Capítulo 2 - Dois mentirosos

1250 Words
O dia estava lindo e eu também. Era dia de fechar acordo e isso sempre me deixava mais feliz que *p***o no lixo. Ao contrário do que pensam, eu não sou cem por cento apaixonada por guerra, sangue e *morte. Eu também curto algo mais leve, e além disso todas as vezes que eu fechava um novo acordo era mais grana entrando para o meu povo. Durante muitos anos todos sofreram com a péssima administração do meu pai. Ele praticamente cheirava todo o dinheiro que entrava. Até hoje não acredito como aquele velho não *morreu de *overdose, se isso tivesse acontecido teria poupado a minha infância e talvez eu até tivesse tido a oportunidade de brincar de Barbie, e não com armas e munições. Gabriel fez um excelente trabalho me treinando, só acho que ele poderia ter pegado mais leve, a vibe dele tava muito Kill Bill e até enterrada viva eu fui, mas como ele mesmo dizia, ainda não era hora de morrer. Mas enfim, voltando a história do acordo.. Meu jato pousou em território francês, e eu estava louca pra comer de tudo da culinária dali, mas infelizmente eu teria que primeiro participar de uma reunião com o conselho deles e acertar os últimos detalhes. Me hospedei em um hotel de procedência duvidosa e pouca segurança, geralmente o óbvio é sempre melhor e caso algo saia do controle eu ainda tenho por onde escapar. Caprichei na roupa, coloquei um vestido que ressaltou a maquiagem pobre que eu aprendi a fazer no *youtube mas que dava pra quebrar o galho. Cheguei na mansão enorme do atual capo, Pierre. Fui recebida com bastante cautela, como se eu fosse uma espécie de cobra venenosa. Não julgo, eu faria o mesmo. Me sentei em uma mesa cheia de homens, e quando me viram levantaram e fizeram uma reverência. Cada máfia tem uma maneira diferente de expressar respeito. Na outra ponta da mesa eu vi um homem, de cabelo comprido, *preto e de olhar expressivo. Ele não aparentava ter mais de quarenta anos, e eu, no auge da adolescência senti meu coração palpitar um pouco. Talvez fosse um infarto e eu que imaginava *morrer baleada morreria sentava em uma cadeira com um vestido apertado e uma *calcinha desconfortavelmente atolada no *cu. _ É um enorme prazer recebê-la na minha humilde residência, senhora Olivia. Humilde ? Acho que aqui deve ter uns quatro andares, isso se ele não tiver um porão que usa pra tortura ou pra estocar croissant. _ O prazer é inteiramente meu. Falei forçando um sorriso que não existia. _ Nunca imaginamos fechar um acordo com vocês, é uma enorme surpresa para todos aqui a sua decisão. Disse um dos conselheiros. A maioria ali eram tão velhos que a funerária responsável pela máfia deles certamente iria lucrar dentre um ou dois anos, no máximo. _ Pois é, meu falecido pai tinha uma visão muito fechada sobre acordos, já eu estou aberta a novas oportunidades de expansão. Falei com confiança. _ Pois a *morte dele ainda é um mistério para todos.. sabemos apenas que o filho mais novo do ex capo italiano estava na residência, mas descartaram o envolvimento dele.. e você.. era apenas uma criança.. como ele morreu ? Perguntou outro velho. Esse tava fazendo mais hora extra que os outros. _ Bom, como eu já disse e também consta nos relatórios, um dos soldados cometeu traição e matou meu papá, que Deus o tenha. Abaixei meu olhar e fiz sinal da cruz. De religiosa eu não tenho nada, mas cada um usa o que tem. Certa vez até pensei em fazer um cursinho de teatro. _ Sinto muito, vocês pareciam muito apegados. Disse o capo Pierre, do outro lado da mesa. ele olhou fundo nos meus olhos e detectou a mentira, o que me deixou ainda mais *excitada e com vontade de conhecê-lo melhor. _ Sim, ele e minha mami eram tudo pra mim. Fiz cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, mas mudei bruscamente Precisava resolver logo o assunto. _ Bom, vamos resolver logo o assunto para o qual sai de casa ? Perguntei enquanto erguia a taça de vinho branco. Dei um sorriso cheio de dentes e Pierre também. É como se nós dois estivéssemos nos desafiando com o olhar, o que torna tudo muito mais interessante. Depois de uma hora de debate e acertos, finalmente tínhamos um acordo firmado. Fomos todos para a sala, todos estavam satisfeitos. Meu conselheiro Fernando, o qual eu chamo de Nando, estava eufórico com o resultado da nossa viagem. _ Você se saiu muito bem, chefa! Disse ele enquanto sentava ao meu lado. _ Eu sei, e acho que vou fisgar mais que um acordo hoje. Falei rindo e bebericando o vinho. nando me olhou e colocou a mão na boca. _ Menina, cuidado. O capo não parece ser um homem de brincadeira! Disse ele quase que sussurrando no meu ouvido. _ Se eu quisesse brincar estaria com bonecas nas mãos. Fica tranquilo, e vai se divertir. Tem vários soldados gatos por aqui. Falei cutucando ele. Eu carrego Nando em alguns acordos que faço por precaução, qualquer coisa eu uso ele como escudo. Eu gosto dele, na verdade eu amo. Ele é um ótimo conselheiro e amigo. Tudo que ele me fala eu faço o contrário, ele só serve pra me fazer companhia e pra me fazer rir, porque os conselhos dele são horríveis. Havia um jardim lindo, cheio de flores coloridas, só de olhar meu nariz já começava a coçar. _ Gostou das flores ? Ouvi a voz de Pierre atrás de mim. _ Sim, eu amo a natureza, principalmente flores. O cheiro delas são … uma delicia. Falei enquanto olhava no rosto dele. _ Mentirosa. Sabia que eu reconheço uma mentirosa quando vejo uma ? _ Claro, um mentiroso reconhecendo uma mentirosa, bem justo não acha ? Começamos a rir e sentamos em um banco branco super brega. _ Gostei da maneira que você enrolou meus conselheiros, eles realmente acreditaram na morte do seu querido papá. _ Mas ele morreu mesmo. Falei enquanto bebia um gole do vinho, foi aí onde vi que era hora de parar, meus animos já queriam se exaltar. _ Eu sei que morreu, e misteriosamente você assumiu, com apenas oito anos de idade. Engraçado que ninguém foi contra, por que ? _ Por que ele era um *bosta, e estava matando a nossa economia. Eramos a máfia mais pobre de todas, e hoje.. hoje temos um império! Falei orgulhosa. _ Eu sei.. mas mesmo assim, tão novinha.. você é surpreendente fille.. _ Merci. Ficamos um tempo em silêncio até que ele fez uma proposta tentadora. _ Está tarde, por que você não dorme aqui ? Minha cama é confortável. _ ué, uma casa desse tamanho e não tem quarto de hóspedes ? Fiz cara de indignada, mas com uma imensa vontade de rir. Homens, não perdem tempo! _ estão ocupados, todos. Ele começou a rir, um sorriso encantador. _ Não posso, meu conselheiro não deixa. _ Podemos dar um jeito nele.. _ Ah, eu gosto da companhia dele. Mas quem sabe outra hora. Falei enquanto me levantava, ele fez o mesmo. _ Bom, já que é assim, espero vê-la de novo. Disse ele enquanto beijava minha mão. _ Com certeza vamos nos ver novamente, Pierre. Dei uma piscada de olho pra ele, que continuou rindo. Sai plena, mas com uma vontade imensa de ficar e descobrir o que ele tinha a me oferecer..
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