CAPÍTULO 2

1718 Words
Sebastian Castely havia feito algo muito imprudente a não bater ou deixar de ser anunciado diante o rei, mas ao entrar na sala irritado e perplexo nem ele previa que a porta fosse se chocar com uma garota e nem que ela fosse cai no chão, logo em seguida, deixando o sangue escorrer do nariz pequeno da moça. Quando o rapaz notou a tragédia tratou de ir até a garota que estava no chão, de cabeça baixa, tentando parar o sangramento com a barra do vestido. – Aqui, pegue – Estendeu o lenço para a garota e sentiu medo de olhar para o rosto do avô que se aproximava para ver mais de perto. - Desculpe meu gesto, não tinha a intenção de... Olhar da garota e o dele se cruzaram. Primeiro olhou para os olhos negros e depois para o rosto bonito e fino da garota, com olhos atentos, uma boca pequena e cabelos bem amarrados, eram cabelos negros como a noite. Mas com o nariz vermelho. – Acho que você machucou meu nariz – Foi o que Judy falou diante do rapaz grande, alto e belo a sua frente. – Sebastian, ficou louco de entrar assim na sala? - Era um rapaz de vinte oito anos que estava na sala, olhando para a garota e vendo-a a segurar o lenço diante do nariz. - Levante Judy do chão! O homem saiu da zona de conforto e ajudou a moça, mas ao tocar a pele do braço dela sentiu um arrepio profundo nele mesmo. - Me desculpe, senhorita, essa não era minha intenção, lamento. Desculpe vovô - Foi o que Sebastian conseguia falar olhando para a moça a sua frente. - Posso? Falou e Judy encarou o rapaz. Quis rir da expressão dele, mas se conteve em olhar para o alto na sua frente, com cabelos pretos e duas bolinhas verdes escuras nos olhos, com um rosto moldado e uma boca grande, lábios avermelhados e desenhados de acordo com um homem bonito. Ele era da realeza, pela forma da camisa e a calça que cobria o corpo dele. Pelas botas de cano alto e o modo como elas brilhavam. Ela afastou o lenço e o rapaz viu o resultado, um nariz vermelho, não parecia quebrado ou machucado gravemente. - Está muito r**m? - Judy perguntou, calma. – Precisamos chamar o doutor. – Ele não está na cidade vovô – Sebastian disse, o rei estava parado diante ou dois e olhava para Judy sem saber o que falar, mas preocupado. Calma e recolhida ela manteve a compostura diante dos dois. – Já está melhor, olhem o sangue já até parou – Ela sorriu. O sorriso que Sebastian com toda certeza gostou de ver, era bonito, revelava uma fileira de dentes brancos. Olhou para o avô, sentindo ele muito calado. - Precisa de alguma coisa? - Ela negou com a cabeça e o rei deu passos até a porta e saiu por ali, de forma que Judy e Sebastian ficaram sozinhos. – Desculpe por isso, não foi minha intenção ferir você dessa forma. – Não se preocupe, mas deve tomar cuidados com as portas, você nunca sabe quem está atrás delas. Judy sorriu. Brilhante e gracioso, como os olhos. Isso fez um contentamento preencher o rapaz diante dela. – De onde você veio? - A pergunta fez a garota encarar os olhos verde. – Sou do campo, moro ao leste do lago de Del Rey. Ele olhou para o vestido dela, simples demais para ser da realeza, mas o modo como o avô havia a tratado e a forma delicada e diferente que ela conversava. Ficou em silêncio diante dela, um silêncio constrangedor e medonho. Viu a garota se virar e varrer as estantes com os olhos e viu os lábios dela se mover a cada parada em algum livro. - Você fala outras línguas? - A pergunta dele fez ela se lembrar do rei. Ela devia ficar mais quieta. Para responder aquilo apenas assentiu a cabeça e continuou, até parar no livro de Gustave Flaubert, que tinha escrito o próprio realismo literário da época e com uma leitura erótica, foi negado e escandalizado, mas agora via um volume ali, perto demais e naquele lugar. O rei gostava? Talvez fosse a rainha.. - Gosta dele? – Ele foi muito talentoso, na biblioteca da cidade não tem esses volumes, penso em encomendar com um viajante, mas seria meio escandaloso eu mesma fazer tal pedido. Ele se aproximou da estante e pegou o livro e voltou a se aproximar dela. – Minha irmã já leu, posso conseguir para você. - Sério? Ficaria encantada! - Os olhos brilharam. Ela era diferente, sabia disso pois ela gostava de arte e o novo modelo de romance. Era encantador isso em uma mulher, raro, mas encantador. Sebastian colocou o livro de volta e viu o avô entrar, acompanhado de uma criada. – Judy, acompanhe a senhora Tessa, ela vai ficar com a senhorita – Judy ficou incomodada com aquilo, ela sabia fazer suas próprias tarefas ou qualquer coisa do tipo. - Até amanhã Judy, pense no que lhe falei. Ela assentiu e foi acompanhada pela criada calmamente por entre os corredores do lugar. Mas, ainda na sala, havia um rapaz pensativo e muito satisfeito. – Acho que vou me casar vovô, achei minha noiva – Com ousadia se sentou na cadeira dele e sorriu para a majestade que estava de costas, o avô se virou, com um charuto em mãos e um olhar sério para Sebastian. – Não você não achou, deve respeito a garota, ela é filha do seu tio Theodor. – A bastarda? - Perguntou, surpreso. – O nome dela é Judy, Judy Castely. Ele se calou diante aquilo. Era ela? O mundinho de Sebastian parou, mas bem longe dali um mundinho caminhava a passos rápidos e atravessava uma porta grande e de madeira, com detalhes bonitos e chamativos. Judy entrou no quarto junto com uma criada, ainda estava com o lenço no nariz e ainda estava se sentindo incomodada por estar ali, olhou para todo o quarto e sentiu um arrepio. Havia uma cama macia e também havia a sacada, que tinha uma janela do chão até o teto, ela preferiu deixar a janela aberta e se sentar na beirada da cama grande, era macia e confortável demais para dormir. - A senhorita quer alguma coisa? - Olhou para a senhora de meia idade com um uniforme e um pacote em mãos, a senhora se aproximou e estendeu o embrulho diante ela. - A majestade mandou entregar a senhorita – Obrigada – Ela pegou o embrulho e abriu, se livrou do embrulho e viu o vestido, precisou ficar em pé, olhou para o vestido com os olhos brilhando e com uma surpresa estampada no rosto. - É lindo, muito lindo. - Preparo um banho para senhorita? - Perguntou a criada diante dela. - Posso eu mesma fazer o... - Iriam chamar sua atenção e a minha, deveria seguir o que o rei mandou - Falando isso a garota olhou para a mulher de cabeça baixa. - Eu não posso aceitar o presente, é muito bonito, mas não quero ficar devendo alguma coisa, principalmente, um vestido como esse. Ela viu a criada se afastar, certamente iria preparar o banho, se sentou na cama e ficou ali parada, tentando lembrar do próprio pai, mas era bem difícil. O pai esteve ao lado dela, mas em outro momento sumiu, simplesmente sumiu. A mãe nunca havia dito sobre ele, na verdade, nunca nem citou quem ele era de verdade. Levou a mão aos cabelos e soltou o cabelo, era um cabelo preto enorme, pouco volume, fios alongados e finos. Olhou para o vestido na cama, um vestido branco, acompanhado das roupas de baixo e um espartilho com detalhes bonitos. Judy não gostava de espartilho, não aquele tipo acinturado e que precisaria de alguém para amarrá-lo nas costas. Ela gostava do tipo moderno, que não se aperta muito e é fechado na frente mesmo, com uma independência enorme. Viu a criada começar a encher a banheira no cômodo acoplado ao quarto, se aproximou e a ajudou com a água, a mulher não disse nada, mas ficou olhando assustada para a moça novinha com aquela atitude. Convidados não ajudavam . - Se você não contar que eu ajudei eu também não conto, certo? - A mulher confirmou com um único aceno. Viu a mulher pegar o sabonete e jogar apenas um pouco dentro da água. Era um cheiro bom. - Enquanto a senhorita desfrutar do banho, irei tratar do jantar da senhorita, posso demorar, mas eu voltarei. - Sem problema e obrigada - A criada saiu e deixou Judy olhando para a banheira com aquela água quentinha, tirou o vestido e logo a roupa mais íntima, já sem roupa enfiou as mãos e constatou que o banho seria bom para ela e seu corpo. Entrou na banheira e ficou submersa diante a água quente e com um cheiro bom, um perfume. Ficou ali por um bom tempo, até sentir que sua pele iria enrugar, pegou uma toalha de algodão e se enrolou. Ela precisava se ajustar para comer o jantar e dormir, pensar sobre tudo e sobre o testamento, aquilo não animava ela nenhum pouco, na verdade era uma chateação enorme. Mas aquilo fazia parte, e se fazia parte devia ser resolvido para sair dali de um vez por toda. Distante dos aposentos dela acontecia uma conversa nada amistosa entre um homem e outro, ambos escondidos pela luz, ambos escondidos pela densa escuridão que cobria uma parte do Jardim. - Eu disse para você se livrar de tudo. - A garota deve ser uma b***a fácil de derrubar - A voz áspera e pesada, um tom que nunca passaria despercebido. - Amanhã tudo vai se resolver e aí seguimos com o ordenado, não se preocupe. - Você depende de mim para continuar livre, nunca se esqueça disso, nunca. A ameaça se fez presente entre os dois, e foi aí que cada um seguiu seu caminho. Um para luz e outro para a total escuridão. Tínhamos uma conspiração dentro da realeza, um assassino provavelmente. Mas também havia uma possível vítima, que não tinha noção de nada, nem do quanto era valiosa e o quanto poderia estragar planos e objetivos.
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