Mudança de hábitos

2240 Words
Como bem vimos, Mariana estava conversando com os outros policiais da delegacia enquanto demostrava conhecer bem o caso. — Hoje é o quinto dia depois do último assalto, como sempre, ele irá comentar em algum site que somos incompetentes com todas aquelas palavras clichês de romances antigos. Os policiais riram. — No sétimo dia depois do assalto, ele irá falar o que vai roubar e quando acontecerá. Já sei disso há meses, estou cansada dessa balela dele. Quem quebra o clima, é Carlos que entra na sala ferozmente. — Já viram o Site Q1? NÃO? — O que houve? — questionou Mariana. Carlos apanhou um notebook e acessou o site enquanto falava. — O Ladrão de Quinquilharias disse que o próximo assalto será no Museu de Arte Moderna. Os outros policiais ficam se perguntando onde é. — Ele fica no Parque do Flamengo. Mas que droga, vocês tem faculdade mesmo? Não frequentam museus? — reclamou. Mariana se sentou assustada. — Mari, ele mudou o hábito, vocês sabem o que isso significa? Os outros policiais estavam se perguntando o que isso significaria, mas Mariana levantou confiante. — Ele perdeu a cabeça com algo, um ladrão tão meticuloso como ele, pra mudar a rotina, está desesperado com alguma coisa! Vamos pega-lo! Carlos a encarou enquanto todos os outros policiais da sala ficam maravilhados com a inteligência de Mariana. Não sabiam que aquilo poderia significar isso. — Equipe, vocês todos veem comigo, vamos traçar a segurança. E lá se foi Mari com os subordinados saindo pela porta da sala. Carlos é o último a sair e ficando de pé enfrente a porta, começa a conversar com o Bruno que está encostado na parede ao lado. — Sobre a questão da quebra de hábito. Você sabe o que isso realmente significa? Bruno balança a cabeça negativamente. — Sim, que ele está acuado ou preocupado com algo, animais ferozes quando ficam assim tendem a não seguir um hábito, ele será mais violento, mais agressivo. — Ainda bem que você entendeu. — Vou traçar a segurança da segurança. Dito isso, Bruno caminhou para o outro lado da Delegacia e um grupo com outros policiais o acompanha. Vemos que Carlos tenta manter a ordem no meio deste caos, pois enquanto Mari tem o foco no Ladrão, Bruno é quem cuida da segurança de todos. A equipe é muito desunida, mas funciona. No lado de fora, a caminho do Museu, dentro da viatura, Mariana estava conferindo o colete e as balas, mas, obviamente estava pensando enquanto olha para as nuvens passar. “Amanhã à noite, você não me escapa”. Voltando para o lado ímpio da Cidade. Os três patífes haviam acabado de encerrar uma das últimas reuniões. Fernando apanha sua bolsa atravessada, satisfeito com a situação. — Estamos cientes disso? Todos entenderam o plano? Os outros dois balançam a cabeça. — Espero que dê tudo certo. — Confia mesmo que essa mudança nos planos dará certo? — Ela tem que dar, eu não sei o que fazer se ela não der. — confirmou Fernando. O dia passou rápido, geralmente é o que acontece quando estamos próximos de algo escandaloso que está para acontecer. Nossos personagens, tanto os heróis quanto os vilões, se preparam para o objetivo distinto que tinham. O dia seguinte, obviamente, demorou a acontecer, pois é o que de fato rola quando estamos esperando algo acontecer. Quando a noite cai, o Museu fica rodeado por policiais militares. A inteligência da polícia civil tem um cômodo só pra ela, num lugar destacado dentro do lugar. Carlos e Bruno estão sentados com o Dono do Museu, conversando sobre a segurança dentro de uma sala tomada pelo apoio Tático da Polícia Civil. As coisas parecem fluir muito bem, todos estão atentos e ligados para o menor detalhe. Mariana entra na sala com sua roupa do tempo que fazia o mesmo apoio tático. Neste grupo, foi onde ela começou dando o seu primeiro ponta pé e cresceu dentro da Civil. A Maria era do apoio tático? — perguntou Carlos. Sim, tem uma média boa no tiro e sabe alguma arte marcial, acredite, ela não é boba. — completou Bruno. O velho dono do Museu, a encara. — Eu ainda não confio em deixa-la por ai comandando os quatro cantos do meu Museu, por que um de vocês não faz isso? Carlos lhe olha atravessado. — Além de ela ser totalmente capaz e segura de si, foi dela a ideia de substituir as obras de arte por réplicas, colocar algumas dentro do blindado da Civil lá embaixo, outros em uma sala aqui do lado e as demais no cofre. Somente nós três e ela sabemos do plano, das possíveis contenções, as rotas de fuga e os oito planos reservas. — rebateu Carlos. — Ela pessoalmente fez tudo usado pela criptografia da Polícia Civil, desta vez ele vai cair na teia dela, não existe alguém melhor pra caça-lo do que ela. — confrontou Bruno. — Está claro, Senhor? — agrediu ela. — Sinceramente? Ela é a única coisa que me preocupa, pois mesmo que vocês venham a falhar, este local é uma verdadeira Fortaleza, era a residência oficial na Capital do Rio de Janeiro do Marechal Deodoro da Fonseca e foi criado única e exclusivamente apenas para mantê-lo seguro. — respondeu o velho. Ele realmente se orgulhava de manter um Museu dentro de uma Fortaleza. Mariana se retira da sala irritada com o velho. Carlos e Bruno, um pouco mais sábios e experientes, justamente por saberem dosar os ânimos, ficam e continuam com o plano. Os Policiais Militares estão dispostos do lado de fora do Museu em diversas equipes escolhidas meticulosamente pela Mariana. São quatro atirados da PM e um investigador júnior da Polícia Civil como o líder da equipe. Eles haviam acabado de jantar, foi pizza. Tudo ia bem e a ‘resenha’¹ entre eles começava. — Acham que tem algum infiltrado? — Dentro de nós? Não, mas quem sabe dentro da Polícia Civil. — brincou. O Policial Civil tomou aquelas palavras atravessadas como insultos. — Se houver algum traidor, com certeza ele usa azul e é um dos porcos fardados da PM. O clima esquentou. Mariana sabia disso, ela entende que se o Ladrão demorasse a agir, as equipes iriam acabar brigando, pois a rivalidade entre as duas corporações é grande. Após a resenha, um dos PM's chama no rádio. — EQ0, EQ0, aqui é a EQP, em nossa patrulha periódica, notamos que a equipe da Esquerda foi atacada, eles possuem ferimentos superficiais com golpes de faca e não disparar nenhum tiro sequer. Bruno, líder da EQ0, se levanta enfurecido saindo para checar. — Onde estão as plantas do lugar? Eu quero revisar algo. — questionou Mariana. O velho dono apanha e joga na pequena mesa de centro. — Por que não mencionou o fato de ser uma pequena Fortaleza antiga antes? — Não é importante. Mariana grita visivelmente irritada enquanto checa a arma e as munições. — Fortalezas militares em solo nacional constituídas na época de Dom Pedro II eram construídas para terem uma rota de fuga secreta caso o Forte fosse tomado pelo inimigo. O velho se assustou. Mari apanha alguns subordinados e corre para fora com Carlos. Ela correu a um local, próximo da entrada que tem no meio do jardim atrás do Museu. Mari liga a lanterna e nota que existem marcas de sapato pisado na lama. “Eu sabia”. — pensou. Tiros são disparados a direita, Carlos se manifesta. — Fique aqui com dois, irei para o outro lado, vem um comigo. — Esperem. — exclamou. Carlos lhe encara. — Isto é claramente uma armadilha, ele não pode ter cruzado o Museu da esquerda para a direita, tão rápido e sem ser visto. Algo está acontecendo. — completou. — Eu sei disso, mas alguém precisa agir. — Então haja com inteligência! — brigou. —Mariana, faça o que bem entender, mas não morra. Você é mais inteligente do que nós e precisamos de gente assim na corporação. Se alguém vai prendê-lo será você! — completou Carlos. Ele saiu correndo com um dos subordinados enquanto Mari ficou de frente para a entrada. Mariana serenamente guarda a pistola enquanto pensa consigo mesma sobre uma solução mais tranquila e segura. — Queridos, podem acompanhar o Bruno, não quero que o alto escalão fique desprotegido, ok? — Mas enquanto a Senhora? — Eu não sou burra, não agirei só, podem ir. — respondeu. Os subordinados que estavam em sua posse, foram atrás do Bruno. Mariana, agora só, decide fechar os olhos o pensar na situação como um todo. “Porque essa rota mais fácil? Ele não sabe dos esquemas de segurança e não roubou nada. Por que entrou e saiu apenas para nos desafiar? Tiros na Esquerda e na Direita, os PM's estão vigiando, a inteligência atenta e eu estou atrás do Museu. Tudo está bem seguro e nada foi levado. Qual o motivo disso? O que ele quer?” Mariana tem um estalo de inteligência e corre em direção à frente o Museu. Encarou a entrada e notou as ruas mais abertas, notando assim um imenso estacionamento. —Te achei! Acredite se quiser, pois lá estava, o Ladrão de Quinquilharias Mascarado, bem em frente à Mari usando roupas escuras, luvas negras segurando uma enorme sacola. — PARADO! — Isso realmente funciona? Alguma fez um bandido parou só porque o policial mandou? — Você se acha inteligente demais, mas as coisas são falsas, eu não sei como as roubou, mas são quinquilharias falsas. O Ladrão sorri e então arremessa o saco encima de uma Pick-Up com cara de espanto e descrente de que ela tenha passado a perna dele. — Sinceramente? Isso não me assusta, o que me põe medo é que além da Senhorita, ninguém veio ao meu encontro, então como me achou? Mariana sacou a pistola e o encarou. — Você é muito inteligente e ousado, sabia que assistiria tudo isso, esse devaneio todo de frente e quando derem mole ou você se enchesse, iria embora de carro. O Ladrão gargalhou. Pareceu aqueles vilões dos anos oitenta. — Mas hoje você se perdeu, mudou seu próprio protocolo e está desarmado mais uma vez na minha frente. — completou Mariana confiante. — Se você diz né? — Renda-se. Ela estava certa de que o pegaria e que dessa vez, não dava para escapar. Mas atrás dela, estava de pé outro Ladrão de Quinquilharias Mascarado! Mariana se assustou com o barulho dele e se volta, ficando confusa ao ver dois deles, a situação piorou quando ao ficar de costas para o primeiro, ele a engravata e apanha sua arma. Tendo ela como refém, ele aponta para o Segundo Mascarado que o chama de falso. “Que p***a é essa que está acontecendo?” Ela sabe que nem em sua pior teoria, isso aconteceria. O Segundo Ladrão joga a arma para longe. — Você tem estilo, imitador, então se me copiou tão bem assim, sabe que não uso armas. O Primeiro Ladrão joga a sua para longe também e solta Mariana, incrédula. Eles vão para a pancadaria, rolando no chão como dois adolescentes brigando, aliviando suas raivas com socos fortes e agressivos. Num dado momento da luta, ao perceber que perderia, O Segundo Ladrão saca aquela pistola do calcanhar. — Estilo 007 não? Posso ser desarmamentista, mas não sou burro, você é mais forte, não iria para essa briga desarmado. Mas antes de atirar, Bruno aparece dando tiros de aviso. O Segundo faz o mesmo enquanto entrava num carro. Mariana, que estava no fogo cruzado, não foi baleada por que o Primeiro levou um tiro por ela. O Segundo Ladrão, de dentro do carro grita pra Bruno. — Vamos, me deixe ir e eu não darei uns tiros na Detetivezinha. “Que linguajar estranho”. — pensou ela. Mari encara o Primeiro Ladrão que levou um tiro por ela no chão ensanguentado. Bruno grita. — Você pode até ir, mas iremos te pegar, sabe quantos carros sairão daqui atrás de você? O Segundo Ladrão grita enquanto mostra pra ele um celular. — Sei sim Detetive, apenas um! Ele aperta um botão e das redondezas do Museu, Carlos ouve um sutil toque de celular. —Abaixem-se! — gritou Bruno no rádio comunicador. E todos os carros da PM explodiram de dentro dos motores. Um grande barulho é feito no interior do Museu e um blindado da Polícia Civil sai cantando pneu! —Droga, era o blindado com alguns dos artigos verdadeiros! — comentou Carlos. O Segundo corre na frente com a Pick-Up que estava a sacola que o Primeiro jogou. Sendo seguido logo atrás pelo blindado da Civil. Os dois correram pelas ruas do Rio de Janeiro sem levantar suspeitas. Mariana algema o Mascarado em seu colo, chamando-o de Primeiro e tirando sua máscara. Adivinhem só? Não é nada mais, nada menos que Fernando Tavares! Carlos e Bruno se aproximam, querendo entender o que estava acontecendo. — Vamos para Delegacia, acho que este aqui tem muito a explicar! Fernando entra numa ambulância, outros carros dos policiais que ficaram na Delegacia chegaram para resgatar e avaliar a situação. Mariana pede pra quatro PM’s acompanharem o suspeito na Ambulância com uma viatura escoltando-a. Ela para outra viatura e pede para Bruno e Carlos a acompanharem. Antes que Bruno comece com seus questionamentos, Carlos o empurra para a viatura, Mari assume a direção e dirige em direção à Delegacia.
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