Capítulo 6.
Fico parada por alguns segundos, assimilando aquilo. Quando me dou conta um sorriso largo brota na minha boca. Henry!
Corro em sua direção e o abraço. Ele me roda no ar.
- O que está fazendo aqui? Pensei que nunca mais o veria. - comento sorridente. Ele está diferente; roupas caras, cabelo um pouco mais comprido.
- Estou à negócios na cidade. Não poderia deixar de ver você, minha dama. - ele belisca de leve minha bochecha. - Quero que almoçe comigo, pode ser?
- Tudo bem.
- Ok. Ótimo. Vou mandar aquele carinha ali te buscar quando você largar do colégio. - ele aponta para um cara grande atrás de si encostado no carro com cara de poucos amigos. - É muito bom te encontrar novamente. Vou ficar ansioso para vê-la. - ela beija minha mão, coloca seu óculos escuros e mergulha dentro do seu carro chique.
Viro-me e vou na direção do colégio, que já estava a gritar para que eu entrasse logo.
Uau! Henry! Foi bom da última vez que estivemos juntos.
- Quem era aquele? Um tio? Amigo de seu pai? - David está ao meu lado com seu jeito irritante de achar que eu lhe devo satisfações. Bufo sem fazer questão de esconder que não estou gostando daquilo.
- Não te interessa. O senhor não deveria está dando aula agora? - paro de andar e o fito com a testa levantada, com meu ar debochado. Logo ele entende meu recado e sai andando.
Homens!
Sara ainda estava toda empolgada com seu encontro no final de semana, não parava de falar no tal Scott. Ainda prefiro manter em sigilo os acontecimentos do meu final de semana.
- Você acha que eu devo levar meu gatinho para jantar lá em casa? - eu fico incrédula. Não acredito que essa palhaçada saiu da boca dela. Ela só o tinha visto uma vez e já estava desse jeito.
- Eu acho que você tem muito para conhecer dele ainda antes de arrastá-lo para dentro da sua casa, ok? - tento soar o mais gentil possível. Lanço-lhe um sorriso e ela sorrir também, concordando comigo.
A manhã acaba passando rápido demais. A última aula era de David. Fiquei com a cabeça baixa na maior parte do tempo escutando música. O sinal toca e vou seguindo o fluxo dos alunos para fora da sala. Sara já havia vazado dali, provavelmente para encontrar Scott.
- Srta Walker, quero falar com você. - fecho meus olhos com força. Parece que eu estava adivinhando... - Feche a porta, por favor. - David pede quando já estamos na sala sozinhos.
- O que você quer, professor? Eu tenho um compromisso. - viro-me para ele. Nem seu rosto bonito me amolece dessa vez.
- Pensei que estivéssemos bem.
- E eu pensei que você soubesse ser maduro. - retruco rapidamente - Eu não sou sua esposa, David. n******e mandar em mim.
- Você é c***l. - ele comenta, mais para ele do que para mim. Eu queria beijá-lo agora, mas preciso ter foco.
- Invada meu quarto mais uma vez. - a cor azul dos seus olhos fica mais viva. Eu enlouqueci!
Saio do colégio e o cara grande está lá. Acho que essa coisa de motorista particular ter uniforme é só em filme. Ou o Henry era um chefe liberal. Ele não me diz nada, nem ao menos me dar um sorriso. Não que eu me importasse. Ele abre a porta de trás para mim. O ignoro e abro a porta da frente.
Ele dá a volta e parece estressado quando entra. Henry não está pagando-o direito?
- Pra você. - pela primeira vez escuto a voz dele. Ele me entrega uma sacola. Tem um vestido azul lindo.
- Ele se lembra que minha cor preferida é azul. - digo sorrindo. Começo a tirar minha blusa.
- O que você está fazendo? - o homem fala em tom alto segurando meu braço. Ele fica nervoso.
- Vou colocar o vestido. - respondo como se fosse a coisa mais normal do mundo ficar nua na frente de um estranho. Admito, às vezes exagero.
- Ele reservou um quarto para você fazer isso. Não na minha frente, moça. - seus olhos estão arregalados. Lindos olhos, aliás.
- Me desculpe. - viro minha cabeça para o lado e começo a rir.
[…]
É um hotel gigante. Provavelmente só os mais ricos o frequentavam. Estou quase envergonhada de ter entrado aqui com o uniforme do colégio. Realmente havia uma suíte para me trocar. Me pergunto se é a suíte que o Henry está. Talvez eu descobriria isso mais tarde. O vestido coube perfeitamente em mim. É deslumbrante. Só falta fechá-lo na parte de trás. É claro que eu poderia dar meu jeito e fazer isso sozinha, mas gostei de ver o motorista nervoso. É engraçado.
- Você pode me ajudar? - coloco minha cabeça para fora do quarto. Ele está me esperando no corredor. - Meu vestido precisa ser fechado.
- Tem certeza que não consegue sozinha? - ele pergunta. Fica irritado quando está nervoso. É adorável vê a cena.
- Eu não estou nua, cara. Só preciso que feche o vestido.
Entro no quarto sabendo que aquela batalha eu havia vencido. Volto para frente do espelho e observo pelo reflexo ele se aproximando. Seus dedos m*l tocam em mim enquanto ele faz o que eu tinha pedido.
Henry já está me esperando no restaurante do hotel. Se levanta da cadeira quando me vê. Está lindo, com uma roupa toda social.
- O vestido ficou perfeito em você. Espero que tenha gostado. - ele me elogia enquanto abre a cadeira para que eu possa sentar. O motorista nervoso fica distante no bar.
- Eu adorei. Obrigada. Fiquei surpresa que tenha lembrado sobre a cor.
- Eu fico revivendo nossas conversas várias e várias vezes. O que posso dizer? Você me marcou, minha dama. - ele fala sério e vira sua atenção ao cardápio. Não sei se está mentindo ou não. Não sou boa em acreditar em homens. Decido mudar de assunto. Romantismo me dá sono.
- Qual é o problema do seu motorista? Ele é muito chato. - assim que escuta minha reclamação Henry rir.
- Ele não é meu motorista. É meu amigo. Sullivan Stapleton. Perdeu uma aposta para mim. Vai ter que fazer tudo que eu mandar até eu ir embora.
Fico de boca aberta. Imediatamente olho na direção do bar. Agora tudo está explicado.
- Você e suas apostas, Henry....
#
Estou vencendo Lucas e seus amigos na sinuca. Já tô com o bolso cheio e um jantar pago. Escuto muito barulho ao lado. Presto atenção. Parece que tem um vencedor muito convencido.
- Aposto que ganho de você, gatão. - digo alto o suficiente para que ele possa me ouvir. Quando se vira quase peço que se eu ganhasse gostaria que o prêmio fosse ele.
- Aposto que você perde de mim, dama. - ele diz se aproximando tentando me intimidar. Ele pode até ser bonito, mas... mordida de gato não machuca tanto. - Quando eu ganhar você me levará para conhecer o seu quarto.
- E se eu ganhar, Sr. Convencido?
- Você me levará para onde quiser.
#
Henry realmente é bom quando se trata de apostas. E é claro que ele ganhou de mim com facilidade. Mas para minha sorte, foi um cavalheiro. Me deixou levá-lo para onde eu quisesse. The Dolls Home. Assim que viu o lugar ficou preocupado, perguntou logo se eu trabalhava ali. Eu disse não, que era a minha primeira vez também. Bebemos muito e acabamos em um dos quartos. Henry só ficaria três dias na cidade e eu passei esses três dias com ele; bebendo cerveja barata e transando em um pequeno apartamento que ele tinha alugado no centro da cidade.
- Aqueles dias que passei com você foram os melhores da minha vida, Evelyn. Você foi uma das melhores mulheres com quem já estive. Quando soube que viria para cá novamente eu só conseguia pensar nisso, em te encontrar. - ele vai falando, relaxado, como se estivesse cantando uma música e me olhando feito bobo. - Eu tenho andado tão estressado ultimamente... E, eu queria ser aquela cara novamente...
- Eu faço você ser. - tomo sua mão de repente e a aperto forte. - Eu quero você agora. - vejo seus ombros se suavizarem mais e seus pés acariciando os meus por debaixo da mesa.
- Ainda bem porque pedi que levassem o almoço para o meu quarto. - permito ficar de boa aberta. Filho da p**a!
- Então esse papo todo foi só para me arrastar até o seu quarto, Sr. Henry?
Ele se levanta da mesa e estende sua mão para mim.
- Não, minha dama, você sabe que é verdade. Mas eu estou morrendo de saudades.
Andamos pelo salão em direção ao elevador. Henry com minha mão perto do peito. Olho de relance até o bar, Sullivan esbarra com seu olhar no meu rapidamente. Se seus olhos tivessem um lazer, Henry e eu já estaríamos queimados.
As portas do elevador se fecham e Henry me coloca em sua frente, segurando meu quadril. Enfio minhas mãos em seus cabelos da nuca. É adorável fazer isso.
- Você é o meu diamante. - sua mão pousa em meu rosto e ele invade minha boca com sua língua quente.
Estou pressionada na parede e milagrosamente as portas do elevador se abrem quando já estou pronta para tirar o cinto da calça do Apostador. Definitivamente não é o quarto que eu me troquei.
- As coisas realmente mudaram para você. - comento olhando ao redor.
- Eu ganhei tudo. - vejo seu olhar orgulhoso me acompanhando.
- Ganhou tudo o que quer ou tudo o que precisa?
- Aparentemente não tudo o que eu quero. - seus olhos queimam em mim. Sorrio e vou andando até a varanda. - Que jogo eu preciso jogar para te ter só para mim? Que aposta eu preciso fazer? - ele me abraça por trás se concentrando em meu pescoço, com gosto de uísque nos lábios dessa vez. - Eu aposto todas as minhas fichas em você se quiser, querida. - ele rir no meu ouvido, me arrepiando. Me viro e apressadamente procuro sua boca e vou adentrando no quarto.
Vamos nos beijando, pausando apenas para rir. Gosto quando ele finge ser esse t**o apaixonado que sabemos com certeza que não é. Henry me come por trás. É sua posição preferida. Seus beijos são mordidas fortes em minhas costas. Definitivamente não é um amante delicado e não se preocupa se me satisfaz. Resumindo: Henry, o Apostador, é uma perda de tempo na cama.
O observo resolvendo algum assunto sério pelo celular enquanto fumo nua na cama, tranquila por saber que ainda tenho meu professor, pronto para me agradar e ser bonzinho comigo. David, deliciosamente e perigosamente, não é uma perda de tempo na cama.
- Não vou poder passar a noite com você, querida. - ele sai do banheiro se desculpando e se vestindo. Esse homem não me terá mais na cama com ele se continuar agindo feito um animal. Ele costumava ser melhor sem todo o dinheiro.
- Não se preocupe. - digo apenas e espero que ele note o quão é desprezível meu olhar para ele, mas ele apenas o desvia. - Peça ao seu amigo para que traga meu uniforme da escola.
- Como quiser. Leve o tempo que precisar para se arrumar. Eu entro em contato com você. - ele beija minha bochecha e é como se tivesse dando um forte aperto. Se ele acha que vai me tratar como uma v***a e tudo bem, está muito enganado.
Quando estou sozinha no quarto decido aproveitar. Tomo um puto banho de banheira com espumas e tomo um champanhe do caro, e é uma delícia. Já estou de roupão fumando e rindo das minhas merdas quando Sullivan entra de repente do quarto.
- m***a! - falo alto por causa do susto. - c****e, você está louco?! Quase me mata. - ponho a mão no meu peito e me sento na cama.
- Me desculpe, não era para eu ter entrando assim. Aqui está suas roupas. - ele me entrega uma sacola.
- Tenho que ir embora agora mesmo? Aqui está tão bom. - me jogo para trás na cama e depois me viro em sua direção. - Henry disse que eu podia.
- Bem, ele me pediu para levá-la a um parque de diversão que acabou de abrir na cidade.
- O que tem aquela montanha russa gigante? - meu Deus, eu quero berrar! Sara e eu estávamos falando em ir nesse parque há dias! Sullivan afirma com a cabeça. - Seu amigo é um filho da p**a do c*****o, Sully! - grito enquanto saio correndo ao banheiro.
Já estou sentada no carro indo em direção ao parque, empolgada feito uma criança pequena. Eu não odiava mais tanto o Henry assim.
Sullivan está calado dirigindo. Decidi que ficaria usando o vestido. Antes de ir para casa eu colocaria o uniforme do colégio.
- Henry me falou que vocês são amigos. - decido puxar assunto.
- Ele fala demais. - o "ogro" responde grosso. Ah, não vou ficar calada, não.
- Cara, você tem algum problema comigo?! Vai a m***a!
Jogo aquilo fora e viro para o lado da janela, emburrada. Queria jogar ele para fora do carro. Fico tão chateada que quando a gente chega eu nem me importo. Apenas saio do carro e vou andando na frente até uma mão segurar meu braço e me fazer parar. Sullivan. Não quero nem olhar para ele.
- Me desculpe. - sua voz sai baixa, mas muito clara. - Eu não concordo com o relacionamento de vocês dois. Sou amigo da esposa dele também, e padrinho dos seus dois filhos. Eu fico chateado com toda essa situação. Mas... Não é motivo para que eu te trate m*l. Então... Sinto muito.
Ele soou sincero. Me permiti olhar no seus olhos enquanto ele falava, eles estavam repletos de verdade, então amoleci.
- Vou pensar no seu caso. - Ah. Eu gosto de ser malvada.
Solto um sorriso e vou andando sendo acompanhada por ele que provavelmente estava se sentindo culpado.
Fui em todos os brinquedos que pude, sozinha. Acabei fazendo amizade. Quando não se trata das pessoas do colégio eu consigo ser bem comunicativa.
- Está bom por hoje, não? - Sullivan se levanta do banco que havia ficado a noite inteira quando me vê se aproximando, com meu algodão doce rosa.
- Sim. Estou cansada.
- Ótimo. Vamos. - ele começo a andar. Penso em algo.
- Sully! - ele se vira - Você trabalha com o quê?
- Sou policial.
- Ótimo! Tenho uma missão pra você.
- Uma missão? - ele vem se aproximando.
- Sim. Missão: Conseguir O Perdão da Garota Bonita. - e é a primeira vez que o vejo sorrir. É fofo.
- Você é inacreditável. - ele joga a cabeça para trás, sorrindo.
- Vai aceitar ou não, grandão?
- Aceito.
O levo até uma barraca de tiro ao alvo e digo meu d****o: uma baleia de pelúcia. Meu animal preferido. Vejo Sullivan acertar no primeiro tiro. Era quase como roubar.
- Perdoado? - ele me entrega o bichinho.
- Perdoado. - solto um sorriso e dou-lhe um beijo na bochecha que o deixa surpreso.
Saio do parque contente; com minha baleia de pelúcia e um Sullivan menos chato. Mando uma mensagem pra minha mãe, avisando que já estava chegando.
- Se importa se eu trocar de roupa aqui? Minha mãe n******e me ver com esse vestido. - pergunto quando já estamos dentro do carro. Sullivan não me olha com aprovação. - Qual é! É tão difícil assim para você vê uma mulher de roupa íntima?
- Você não é uma mulher, é uma garota. Uma garota menor de idade que está no carro de um policial maior de idade.
- Vai ser rápido, Sully. Eu prometo.
Ele bufa e eu acredito que seja um bom sinal. Ele me ajuda com a parte de trás do vestido novamente e tenta evitar o máximo olhar enquanto me troco.
- Obrigada pela tarde maravilhosa, Sully. Foi ótimo. - digo quando ele estaciona o carro em frente a minha casa.
- Se cuida. E para de me chamar de Sully.
Findo rindo, beijo sua bochecha e saio do carro.
- Boa noite, Sully! - falo alto enquanto ando em direção a minha porta.
Já está tudo escuro. Mamãe provavelmente já estaria dormindo. Vou até a cozinha e tinha um pedaço de bolo de chocolate esperando por mim. Subo as escadas cantarolando baixo enquanto como o delicioso pedaço. Entro no quarto e sou pega de surpresa.
Tinha me esquecido totalmente que o tinha convidado!
David está em um sono gostoso em cima da minha cama. Provavelmente acabou adormecendo enquanto me esperava. Acho graça daquilo. Tomo banho e me deito ao lado dele. Fico olhando-o na esperança que acorde para poder ir para casa, mas acabo pegando no sono também.