CAPÍTULO 1

2433 Words
Judy estava agitada demais. Poderia ser coisa da cabeça dela, algo que devia ser um terrível engano, era incapaz de entender naquele momento a guinada que foi a chegada de dois brutamontes do rei de Del Rey para a levar, olhou para o salão onde ela atravessava para encontro do rei, nunca em sua vida de plebeia imaginária entrar em aposentos reais como a própria sala do rei ou o castelo. Era uma plebeia. Ela nem estava vestida corretamente, sempre lia sobre ele nos jornais ou ouvia falar dele durante seu turno na fábrica, mas agora, naquelas circunstâncias parecia irreal. Tinha medo, ela sabia que ela tinha que acalmar ela mesma, porque ninguém faria isso por ela, como ela sempre dizia a si mesma. O condado de Del Rey estava localizado ao norte, influenciado pelo império Britânico, com aval das indústrias e das terras ricas em plantações e exportação e importação. Era em uma metalúrgica que Judy estava até ser abordada por dois grandões que trabalhavam para coroa, para o próprio rei do condado. Disseram para ela que ela fazia parte da realeza, era a filha única bastarda de Theodor Castely. Os guardas não foram gentis quando falaram isso, eles não tinham sensibilidade e nem comoção, eles precisavam seguir ordens e se isso fizesse ela parar de recusar acompanhar eles sem discutir, bem, aqueles homens falariam aquilo de novo sem drama nenhum. Embora fosse errado a primeira notícia a partir de dois homens estranhos e fardados. Era a vida dela, era a história dela. Uma história que ela não sabia, mas agora estava sabendo, mas não entendia, não tinha um manual sobre isso e nem como lidar com isso. Theodor era filho do rei que esteve na primeira linha de sucessão, isso foi interrompido pela morte do príncipe, o que levou ao rei escutar o filho pedindo e dizendo seu segredo mais fundo, o segredo era sobre a garota de 19 anos e o pedido foi para autenticar a paternidade, que a garota era especial e educada, sendo e tendo estudos, sendo praticamente uma garota mais que plebeia. A mãe dela havia morrido a dois anos, isso explica porque uma moça nova estava trabalhando na metalúrgica ou porque morava sozinha em uma casa no campo, afastada de tudo e todos, protegida pelos vizinhos e acolhida tão bem por quem a conhecia. Era uma menina doce e gentil. Mas era uma menina que não estava pronta para aquilo, para aquela notícia. E para ela saber sobre o pai, ser bastarda explicava tudo que viveu na infância, passando naquele momento, desde que saíra da fábrica, a conhecer o homem que visitava sua mãe e ela, bem, isso só até aos treze anos dela, ele era simpático, bondoso e sempre perguntava sobre os estudos ou a vida dela. Era como um pai, só que um que morava longe e só vinha uma vez ao mês ver as duas, sempre nas madrugadas ele chegava e sempre na madrugada ele partia. Judy estava em silêncio, acompanhando um dos serviçais pelo grande salão até atravessar ele, o vestido de mangas longas da mulher e os cabelos presos a deixavam tão séria, parecia uma boneca bem vestida ou alguém que não sorria tanto, parecia dura ao caminhar no automático. Ela olhou para as paredes acinzentada cobertas por detalhes a mão e esculpidas nas pilastras, depois o teto alto e as luminárias, as janelas grandes de vidro claro e as cortinas e o que ela mais gostou, os quadros, que ela quis parar algumas vezes para ver cada um deles, parecia tão lindos e tão pertos para ela apenas passar os olhos. Ela amava arte e isso ali dentro parecia que era um gancho enorme para ela analisar cada quadro e parar de pensar na notícia, que se ela pensasse enquanto andava a deixaria travada, faria o retrocesso acontecer e deixaria ela mais nervosa ainda, um nervoso r**m pra ela. Elas pararam diante a porta de madeira escura, a mulher que a acompanhava virou-se para ela e olhou a garota dos pés a cabeça, um vestido simples, sem detalhes, de uma cor palha e um caimento longo diante a garota, o cabelo preso e os olhos suaves, as bochechas com um tom corado e a boca em uma linha tensa e com um nervosismo aparente. – Boa sorte – A criada só havia falado aquilo pela cara de assustada da jovem , abriu a porta e Judy deu seis passos até entrar no escritório, não, era como a biblioteca, cheio de livros, em estantes embutidas, mas não era um biblioteca, passou os olhos nos livros de romance franceses e as crônicas britânicas diante ela, sem falar a poesia espanhola que fez seus olhos brilharem e logo os longos volumes de histórias e modernidade do condado. Era magnífico, esplêndido. Mas, mesmo com todos aqueles livros, viu as obras de artes famosas diante a sala, ela adorava a arte clássica e a nova arte do século 19, era um romantismo marcante diante das tintas, naturalistas e realistas. Ela olhou os detalhes e seguiu seus passos até estar diante o poder maior, assim que Judy olhou para frente viu um homem de barba branca, vestido com os melhores tecidos do condado e fora dele. Era o rei, mas o rei parecia abatido e triste, ainda mais agora que via a filha de seu filho, com os mesmo olhos do filho. Um preto profundo, um rosto passivo e calmo. Tentou ser duro ao olhar para ela, mas ai Judy sorriu, timidamente e fez o comprimento real, olhando para o rei e mostrando sinceridade. Uma sinceridade verdadeira em um palácio conturbado. Judy viu o homem ficar parado, sem se mexer, apenas olhando para ela, ficou assim por um minuto ou dois até que se sentiu envergonhada e abaixou a cabeça timidamente, olhando para o chão, para os sapatos fechados. – Você se parece muito com ele – A voz agora veio firme e como o rei queria e ele teve certeza que fazer aquilo pelo filho, a última coisa que ele queria não seria sacrifício, seria um remédio para sanar qualquer dor de perda ou culpa pela morte do filho solteiro e sem filho, que amava uma plebeia e não pode se casar com ela, onde o pai proibiu, mas o homem teimoso foi atrás até que por fim a própria mulher desistiu e não quis viver algo que não era certo e perigoso demais. – Eu não me lembro muito dele, nunca soube dele, até agora a pouco – Judy olhou para o homem. Queria saber o que dizer, mas não consegui, com uma vergonha enorme e uma falta de coragem para perguntar o que era tudo aquilo. Era destemida, mas tinha um pouco de receio ao estar ali. - Pedi para vir de forma torta, eu sei, me desculpe por isso. Não pude esperar até amanhã e tive medo que você fosse embora. Você é a única filha dele, ele te deixou bens e pediu para que você fosse oficialmente decretada como filha dele – Judy olhou para o senhor, o domínio correto das palavras. Para Judy já não adiantava, iria estar sozinha, talvez um dia se casaria, aquilo não era atrativo para ela. – Quero realizar o último pedido dele, certo senhorita? O testamento será aberto de manhã, todos citados devem estar na sala. Ela sentiu o nó se formar em sua garganta. – O senhor me permite a palavra? – Judy tomou fôlego , ela havia sido tirada do trabalho por dois homens enormes, agora estava diante do rei, ela admirava o rei, de verdade, mas nada daquilo era dela e nem era o que ela queria, queria só continuar sua vida, ao dia no trabalho e a noite em casa, lendo, desenhando, escrevendo sobre as artes do condado e sentindo a calma da sua casa, sem ter que ligar para o passado, o passado era sua mãe e, provavelmente, o homem que a visitava até os treze anos, nada mais. O rei de Del Rey assentiu com a cabeça e Judy tomou fôlego– Não quero nada disso, majestade, nem nome e nem posse, nada que não tenha conseguido. Mês passado comprei uma máquina de tipografia, consegui com meu trabalho e esforço. Gosto assim. – Onde quer chegar, minha cara? – Perguntou o rei já percebendo a recusa. – Não quer o que é seu por direito? – A única coisa que temos direito é a vida, só ela majestade. O rei sentiu cada parte de seu corpo tremer e viu cada cabelinho do seu corpo se arrepiar diante aquela frase, que sempre fora ouvida por ele, vinda de seu filho. Agora da neta bastarda. Pela primeira vez em uma semana o rei deu um sorriso de satisfação. O rei também soube como lidar com ela, exatamente. Era como o filho. Virtuosa. – Vi que você passou os olhos por toda a estante dos livros franceses, sabe o francês? – Certamente ela conheceria, se conhece-se bem o filho, sabia a segunda paixão pela França. – Seu pai adorava, temos uma biblioteca disposta de vários livros, aqui fica os valiosos, primeiras edições, aqui dentro da sala tem toda uma história. – Aprendi o francês e o espanhol, com a professora de línguas, aprendi também nosso idioma a fundo. – Isso é fantástico – O rei comentou satisfeito, queria se levantar e ir até ela, mas não conseguia, não naquele momento. – Precisa conhecer além do condado, minha cara, você se apaixonaria pelos monumentos de fora do condado. – A arte que mais aprecio é a de pintores que expressam o fascínio sobre a tela, na exposição de arte do ano passado, que tinha obras de Camille Joseph e François Bonvin... A riqueza de detalhes e cores novas, a ousadia expressiva dos pintores, de todo um movimento realista. O rei sorriu, ela era uma dama, uma bastarda, mas uma dama educada a rédias de acordo com o palácio. O rei havia notado e sabia que ela era assim para um dia quando fosse permitido ela pegasse seu lugar, seu lugar por direito. Ela gostava de arte. Era raro isso entre as moças, então o rei tomou simpatia por mais aquele gesto, pela educação refinada que fora proporcionada a ela e ela, bem, mostrava empenho a tudo. Seu filho acertava até errando. – Tem uma exposição de arte em Mônaco, poderia me acompanhar? – O rei fez o pedido, embora fosse precipitado, foi de bom gosto. – Poderias ir de trem, o que me diz? – Agradeço, mas… – Eu quero que saiba que soube de você faz alguns dias, mesmo sendo meu filho - O rei então se levantou, ajeitando o casaco preto– Seu pai fez a própria honra, sem filhos, sem mulher, isso até semana passada, foi difícil encontrar a senhorita. Quero que fique com tudo que ele deixou para a senhorita, títulos, posse e o que estiver escrito diante testamento, pode não querer, mas aconselho que fique, pelo grande homem que você não pode conhecer. Quero que fique Judy, você é minha neta também, quero fazer minha parte diante você. Judy ficou a poucos passos do rei, sentindo cada parte do seu corpo gelado. – Meu avô? Seu filho é o The… – Foi então que a ficha dela caiu por completo. Ela estava em choque antes, mas agora, parecia que ela havia caído em si, que ela pegou toda a situação. De uma maneira que a fez bambear as pernas e o coração saltar do peito. – Fique calma… – Oh, por Deus, não, não – O rei precisou a conduzir pela sala e a colocar sentada. – Sim, meu filho é o seu pai – Ai a ficha caiu diante dela, de modo a lembrar do assassinato anunciado pelas autoridades, um homicídio até então sem solução e c***l, onde um homem havia sido marcado até a morte, com sangue por todas as partes. – Eu… Eu sinto muito – De fato, ela sentiu muito. – Eu também, Judy. Todos estão chocados. – Eu nunca o conheci direito, lembro de um homem que nos visitava, mas faz anos e eu nunca soube quem era. Minha mãe dizia que meu pai apenas foi um homem bom, gracioso e quando ela morreu eu fiquei só, sem ela, tenho meus amigos que moram perto e sempre cuidamos um do outro ao leste – Ela falava tudo depressa. – Eu não sei o que sentir, eu nem o conheci e ele já se foi. Sinto muito. – Eu sentiria menos se aceitasse o que ele deixou para senhorita. – Posso recusar os bens – Ela deu um passo à frente do rei, ficando mais perto. – Mas conte comigo para o que o senhor precisar. O rei sorriu, não pela parte ingênua, mas pela forma simples dela o ver, de uma forma normal e sem nenhum atrativo. Simplesmente normal e verdadeira. – Obrigada jovem – O rei se aproximou e estendeu as mãos, Judy analisou o gesto e olhou para o homem, ergueu suas mão e deixou elas sobre as do rei, mãos grande, contendo a aliança na esquerda e o anel real na direita. – Pedi que deixassem um quarto para você, fique e assim poderá estar amanhã de manhã para a leitura do testamento do seu pai. – Como fica meu trabalho? – O rei ficou tenso. – Não se preocupe – O rei elevou as mãos pequenas até os lábios, beijando uma de cada vez, como um gesto leal diante a uma neta. - Fique e aguarde, deixarei um criado às suas ordens e pedirei que cuide de você bem. – Não… – O rei sorriu e soltou a mão da jovem e ela pode dar um passo para trás e ver o rei voltar a grande mesa amadeirada. – O que faço até amanhã, já está anoitecendo. – Fique, faça o que eu pedi – Pelo menos por hora ela decidiu não falar ou fazer nada. Mas uma vez se curvou diante do rei. O rei ficou parado olhando a garota. Pelo menos agora ela não recusaria, pelo menos agora. – Majestade – Judy se virou e caminhou pelo mesmo caminho, até chegar a porta grande, mas aí o inesperado aconteceu, a porta foi aberta com força, antes de tentar se afastar, sentiu o impacto com a força, uma dor aguda no rosto e o chão gelado e limpo. – Ai meu nariz! Foi o que ela disse até levar a mão no rosto e ver sangue do seu nariz. Aquilo não era normal.
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