Lorenzo narrando Eu estava na minha sala do batalhão, mergulhado em relatórios intermináveis, tentando organizar as pendências depois da invasão. O cheiro de papel velho misturado com café requentado tomava conta do ambiente, e eu passava os dedos sobre a mesa de madeira já riscada por anos de serviço. Minha cabeça latejava. Desde o dia da operação, eu não conseguia engolir o fato de ter chegado tão perto daquele marginal e não ter conseguido prendê-lo. Era como ter a vitória na mão e, de repente, ela escorrer pelos dedos. Aquilo me corroía. Estava tão concentrado nos papéis que quase não percebi quando bateram à porta. — Senhor, o senhor Andrade está lá fora querendo te ver. — a voz de um dos soldados me tirou do transe. Balancei a cabeça em concordância e respirei fundo. Levantei-me

