foram vocês duas que peguei diversas vezes transando nessa mesma sala, foi para você que ela lançava aqueles olhares apaixonados, eu precisava, ou você deveria ter percebido? _ Então Samanta se aproxima e senta na cadeira na frente de Peter, abaixa a cabeça e respira fundo.

- Que merda, Peter, eu te falei, eu falei que estava gostando dela de verdade.

- Você falou para mim, não acha que deveria ter falado para ela? _ Eles voltam a se encarar, o fato era que o homem estava coberto de razão.

- Mas... Que merda, eu teria desistido de tudo por ela, eu te disse, se ela me pedisse para ficar, eu teria ficado.

- Mas ela não pediu. Como ela poderia fazer isso se você se mostrou tão feliz por ter conseguido? Ela pensava da mesma forma que você, que só se interessava por sexo. Anne se convencia disso a cada vez que vocês transavam e na manhã seguinte você ia embora, não seja burra, quantas vezes você demonstrou sentimentos a ela? Quantas vezes, depois de uma noite de sexo, você foi carinhosa com ela? Lembre-se da fragilidade de Anne, você melhor do que ninguém a conhece.

            Então mais uma vez o coração da ruiva dispara ao ouvir tais palavras, mais lembranças, mais culpa, mais medo.

- Eu sou assim, eu não costumo ser sentimental.

- Uma pena, isso fez você perder uma grande mulher.

          E com a mesma calma de antes Peter disse tais palavras, mas a intensão dele não era fazer a mulher sentir mais culpa e fazê-la sofrer, só queria que Samanta enxergasse tudo, apenas que ela visse com seus próprios olhos a realidade.

- Eu... Eu a perdi?

- Não vamos cometer os mesmos erros, Samanta, fale com ela e não comigo, não tenha medo, pergunte a ela.

- Mas... Ela nem quer olhar para a minha cara.

- Então desista, faça seu trabalho e vá embora. _ A ruiva encara o amigo e respira fundo, entende o que ele quis dizer.

- Obrigada, vou... Vou conversar com Ester.

- Uma dica, não fale nada de Anne com Ester.

- Por quê?

- A investigadora é completamente apaixonada por ela, não se iluda pensando que Anne ficou te esperando, ela é uma mulher encantadora e linda, apenas encontrou um modo de te fazer inexistente, se dependesse de mim, ela já estaria até casada com Ester.

- Belo amigo você é.

- Foi eu que passei todos esses meses com ela, não tente me fazer ficar contra ela, você vai perder.

            Essas foram as últimas palavras do homem antes de Samanta sair da sala, logo encontrando Ester para começarem a conversar sobre o caso. Se Anne encontrou um modo de esquecê-la, a ruiva também encontrou o seu, dedicou-se ao trabalho, por isso estava onde estava, a melhor da turma, a agente júnior do ano. Agora era a agente Hamilton, mas em algumas horas seria Sam, teria que conversar com Anne, nem que isso custasse a sua vida.