Cap 08

948 Words
* Anastácia * . Passei um sufoco com os bebês nos últimos dias, achei que perderíamos eles, mas ainda bem que não. . Marcos está sendo minha principal fonte de preocupação no momento, não consigo pensar em outra coisa a não ser tudo que vi naquela gaveta e o modo com que ele me tratou. Dona Vera nunca me fala nada, parece estar sempre ao lado dele, enquanto eu fico no escuro sem saber nada. . Amanheci com os bebês pulando em minha barriga, e com uma fome danada, me arrumei, coloquei um vestidinho solto, e desci para o café da manhã. Dona Vera me esperava com pães quentinhos, pão de queijo, bolo de chocolate e café com leite, sem contar as milhares de frutas que tinha na mesa. . - Bom dia!!! - Marcos fala lendo seu jornal. - Bom dia! - falo. - Que delícia esse café! - falo sorrindo para Vera. - Fiz com muito carinho para vocês! - Hoje é um dia especial! - dona Vera fala sorrindo. Estranho. - Dia especial? - pergunto. - Sim, hoje é aniversário do senhor Marcos! - fala. - Sério? - falo sorrindo. - Vera, não tem que estar comentando! - ele fala bravo. - Hoje é seu dia senhor, e agora você tem os seus filhos, precisa comemorar! - fala sorridente. - Não comemoro mais! - fala levantando da cadeira. - Senhor! - ele sai bufando e vai direto para o escritório. - O que houve com ele? - pergunto. - Ele não está em um bom dia! - Todos os aniversários ele faz isso! - fala. - Ele deveria estar comemorando, é mais um fechamento e início de ciclo, tem pessoas que não dão valor para a própria vida! - falo me sentando sobre a mesa e servindo meu café. - Ele deveria comemorar, estar vivo e bom! - E ele já passou por tanta coisa - ela fala com um olhar triste. - Como assim? - pergunto franzindo meu cenho. - Nada não! - fala e sai. Tomo meu café na companhia dos meus bebês. Assim que termino vejo que Marcos não saiu do escritório, então descido ir até lá. Bato na porta antes de entrar. - Entre! - fala. - Porque você é assim? - Tão duro? - pergunto. - A vida me fez ser assim! - fala com rancor. - Marcos, eu não sei o que aconteceu com você e também não estou aqui para tentar mudar você, mas quero que saiba que agora, você deve sim, comemorar a sua vida, porque agora você tem duas vidas totalmente dependentes de você, estar vivo é uma benção! - Você já parou para pensar quantas pessoas estão sofrendo em um hospital? - Lutando para viver? - pergunto. Marcos me olha com um olhar perdido. - Vai por mim, eu sei muito bem o que é isso! - Agora por favor, me deixe sozinho! - ele fala. Vejo o seu olhar triste, saio imediatamente e sigo para a cozinha. Tem alguma coisa que não fecha. . Marcos saiu para o trabalho, enquanto eu ainda preciso descansar, decido fazer um bolo de chocolate para ele, de aniversário. Dona Vera me ajuda, mesmo achando que ele irá brigar. . - Porque está fazendo isso? - dona Vera pergunta enquanto faço o recheio do bolo. - De onde eu venho, agente comemora nossa vida, e eu quero que isso seja sempre assim, quero que os meus filhos vejam um pai feliz! - falo. - Nunca ninguém mudou a cabeça dele, você acha que você pode mudar? - pergunta. Sorrio. - Acho! - Marcos está mais sensível comigo e eu tenho certeza que ele irá gostar do bolo! - falo convicta que sim. . O bolo ficou pronto, e eu deixei em seu quarto, assim que vi o carro entrando no pátio, coloquei alguns docinhos também junto, e uma vela. Fiz questão de deixar um bilhete escrito “se não quer comemorar a sua, então comemore a nossa vida papai!” E dois corações. . Ouvi seus passos indo para o quarto, e logo depois tudo em silêncio. Enquanto estou me vestindo para dormir, ouço uma batida na porta. . - Entre! - falo. - Acho que esse bolo é um pouco grande para mim! - ele fala com o bolo na mão. Sorrio. - Obrigada Anastácia! - fala. - Não precisa agradecer, de onde eu venho, agente comemora cada aniversário! - falo. Ele inspira profundamente. - Eu deveria sempre fazer isso, mas nunca faço! - fala. Olho para ele, ele põem o bolo encima da penteadeira, senta ao meu lado e inspira profundamente. - Agora você tem um motivo para agradecer! - Aliás dois! - sorrio. Marcos me olha com um olhar brilhante e abre um sorriso largo. Ficamos nos olhando por alguns segundos, e logo ele volta a fechar a cara. - Vamos comer o bolo - fala. Comemos o bolo, e os bebês já estavam pulando dentro da barriga. - Que delícia! - Nem a Vera faz igual! - Marcos fala com a boca cheia. Sorrio. - Aprendi na internet - falo rindo. Ele começa a rir de mim. - Sério? - Achei que você diria aquelas frases clichês, como “aprendi com a minha mãe ou avó” - fala. - Ahhh isso não! - falo. - O que foi? - Falei alguma coisa que não deveria? - pergunta. Levanto da cama e olho para a janela. - Não! - falo. Me encolho na janela e fico olhando para a lua. - Aqui o céu é lindo! - Marcos fala se aproximando de mim. - Sim - sorrio - As estrelas são mais brilhantes! - falo.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD