Capítulo 1 - O Começo do Fim
O salão do hotel estava tomado pela música baixa e pelo tilintar dos copos de champanhe. Sophia apertou a taça entre os dedos, sentindo o leve formigamento do álcool subir até sua cabeça. Ela não era do tipo que festejava, mas naquela noite marcava a conquista de um contrato que mudaria o rumo da sua carreira. Ela merecia relaxar. Só por uma noite.
Enquanto seus colegas riam e dançavam, Sophia preferiu se afastar, refugiando-se em um canto menos iluminado. Foi então que o sentiu. Um olhar. Intenso. Quente. Um arrepio subiu pela sua espinha antes mesmo que ela o localizasse.
E quando seus olhos encontraram os dele, o mundo pareceu desacelerar.
Alto, de ombros largos e olhar predador, o homem atravessou o salão com uma confiança que fez seu coração acelerar. Sophia não conseguia desviar o olhar. Era como se ele a puxasse para si, como um ímã irresistível.
— Posso te fazer companhia? — a voz dele era baixa, rouca, deslizando sobre sua pele como uma carícia.
Sophia hesitou por um segundo. Ela não era de se jogar nos braços de estranhos. Não era de agir por impulso. Mas algo nele — talvez o sorriso enviesado, talvez o cheiro amadeirado que invadia seus sentidos — a fez esquecer todas as suas regras.
— Pode — ela respondeu, surpreendendo a si mesma.
Conversaram pouco. As palavras eram quase desnecessárias diante da tensão elétrica que pulsava entre eles. Cada olhar, cada sorriso discreto, cada toque acidental era um convite silencioso para algo mais.
Quando ele a puxou pela mão em direção aos elevadores, Sophia nem sequer pensou em recusar.
Dentro do elevador, o silêncio era carregado. Ele a encostou contra a parede espelhada, os olhos cravados nos dela, pedindo permissão — ou desafiando-a a recusar.
Ela não recusou.
O primeiro beijo foi faminto, desesperado, como se ambos estivessem há muito tempo esperando por aquilo. As mãos dele exploraram suas curvas com firmeza, enquanto Sophia enroscava os dedos no cabelo dele, puxando-o para mais perto, querendo mais, muito mais.
Quando as portas se abriram no último andar, eles quase tropeçaram para dentro do quarto.
As roupas foram arrancadas às pressas, como se cada camada de tecido fosse um obstáculo intolerável entre eles. A boca dele encontrou a pele macia do seu pescoço, descendo pelos ombros, pelo colo, deixando um rastro de fogo por onde passava.
Sophia gemeu baixinho, sentindo-se viva como há muito não se sentia.
Ele a deitou na cama com cuidado, como se ela fosse preciosa, mas o brilho nos olhos dele dizia que a noite seria tudo, menos gentil.
— Você é ainda mais linda de perto — ele murmurou, a voz carregada de desejo.
Sophia apenas sorriu, puxando-o para si. Ela queria esquecer tudo — seus medos, suas obrigações, seu autocontrole sufocante. Queria se perder nele.
E se perdeu.
Aquela noite foi uma dança de corpos, de beijos molhados, de toques que pareciam incendiar a alma. Ele a conhecia, como se soubesse exatamente onde tocá-la, onde beijá-la, como fazê-la perder a razão.
Quando finalmente adormeceram, exaustos e saciados, Sophia não pensou em nada além do calor que ainda pulsava sob sua pele.
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Quando acordou, o quarto estava silencioso. A luz suave da manhã invadia pelas cortinas entreabertas. Sophia piscou, confusa, procurando ao redor.
Ele não estava mais lá.
Sentou-se na cama, segurando o lençol contra o peito. Fragmentos da noite anterior lhe vinham em flashes — o toque quente, os beijos possessivos, os olhos escuros cravados nos dela.
Mas o rosto... O rosto dela não conseguia visualizar com nitidez.
Uma batida na porta a fez saltar.
— Com licença, senhorita — uma funcionária do hotel entrou com um envelope na mão. — Deixaram isto para a senhora.
Sophia pegou o envelope com mãos trêmulas. Dentro havia um cartão simples, elegante.
"Nos veremos em breve."
Nenhum nome. Nenhuma pista.
Ela franziu a testa. Quem era ele?
Por que a sensação estranha de que deveria ter reconhecido... mas não conseguia?
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Em outro lugar da cidade, Alexander Blake olhava pela janela de seu escritório, o cartão de acesso do hotel girando entre seus dedos.
Ele sabia exatamente quem era ela.
Desde o primeiro olhar, soube.
Sophia Bennett. A mulher que, sem saber, acabara de se tornar sua nova assistente executiva.
E ele não pretendia deixá-la esquecer tão cedo o que tinham começado.