* Marcos *
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Anastacia teve infelizmente um deslocamento de placenta, raro da idade gestacional que ela está, então precisou de repouso por alguns dias, logo após ganhou alta médica e pode voltar a fazer tudo que gosta.
Durante esse processo e que processo, eu pude ser mais coração, pude sentir o medo em seus olhos e o quanto ela deseja ter nossos filhos, por mais que o embrião seja meu, por lei, ela os carrega com amor e carinho, nutrindo e os amando. A parte fácil é minha, só cuidar, mas a parte mais difícil é a dela, principalmente por gerar vida, e dar vida a duas crianças, sobre o maternal, o carregar, enfim, são inúmeras dificuldade que o fazem dela uma super mãe, uma super mulher, e uma super pessoa. É claro que Anastácia não sabe nem da metade disso e não quero que ela saiba, pois o único vínculo que quero com ela são meus filhos.
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- Como você fará quando os bebês nascerem? - Guilherme pergunta.
- Quando eles nascerem irei cuidar deles não é? - pergunto.
- Sim, mas e a Anastácia? - pergunta.
- Ela continuará morando comigo, e cuidando dos bebês! - falo.
- Isso é estranho, como você ficará com uma mulher que não é sua? - Dentro da sua casa, sem tocar nela! - fala.
- Eu a tratarei apenas com a mãe dos meus filhos Guilherme, e ponto! - falo já irritado.
- Tudo bem Marcos! - ele fala debochando e saindo da minha sala.
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As palavras de Guilherme me deixaram transtornado, pois eu nunca parei para pensar que o parto dos gêmeos está próximo e que não sei ainda como irei lidar com a Anastácia.
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Chego tarde em casa, vou até o seu quarto e ela dorme, sento-me próximo a ela, olho para o seu barrigão lindo, e sinto algo diferente em meu coração.
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- Oi - ela fala com uma voz de sono.
- Não queria acordar você! - falo.
- Tudo bem, já dormi bastante! - ela fala.
- Mas é tarde, você precisa dormir mais! - falo.
- Estou com dor nas costas, não consigo ficar deitada muito tempo, os bebês estão pesando cada vez mais e eu não consigo achar uma posição certa para dormir! - fala.
- E se colocar um travesseiro do lado da sua barriga apoiando, não fica melhor? - pergunto.
- Já tentei, mas não consigo dormir! - fala.
- Tudo bem, então sente-se, não quer comer nada? - Eu preparo para você! - falo.
- Desde quando sabe cozinhar? - ela fala com um tom de deboche.
- Você não sabe muitas coisas sobre mim! - falo.
Ela sorri com um ar de deboche.
- Não sei mesmo! - completa.
O clima fica pesado, descido convidar ela para me ajudar a preparar, ela concorda.
- Vem eu te levo! - falo.
- Eu posso ir sozinha! - fala.
- Não! - Eu levo você no meu colo! - completo.
Ela concorda com a cabeça, pego ela em meus braços, sinto seu cheiro, sua respiração e seu olhar.
- Não me olhe assim! - ela fala.
Me desconcerto todo olhando para ela.
Volto a si e desço até a cozinha.
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Anastácia fica sentada enquanto eu preparo o molho e o macarrão.
- O cheiro está ótimo! - ela fala.
Sorrio.
- É uma receita de família! - falo.
Assim que termino de preparar, sirvo Anastácia e eu, comemos e ela adora meu macarrão.
- Nunca comi algo tão bom! - fala.
Abro um sorriso de lado.
- Anastácia eu, eu te devo desculpas, por ter sido grosso com você aquele dia, você está grávida e não deveria ter tratado você daquela forma! - falo.
- Eu estou grávida e não doente, e você errou sim, mas eu não deveria ter mexido em suas coisas! - fala.
- Anastácia - seguro sua mão - Preciso que você entenda, que não te quero m*l, eu só quero te ver protegida e proteger meus filhos! - falo.
- Como assim? - ela pergunta.
- É uma longa história, você só precisa entender, que aqui você tem proteção, fora daqui não, eu consigo te proteger só aqui, fora daqui eu não consigo! - falo.
Ouço sua inspiração profunda.
- Porque nunca me contou nada sobre sua vida? - pergunta.
- Porque você não deve saber, prezo pela sua segurança e a dos meus filhos! - Então é melhor que não saiba! - falo.
- É algo muito errado? - ela pergunta preocupada.
- Você não precisa saber e nem merece! - Agora vamos, vamos pro quarto, para você e os bebês descansarem! - falo.
Anastácia fecha a cara na mesma hora, mas entende e faz o que eu peço, levo ela pro quarto e vou arrumar as coisas que deixei sujas na cozinha. A todo instante penso no seu olhar triste e em tudo que fiz a ela nesses últimos dias.