CAPÍTULO 3

3025 Words
Judy sentiu o vestido ser amarrado, sentiu seu corpo moldado, o vestido deixava seus s***s maiores, não dava para escondê-los. - Estou um tanto nervosa - A mulher amarrou e ajeitou a saia do vestido. - A senhorita vai se sair bem, pessoas boas merecem coisas boas, lembre-se disso senhora - Judy ajeitou o penteado e viu o coque esplêndido que Tessa havia feito, era simplesmente maravilhoso. - Como aprendeu a fazer esses penteados, é incrível - A mulher sorriu. - Cuido das moças deste Palácio a muito tempo - A mulher deu um passo para trás e olhou para a garota vestida. - Você é linda e tem os olhos atentos do senhor Theodor, ele era uma ótima pessoa. - Já sabe quem eu sou? - Corre pelo Palácio a notícia. - Você o conheceu? - Perguntou. - Ele sempre cumprimentava os criados e sempre estava por perto para quem precisava de ajuda, mesmo sendo de uma posição inferior que ele. Você tem um pouco disso, uma pena que não conheceu ele, você faria dele seu herói. Quando abriu a boca para responder escutou a batida da porta. Tessa se afastou para abrir a porta, assim que abriu uma nova figura se revelou diante Judy, uma mulher, alta de vestido cintilante , olhou para a mulher que deu passos até ficar diante dela, analisando a garota dos pés à cabeça. Judy saiu do transe e aí fez o cumprimento real. - Não precisa disso, senhorita - A voz da mulher era refinada. Era a rainha , a doce e adorada rainha do condado inteiro. - Vi conhecer a senhorita e também a acompanhou para a sala onde será lido o testamento. Ela balançou com a cabeça e deu um passo à frente, a rainha estava emocionada com aquela garota, como tinha traços dele nela, perder um filho não era fácil, pensou ter vivido muito em seis décadas, mas não, a morte do filho mostrava isso. - Você me lembra ele, seus olhos, seu rosto - Por um segundo a mulher se aproximou e tocou a pele dela. - O modo de olhar. -Eu sinto muito - Foi o que Judy conseguiu dizer a majestade e assim dar um sorriso, viu lágrimas nos olhos dela, não queria ver a rainha chorando diante dela. - Uma vez li que diante a morte precisamos mostrar que vamos viver até o último dia de vida, chorando só por coisas boas. -Theodor dizia que o único direito... - O único direito que temos é a vida. A rainha sorriu, afastando qualquer vestígio de tristeza, dando sinal a uma luz, uma luz que também havia pego o rei, seu marido. - Não podemos atrasar senhorita, o tabelião nos aguarda - A mulher pegou o braço dela e passou por debaixo dela. Judy sussurrou tchau para Tessa e seguiu caminho a fora, atravessando e andando dentro daquele palácio. - Como passou a noite? - Bem, muito bem - Diante os corredores havia obras, isso até chegaram em uma porta que foi atravessada e deram de frente a um jardim, passou entre os corredores olhando todo o jardim, era incrivelmente bonito e planejado cada peça nele. - Esse jardim é lindo. - Na primavera ele floresce. - Daria um bom desenho. - Você desenha? - Parecia banal a rainha perguntar isso, mas sentiu vontade. - Um pouco, gosto mais da pintura, mesmo que para um bom quadro o artista deve estar apto ao desenho e a criatividade. - Poderia me acompanhar a Mônaco para uma exposição - Ela sentiu a leveza das palavras, ela já havia recebido o mesmo convite do rei e tinha noção que aquilo era aproximação. Ela não tinha e nem queria aproximação. - Claro, se você quiser. - Obrigada pelo convite - Falou e entrou em uma porta que deixava o jardim distante e colocava as duas em um corredor. - Aqui é enorme. - Sim, enorme, mas sala que moradores ou criados - Houve um sorriso da parte dela, um sorriso doce e delicado. Foi aí que pararam diante uma porta, uma porta enorme de madeira, tinha dois guardas diante delas. Judy sentiu um breve medo. Na verdade, um enorme medo dela. - Pronta? Ela balançou a cabeça, os dois guardas abriram as portas, que dava para uma sala enorme, com uma mesa com exatamente 25 lugares, onde estavam preenchidos por mais de uma dúzia de pessoas. Judy entrou ao lado da rainha, com um pouco mais de doze pares de olhos olharam para ela, ela conhecia o rei e o rapaz que quase havia quebrado o nariz dela. Todos olhando para ela, homens e mulheres, bem vestidos, todos sendo da realeza. A rainha encaminhou-se até o lado do marido, onde havia os dois lugares, indicou o acento e Judy se sentou, calma e se sentindo observada. Ela odiava aquilo. - Senhor Perrez, podemos começar. O tabelião era um senhor de quase setenta anos, usava um óculos fundo e tinha um baú em mãos, retirou dois envelopes lacrados com a marca do Theodor fechou o baú e trancou, indo de encontro a garota e entregando a caixa de madeira a ela, junto com a chave e um envelope. - Leia a carta deixada e você vai entender o conteúdo. - Obrigado - Judy olhou para o baú e para o envelope, havia uma frase em francês e ela leu baixinho. Para a minha filha. As coisas começaram a ficar complexas, mas ainda havia mais coisa em um envelope, aquilo seria chocante. Não somente para ela. Havia naquela mesa 14 pessoas, apenas 13 da realeza. Judy. O rei e a rainha. Franco é o segundo filho do rei, acompanhado da esposa Meredyt e os filhos Sebastian e Casandra. Violet é a filha do meio do rei, a única mulher, acompanhada de seu marido Ray e a filha Suzane e os filhos Josep e Joaquin. Charlie o filho casula, sem mulher e sem filho, sozinho. Todos sabiam que faltava o primogênito do rei, mas agora tinha a filha dele, diante a realeza da primeira linhagem dos Castely. O tabelião abriu o envelope e retirou o testamento. - O documento está sob a vontade de Theodor Castely - Começou, Judy quis por um segundo para aquilo, mas ficou quieta. - O testamento foi registrado e modificado a dois anos atrás, sendo escrito em língua francesa. Quatro pessoas teriam problema com aquilo, eram Suzane, Josep, Joaquin e Casandra. Eles já não serviriam para nada ali, então os quatro, como combinado, se levantaram e saíram da sala, satisfeitos por não participar daquilo. - A garota não fala francês, temos um problema aqui - Judy olhou para o homem de barba ao lado do rapaz que quase quebrou seu nariz. Ele também olhava para ela, analisando o testamento. Era um homem com cara de mau. - Judy - Ela olhou para o rei e depois para o tabelião. - A língua é de meu conhecimento - Houve surpresa de todos ali, o tabelião começou com a leitura. - Esposas e maridos devem sair, ficando as pessoas citadas a seguir - O tabelião ajeitou os óculos e prosseguiu- Os pais, três irmãos, juntamente com a filha legítima dele - O tabelião fez outra pausa, pegando um papel de dentro do envelope e estendendo diante de todos. Era uma certidão. Judy engoliu a surpresa e reconheceu de longe a assinatura da própria mãe.- Apresento o registro oficial de Judy Castely Galhasso, filha de Joany Galhasso e Theodor Castely. O tabelião passou o documento até a garota e esperou ficar em sala somente quem havia sido autorizado, sendo reduzido tudo para 5 pessoas, 6 com Judy. Judy era registrada. Ela tinha um pai em seu documento oficial. - Começamos então com a leitura do testamento de Theodor Castely - O tabelião se sentou na cadeira, Judy olhou para ele. - Escrevo esse testamento de acordo com a minha vontade, sabendo que a vida é o único direito que eu tenho. Judy deve estar na sala, sem saber a proporção do meu amor por ela, estou na França, mas as mulheres que eu amo não estão comigo, eu disse que o único direito que eu tinha era a vida, embora eu nunca tive o direito de ficar com o amor da minha vida e ver minha filha cresce. Pai e mãe vocês nunca deixaram nos sermos felizes, mas eu também não me casei com outra, minha mulher era ela, a plebeia proibida, que me deu um garotinha linda de olhos negros - Judy sentiu um buraco se formar em seu peito. Olhou para o rei e a rainha, vendo o olhar arrependido dos dois. - Descobri a morte dela, eu estou lembrando dela nesse exato momento, ela tinha paixão, não tinha ganância como as outras. - Meu deus! - Violet, a irmã estava com os olhos cheios de água, lembrando do irmão e de todas as madrugadas que ajudou ele a sair. O tabelião fez uma pausa antes de continuar. - Quero que conheçam minha filha, ela foi criada longe, com princípios que eu sempre lutei para manter, até na hora da minha morte, junto com a mãe dela - Judy estava com as mãos embaixo da mesa, elas estavam fechadas, geladas. - Ela receberá meu nome, cada título meu, ficará com todos os meus bens e com o dote definido por mim. Quero dar tudo que tenho, dentro da minha vontade, a minha filha Judy Castely Galiasso. Todas as terras ao leste, ao norte e ao sul, menos a casa do lago, que deixo a Violet, ela ama essa casa e sei que me faria viver de novo para me bater. Deixo a Charlie todas as relíquias conseguidas por mim e ele, juntos. Queria deixar algo para você Franco, mas você iria queimar, certo irmão? - Isso é ridículo - Franco se levantou da cadeira e saiu às pressas da sala, nervoso e rápido. - Aqui é a minha vontade antes da morte, claro isso aqui só me interessa oficializar minha filha e o que ela merece. Proporcionei a ela todo tipo de educação, para ela saber o que fazer quando chegar no dia de hoje, aceite moça, isso é seu, quero que faça um túmulo decente a tua mãe, meu corpo junto ao dela, na morte pelo menos a gente tem direito de escolher filha. Leia a carta, nela e no baú tem o inventário, minha história, cada parte de mim. E depois, saia desse Palácio e viva longe, só assim vai ser feliz sendo quem você sempre foi. Judy estava aterrorizada, não conseguia dizer nada, nenhuma palavra saia da sua boca. Quis chorar. Mas chorar diante deles? Ela ia seguir o que estava no testamento, da maneira dela, do jeito dela, porém, longe de tudo aquilo. Judy se levantou com as pernas trêmulas, diante todos, olhou para a rainha que chorava em silêncio e para a Violet, que também esboçava choro. Se aproximou do tabelião. - O que faço agora? - Toma posse, de todos os bens,estou com quase todos os papéis prontos - O homem falou. - Você deve usar a nova certidão. Judy pegou a pena na mesa e mergulhou no tinteiro, anotando as coordenadas até sua casa. - Me procure - Ela voltou até seu lugar na mesa e pegou o pequeno baú nos braços, o rei pela primeira vez ficou imponente diante a garota. - Foi um prazer. Não, não havia sido. Havia sido forçada a ir de encontro repentino. - Você está com raiva de nós, Judy? - A rainha perguntou. - Ainda é cedo para eu falar majestade, se me derem licença. Judy saiu da sala, de forma calma e completamente anestesiada com tudo aquilo, olhou para um guarda e tentou não deixar o maldito baú cair. - Onde é a saída? - Perguntou rápida. - Judy? - Se virou e viu o rapaz da porta. - Posso ajudar? - Preciso ir embora para casa, minha casa - Sebastian olhou para a expressão de Judy, uma expressão completamente assustada. - Onde fica a saída, por favor. Sebastian sabia que tinha alguma coisa errada e só queria poder voltar a ver a calma no rosto dela, então pegou o baú da mão dela e olhou firme para ela. - Eu levo você para casa. Ele realmente faria, era o mínimo a fazer pela garota que ele quase havia quebrado o nariz, mas também ajudaria a sanar as curiosidades dele, plenamente. Na carruagem o silêncio reinou depois de entrarem, Sebastian ficou calado, apenas deu as coordenadas para o cocheiro. Estava de frente para uma prima, mas aquele pensamento não o atrai, nenhum pouco. - Quer conversar, Judy? - A voz do rapaz veio calma, mas grave. Judy olhou para os olhos verdes. - Qual é seu nome moço que quase quebrou meu nariz? - A voz dela havia saído naturalmente. - Foi um acidente, não quis derrubar você, sou um legítimo cavalheiro, o melhor do condado - Judy sorriu. - Meu nome é Sebastian, sou seu primo. Murmurou ele. - Hum - Queria ter que falar mais que aquele ''hum'', mas aquilo foi a única coisa que havia saído. - Desculpe minha intromissão, mas o que te fez estar daquele jeito? - Perguntou ele, com a voz seca. - Descobri coisas. - Coisas? - Sobre meu... sobre Theodor - Ela olhou para Sebastian. - Seu pai? - Perguntou ela balançou a cabeça. - Ele era um homem esplêndido, você gostaria de ter conhecido. O sorriso fraco veio no rosto dela. - Esse é o problema, alguns falam do homem que ele era mas não faz sentido, não o conheci - Sussurrou Judy. - Eu não sei o que fazer. Sebastian então viu a confusão que a garota fazia dentro dela mesma, queria ajuda de alguma forma. - Ele era alto, não muito - Sebastian fechou os olhos e lembrou a imagem do tio. - Tinha um rosto sempre com barba, para esconder uma marca na mandíbula. Tinha os olhos negros e eram espertos - Ele abriu os olhos e olhou para Judy. - Como os seus. Usava sempre um casaco preto, como o que estou usando, as botas pretas. Ele era um Castely... - O que você está tentando fazer? - Perguntou. - Fazer você conhecer ele, meio difícil, mas tenta entender que seu pai era incrivelmente fantástico, todos gostavam dele, todos, não havia ninguém que não gostava... bem - Sebastian fez uma pausa. - Isso até o assassinato dele a semanas atrás. - O que devo fazer? - Gostar dele também - Respondeu Sebastian, com um sorriso ligeiramente divertido e muito atrativo, era a primeira vez que ela via aquele sorriso e ficou encantada como se formava as covinhas na bochecha dele. - Quer isso, Judy? - Eu não sei o que quero - Falou Judy com um suspiro. - Na verdade não sei nem o que fazer com esse baú e essa carta. - Leia. - O que acha que tem nela? - Isso quase a fez rir. - Abra e passe os olhos Judy, se não gostar a queime , antes de ler - Disse ele, interrompendo os pensamentos dela com a sua voz. - Eu iria me arrepender se não a ler - Sussurrou. - Então leia como se não houvesse um amanhã, quem sabe não tenha as respostas que você vai procurar, reflita. Retrucou ele, sem saber o por quê. - Obrigada. - Disponha. - Você é filho de quem? - Franco, o que saiu antes de terminar. - Ele se dava bem com Theodor? -Sim, na maioria do tempo, eram irmãos. Depois daquilo houve um grande silêncio, mas em silêncio o homem começou a olhar para a menina a sua frente, uma diferente pelo modo simples ao olhar para a paisagem do lado de fora da carruagem , uma cujo o vestido estava perfeitamente bonito, um branco que ajudava a destacar a pele, os olhos e a postura reta. Havia moças em toda parte, ele podia escolher, se fosse para escolher naquele momento seria ela. Judy. Por algum motivo era ela. Talvez devesse começar a acreditar nos romances clássicos, onde o amor é sempre inusitado e de repente. Mas ele tinha que lembrar que era sua prima aos olhos de todos, não dos dele. Mesmo sendo bastarda. Sebastian não havia mentido para ser o melhor cavaleiro do condado, peculiar e muito chamativo diante todos, o filho do pródigo Franco Castely. - Senhor, estamos chegando. - Poderia aparecer para um chá no Palácio - Falou calmo e só depois notou o erro. - Isso foi horrível, certo? - Não, você gosta de chá? - Sim, com um cubinho de açúcar. Ela sorriu, era o preferido dela. Pensou algo brevemente, olhou para ele sorrindo, pensar em uma companhia para um chá da tarde de sábado não parecia tão injusto ou errado. Ficar sozinha era bom, mas ela já estava a um bom tempo se sentindo sozinha. - Talvez eu não vá, mas venha - Sebastian sentiu um arrepio e suspirou com a ideia de vê-la de novo. Viu a carruagem e ele se decepcionou. - Farei o possível senhorita - Ele abriu a portinhola e desceu, estendendo a mão de encontro com a dele. Judy não estava habituada a descer de coisas tão altas, então a confusão com os próprios pés e a escada foi normal, mas antes dela poder segurar a mão dele ela sentiu o pé sair da escada e deslizar. Tinha a intenção de descer sem cair, mas infelizmente os pés dela não sabiam disso. Ela não ia cair, não com Sebastian ali. Ele segurou o corpo pequeno e quase riu da cena, colocou ela no chão e afastou seus braços dela, braços grandes e fortes. - Obrigado - Ela se virou envergonhada. - Geralmente não caio assim. - Também não deixo moças caírem. Ele sorriu. Ela viu as covinhas mais uma vez. Então ele se aproximou e puxou a mão pequena dela, onde levou até os lábios , dando o beijo mais castos que ele sabia. Na verdade, o único beijo casto que ele sabia. - Até logo. - Sebastian. - Judy.
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