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AMOR CORINGA

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intro-logo
Blurb

Niel Relish foi jogada em um internato pelo terceiro filho de sua família. Aquilo não deveria surpreende-la desde o fato de que nunca havia sido parte daquela família, ao menos não de verdade, mas algo dentro de Niel se quebrou. Eles não deveriam protegê-la? Então por que a mandar para aquele inferno?

O internato Villan que deveria ser um lugar para jovens bilionários "pensar sobre sua conduta", na verdade era um reformatório onde eles respondiam por seus crimes e a verdade era que Niel estava ali por tentar se defender quando sua família tentou usá-la sem nenhum pudor.

• A V I S O I M P O R T A N T E •

Essa obra contém diversos gatilhos relacionados a abuso infantil, abuso s****l, abuso psicológico, tortura e relacionamentos abusivos em meio familiar.

A obra também relata vício com drogas, violência e imprudência na adolescência.

• Não, não romantizamos nenhum dos fatores acima, e não pretendemos. Essa obra deve conter a cura dos personagens e o seu processo de amadurecimento e não a dependência ou o romantismo em cima de um problema sério.

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CAPÍTULO 1
POV: RAY Se falar que me recordo perfeitamente de como aconteceu, eu seria uma grande mentirosa - coisa que eu verdadeiramente sou - mas não preciso mentir sobre isso. Você pode me considerar alguém que teve muito azar... muito, muito azar mesmo, mas não cheguei ao nível de azar que minha querida mommy teve. A minha mãe sempre teve o grande problema de só encontrar homens bostas para se relacionar, bastava um sorriso, um elogio e uma boa aparência para conquistá-la. Acho que podíamos chamar de síndrome do príncipe encantado. Pelo menos eu gosto de chamar assim. Onde quero chegar falando sobre isso? Ao início. Aprendi com o tempo que quando se está relatando um erro, você deve começar… bem, pelo início. E esse começou a 23 anos atrás. Com uma garota de cabelos castanhos que desciam até a altura de seus ombros em belos cachos abertos. Os cachos eram a moldura perfeita do seu rosto, levemente arredondado, queixo fino. Os olhos verdes brilhavam naquela pele perfeitamente bronzeada. Acho que podemos chamar o que ela tinha de beleza natural. Um corpo esguio, delicado e exuberante. Suas curvas eram de dar inveja a qualquer mulher que a olhasse. Pernas longas, uma b***a perfeitamente desenhada, s***s em uma medida perfeita. Nem grandes, nem pequenos. Foi em uma manhã comum, que ela conheceu aquele merd-... quer dizer, que ela conheceu o meu pai. Um cara qualquer, mas com uma beleza levemente interessante. - O que só reforça a minha teoria de que homens bonitos, são um grande problema, mas ótimas iscas. Ele abriu um imenso sorriso enquanto se aproximava dela e não demorou para que ele a convencesse de que ele valia seu tempo. Bonito, inteligente, educado, gentil… ele parecia perfeito. Perfeito demais. Mas ela não notou. (Óbvio). Minha mãe estava tão ridiculamente apaixonada por aquele… cara, que simplesmente fez tudo o que ele queria. Mesmo quando não queria. Mesmo quando doía. Mesmo quando… dizia não. Até mesmo hoje, ela não entende o que ele realmente fez a ela. Ela aceitou e permitiu que todas as desculpas que ele arrumou de forma falha, fossem levadas como verdades. Às vezes, me pego pensando se ela era realmente inocente a esse ponto ou realmente apenas desejou ser enganada. O fato é que isso perdurou por meses. 13 meses, para ser exata. Ele a usou. Literalmente. Seu corpo, seus contatos, seu dinheiro. Ele tirou tudo que conseguiu e anos depois, descobri que até mesmo a forçou a t*****r com amigos por uma dívida ou aposta. Ela nunca me contou sobre isso ou sobre os abusos. Quando então, ao fim do 13º mês, ela disse a ele que estava grávida… ele a espancou e a expulsou do seu apartamento. “Você é uma v***a qualquer, como poderia saber que essa maldita criança é minha?” Ele gritou aos quatro ventos. “Não ouse aparecer na minha casa novamente, não quero ver a droga do seu rosto!” Ameaçou. Minha mãe chorou. Implorou e como resultado, ele a bateu. Tanto que teve esperanças de que ela perdesse a criança. Mas para o azar dele, eu era bem mais resistente do que ele imaginava. A garota bonita que na época não tinha mais que 16 anos, foi levada ao hospital com traumatismo craniano, hemorragia e muitos hematomas. O médico disse que ela sobreviveu por um milagre e que o fato de não ter perdido o bebê, havia sido um milagre maior ainda. Agora, você deve imaginar que ela voltou para casa ou que o denunciou, certo? Puff!!! Desculpa te desapontar. Isso aqui é a vida real. Quando acordou, ela chorou por horas. Não havia ninguém lá fora para ela. Os pais a haviam abandonado a uns 7 meses, quando ela saiu do colégio para morar com ele e os amigos, bom… não existiam mais, ela os havia abandonado por ele não gostar deles. Ela chorou até que a doparam, de novo e de novo. Não importava quantos médicos eles chamassem ou o quanto insistissem, ela não falava. Apenas… chorava. E então aconteceu. Ela recebeu alta. Não havia casa, nem um lugar para onde voltar. Não havia celular, roupas… tudo havia ficado no apartamento dele e por mais que ela desejasse falar com ele, tentar de novo, ela ainda tremia com a lembrança dos chutes. Com a expressão que ele tinha no rosto. O príncipe encantado, havia se tornado um monstro. Ela tentou o melhor que podia. Tentou um emprego, dois…, mas ninguém queria uma grávida. No fim, acabou no único lugar que aceitavam qualquer um. Se prostituindo até que a barriga a denunciasse, não que muitos dos seus clientes se importassem com isso, a maioria estava chapado demais para saber se ela era gorda ou realmente estava grávida. Outros só queriam simplesmente um buraco para meter. Foi assim até que um amigo do príncipe a encontrou. Ela devia estar com 6 meses, nessa época. A beleza dela já não era a mesma, havia agora cicatrizes em seu rosto, seus cabelos desgrenhados e curtos, sua pele pálida e machucados por suas pernas e mãos. Ela era um fantasma do que um dia havia sido. Mas aos olhos daquele homem, a imagem foi divertida. Ele a levou a um apartamento, dizendo que cuidaria dela, que sentia muito por tudo que havia acontecido e que o amigo, se arrependia do que tinha feito. Ainda me pergunto o quão burra ela realmente era para cair nessa conversa… Mas ela caiu. A esperança brilhou em seus olhos pela primeira vez dentro daqueles horríveis 6 meses. Ela havia descido ao inferno… e já não suportava viver nele. O homem a drogou - Óbvio - e aproveitou toda a situação para mantê-la assim. Te pouparei dos detalhes sobre as formas como ele a violentou dentro dos outros 3 meses e de quantos mais o fizeram. Quando notaram que algo estava errado e que a criança - eu - provavelmente nasceria, eles a jogaram em um beco qualquer. Completamente nua, machucada, com semem por todo o corpo e desacordada, graças a quantidade de drogas em seu corpo. Eu nasci ali, nas mãos de um bêbado que a encontrou caída em pleno trabalho de parto. Logo uma multidão estava em volta do bebê e da mulher. Uma ambulância foi chamada e novamente, ela quase morreu. De novo. A criança nasceu… saudável, para surpresa dos médicos. Mas não havia leite para mim, nem uma mãe consciente. Ela agora era uma viciada… uma viciada sem família e sem precedentes. Meus avós nem se deram ao trabalho de visitar o hospital e o meu… pai… bom, ele não apareceu. Me lembro vagamente da minha infância. Gemidos, gritos, minha mãe apanhando e muitas seringas soltas pela casa. O melhor ambiente para uma criança crescer de forma saudável, não acha? Eu concordo. Não tenho mais a noção de quantas vezes fui assediada durante aqueles anos. Eu era apenas uma criança. 6… 7 anos. Me lembro de uma situação onde minha mãe estava tão drogada, que tive que recorrer a fugir de casa no meio da madrugada, para escapar das mãos de um dos seus “namorados”. Foi uma noite fria de inverno. Foi quando vi o meu pai pela primeira vez. Ele estava rindo em uma saída de PUB. O sorriso gigantesco em seu rosto foi como um chute no meu estômago. Duas mulheres o abraçaram como se ele fosse o prêmio da noite e eu guardei aquela expressão… o rosto dele, simplesmente me fitando e ignorando totalmente a minha existência. Aqueles malditos olhos de um âmbar desconcertante… eu os havia herdado. Eu nunca esqueceria a frieza naquele olhar. Prometi para mim mesma. E então aconteceu. Mais e mais homens na casa que um dia eu achei que fosse minha… Eu já não tinha mais 7 anos e as coisas pioravam e pioravam. Foi uma noite onde me descuidei pensando que minha mãe já não voltaria à noite… ela voltou, acompanhada. O cara aproveitou o fato dela estar drogada e quando acabou o trabalho com ela… ele se aproximou de mim. Eu tinha 13 anos na época. Assim como minha mãe, meu corpo se desenvolveu rápido, mas eu não herdei a pureza dela. O mundo que nasci, não me permitiu ter ilusões. Quando senti as mãos em meu corpo, o peso dele sobre mim, ele tentava me imobilizar e se forçava entre minhas pernas. Agi por impulso, antes que conseguisse respirar, antes que ele continuasse e pude sentir com gratidão e alívio. Sentir o sangue jorrar enquanto acertava o canivete suíço na jugular daquele cretino. Minhas mãos tremiam e por mais que houvesse um sorriso em meus lábios, ele se retorcia em uma mistura de felicidade e medo. Tanto medo que m*l consegui me mover, até ouvir os gritos histéricos da minha mãe. As coisas aconteceram rápido depois daquilo. As sirenes… as pessoas tirando o corpo dele de cima de mim e então as luzes, tão fortes. Fiquei estática, sem reação enquanto me levavam para a delegacia. Sabe aquela baboseira de advogado? De alguém te defender por ser inocente ou vítima? Isso não funciona na vida real. Aqueles malditos me condenaram. Menor assassina amante da mãe durante a madrugada, relatos de vizinhos diziam que a mãe da garota era uma dependente química. Foi o que apareceu nas manchetes. Era tudo que importava para eles. Sempre foi. O reformatório era frio, estranho, silencioso e ríspido. Havia mais violência que na minha casa ou nas ruas. Lá, eu mudei para sempre. Abracei o que nasci para ser. Algo que todos aqueles malditos iriam temer. Tremer ao ouvir o meu nome ser sussurrado no submundo. Eu os caçaria. Todos eles. Um por um. Quando falam de histórias de amor, as pessoas tendem a pensar em romances onde a princesa é salva pelo príncipe ou no caso da nossa geração, feéricos, humanos e vampiros. No fim, sempre se resume a um casal que supera seus traumas e dramas e vivem felizes como heróis. Mas... e os vilões? Eles não merecem um amor? Não merecem um final feliz, mesmo que isso signifique algumas mortes, sangue e vinganças? Talvez se eu fosse uma criança, ainda me questionasse sobre tudo isso. Ainda sonhasse. Não. Eu sei que não. Não tive chances de esperar ou sonhar com isso. Estar viva já havia sido uma grande vitória. Voltando ao foco que eu queria dizer é que... os novos heróis e romances mostram nitidamente que sempre existiu algo antes do vilão se tornar... bem... um vilão. Então, por que apenas os heróis mascarados recebem a felicidade? Por que é justo um herói sacrificar seu amor pela salvação do universo, mas um vilão sacrificar algumas vidas pelo seu amor, é inadmissível? Eu nunca havia parado para pensar sobre isso. Na verdade, minha vida nunca me permitiu pensar sobre amor e por muito tempo, assumi que tudo era apenas fachada. Não existia amor. E quem não pensaria assim? Olhe para os casais, todos fingindo que se amam em redes sociais, mas fora das câmeras, eles gritam, xingam, batem. Eles não são melhores que os adolescentes no cio, que fazem de tudo para trepar com alguém que consideram atraente. Relacionamentos de meses, semanas e até dias. Era tudo absurdamente frustrante. Como eu poderia pensar que existia amor lá fora? Mas algo me fez mudar de ideia... Algo que nunca esperei que acontecesse. ◈ ━━━━━━━ ♕ ━━━━━━━ ◈ O céu estava brilhando. Havia tantas estrelas que me perguntei a quanto tempo eu não as via e se era possível que mais delas houvessem surgido. Eu tinha 18 anos quando saí do reformatório. Meu cabelo estava curto, na altura dos ombros, caindo em ondas de um castanho quase ruivo e os malditos olhos âmbar, pareciam mais escuros. Talvez pela dor que tive que suportar lá dentro, talvez pela escuridão que deixei se acoplar de bom grado no espaço escuro onde devia haver um coração. Aquela primeira noite, onde o vento gelado chocava-se contra minha pele, trazendo um frio que me fez gelar até os ossos... me lembrou do que eu realmente queria. O frio era reconfortante. Era como uma lembrança. E no fim eu não me recordo quando tempo passei ali. Em pé, olhando para o céu estrelado com um sorriso que não alcançava meus olhos. Cinco anos. Foi tudo que precisei para estar entre os vinte mais respeitados da gangue do sul. Eles atendiam pelo nome Filhos de Lilith. Uma súcubos em algumas religiões, uma mulher forte em outras crenças, um demônio na maioria, mas acima de tudo? Alguém que sempre se colocou em primeiro lugar e além de tudo, alguém absurdamente bela e desejável. Os filhos de Lilith pareciam levar essa parte em específico bem a sério. Não havia um único m****o que não exalasse uma beleza aterradora. Jack – o responsável por me trazer até aqui – estava na casa dos 40, mas ainda mantinha seus traços elegantes. Na verdade, era como se o tempo o deixasse ainda mais bonito. Ele podia-se dizer que era o mais perto de um “pai” que cheguei a ter. Desconfiei dele até o último segundo e estava preparada para mata-lo, se precisasse sair, mesmo que isso me trouxesse uma gangue tentando me matar. Talvez por ver isso em meus olhos, Jack se apegou a mim. Ailin era a líder da gangue – que ela preferia que chamassem de clã – e também aquela que realmente me acolheu. Mesmo com o pedido de Jack, ainda estava nas mãos dela, mas logo que aqueles olhos absurdamente grandes e límpidos tocaram meu rosto, os lábios carnudos, pintados de um carmim vivo, se abriram em um sorriso de contentamento. — Seja bem-vinda. Ray — Ela disse com aquele olhar de superioridade absoluta — O sangue de Lilith queima dentro de você. Ray, foi o nome que ela me deu e mesmo depois de cinco anos, aquelas palavras ainda são sussurradas aos meus ouvidos, pelas sombras que me cercam. O sangue de Lilith queima dentro de você. Suspirei pesadamente enquanto descia do maldito carro e me arrastava pelos corredores que levavam ao grande salão. Era a central dos filhos de Lilith ou como Ailin gostava de chamar de casa. Era localizado em um prédio grande, de 20 andares. Nos 19 primeiros andares, era onde se localizavam os negócios legais, dirigidos por Ailin e Alex e no 20 andar, uma suíte para “reuniões especiais”. No subterrâneo, que não constava nas plantas, ficava a nossa casa. Um lugar absurdamente grande. Com corredores e corredores, paredes de carvalho escuro. A decoração era algo com um toque contemporâneo, como se seus ambientes possuíssem alma e requinte. Como a maioria dos projetos da americana Kelly Wearstler, as dimensões de seus projetos beiram o exagero, mas nunca pareciam perder suas proporções ou elegância. Assim como Kelly, Ailin era apaixonada e apreciadora pelo estilo rústico e sofisticado. A mistura de texturas e peças exóticas nos ambientes, eram como marca registrada de Kelly e a designer era literalmente a preferida de Ailin, presente em se não todos, a maioria de seus projetos. Foi preciso apenas pisar meus pés no piso branco com linhas negras, para notar a tensão no ar. Ailin, sentada em sua poltrona de couro, como uma rainha, sentava-se em seu trono. O rosto de absurda beleza da líder, parecia pálido, até mesmo para alguém que possuía a mais bela pele de ébano já vista. Os olhos de Ailin repousaram sobre mim e pude sentir o calafrio que subiu por minha espinha. — Abençoada seja, querida R-a-y. — Ela sibilou, como se cada letra houvesse sido separada antes de ser dita, se juntando ao formar meu nome. Alex estava ao lado dela, com a mão repousada em seu ombro. Ver ambas, uma ao lado da outra era como um choque. Alex e Ailin eram opostos perfeitos. Ailin em seu trono, um vestido rubro como o batom em seus lábios carnudos, descia por sua pele de ébano como se houvesse sido costurado em sua pele. Perfeitamente moldado ao corpo invejável de Ailin. Feminino e desejável... era a perfeição que muitas mulheres ansiavam alcançar. s***s fartos, mas não exagerados, perfeitos. Coxas delgadas e bonitas, como as de uma bailarina. Ailin também possuía a elegância de uma. Ela se movia como se dançasse pelos lugares onde andava. Era surreal... os cabelos negros desciam até a altura de sua cintura em longas tranças africanas. O rosto perfeito de Ailin tiraria o fôlego de qualquer mortal. Principalmente aqueles belos olhos negros, negros como a noite. Era como se os Deuses a houvessem feito, para mostrar a diferença entre uma beleza real e o que nós... meros mortais, consideramos belo. Já Alex, era algo diferente. Não possuía uma beleza irreal como a de Ailin e muito menos a sua invejável pele de ébano. Alex era pálida como eu um dia fui, ao sair do reformatório. Alex possuía um rosto andrógeno. Os olhos eram de um azul cinzento, que se intensificava sempre que algo a irritava. Seus cabelos eram curtos em um estilo short bob com uma franja maior, de um loiro platinado. O corpo de Alex, assim como seu rosto, era algo além das minhas concepções. Haviam curvas demais para ser masculino e traços a menos para simplesmente feminino. Era como se Alex fosse naturalmente ambos. Um ser que beirava a perfeição entre ambos os sexos. Ao vestir ternos e sobretudo, Alex parecia um Deus grego. Ao ficar parada ao lado de Ailin, vestida em um daqueles belos vestidos longos, ela parecia uma daquelas mulheres que se olha e pensa “vai ferrar com o meu psicológico”. Agora, em uma sala que parecia menor do que era... essas duas mulheres me fitavam. Jack estava quieto, no canto da sala, como se já soubesse tudo que iria acontecer. Óbvio que ele sabia. Abri um sorriso a contragosto enquanto curvava a cabeça em um cumprimento. — Feliz encontro, Ray — Alex murmurou, alto o suficiente, para que eu pudesse ouvi-la. — Abençoada seja... — respondi erguendo os olhos para fita-las. — Penso que já deve saber o que nos aflige. — A voz de Ailin fez com que todos os ossos do meu corpo congelassem, meus músculos enrijeceram. — Na verdade, a notícia ainda não se espalhou — Jack interveio e pude sentir em minha alma, que Ailin o fitou com irritação. — Ótimo. Não são completos inúteis. Pude jurar que senti a sala tremer com aquelas palavras mordazes e pela visão periférica, senti o tremor no corpo de Jack. Alex, por outro lado, pareceu segurar-se para não sorrir. — Drogas estão entrando em nossos PUBS e boates. — Rosnou Ailin com os olhos vidrados em Jack, como se ele fosse o real culpado. Alex suspirou pesadamente, como se já esperasse toda aquela situação. Ailin não permitia drogas na região sul. Apenas álcool e maconha eram de livre acesso, mas todo e qualquer tipo de drogas além do álcool, era totalmente barrada. O lado sul era o mais “saudável” dentre os territórios de Sweet sound. — Como? — questionei sentindo meus músculos voltarem a me responder. Eu conseguia entender Ailin e sua raiva. Drogas haviam destruído tudo com o que me importei. — É o que queremos saber — Jack disse tentando manter seu tom calmo, mesmo que Ailin o fuzilasse com aqueles grandes olhos negros. — Eu quero que pegue os malditos que acham que podem brincar no território dos filhos de Lilith. Quero que eles queimem no fogo do inferno. — Ailin rosnou, as unhas afiadas e pontudas afundando no estofado dos braços da poltrona. Uma poltrona a menos. Abri um sorriso instintivo a aquelas palavras e pude sentir o desconforto de Jack. — Como desejar. Mistress. — Sussurrei com uma satisfação notória em cada uma das minhas palavras. Alex sorriu sem nenhum tipo de inibição e falou. — Cuidado Ray e abençoada seja. Abaixei a cabeça em uma reverência breve e sai da sala. A sala de reuniões de Ailin era grande o suficiente para ser considerada uma suíte. Era repleta de estantes com livros e mais livros. Uma lareira mais ao fundo e sua poltrona – seu trono – quase ao centro da sala. Jack me acompanhou como eu sabia que faria e pude ouvi-lo respirar pesadamente ao sair do lugar. — Francamente... você vai realizar outra carnificina? — resmungou nitidamente a contra gosto. — Se for necessário. — Não é necessário — ele começou e mesmo de costas, senti o olhar dele pesar sobre meus ombros — você nunca tem controle sobre seus instintos quando o assunto envolve... — Drogas? Quando envolve estupro? Quando envolve imbecis que abusam do poder e acham que podem fazer qualquer coisa por serem homens ou “fortes”? Realmente — rosnei cada palavra e pude ver nos olhos de Jack que os meus estavam queimando em âmbar — Eu os quero mortos, os quero queimados, os quero sofrendo. A mão de Jack segurou meu braço e eu soube que ele não me deixaria ir daquela forma. — Ray... você é melhor que isso. — Sussurrou de forma carinhosa e não pude evitar o riso que me escapou, trazendo tristeza ao olhar de Jack. — Não sou e você me trouxe aqui por isso. — Não. Te trouxe aqui por ser como nós, não por ser uma assassina descontrolada — as palavras foram frias e dolorosas. — Eu sou o cão de caça de Ailin e fico feliz com esse cargo — respondi de forma tão fria quanto ele. A mão de Jack soltou meu braço e ele suspirou pesadamente. Ele não iria discutir, agora não. — Ouvimos boatos sobre um casa blanca que anda vendendo MD na Affection... Affection era uma boate extremamente conhecida, o que só me fazia pensar uma coisa: quem quer que fosse, queria declarar guerra contra Ailin e suas regras sobre drogas. Não era uma simples brincadeira ou um desavisado, era alguém que conhecia os gostos de Ailin a ponto de escolher Affection para ser seu “território” de vendas. — É por isso que ela estava daquela forma? — questionei já sabendo a resposta e Jack apenas concordou com a cabeça. — Vou te mandar com Meyer, para investigar Affection. — Não preciso de Meyer. — Não perguntei do que precisa — respondeu de forma dura — pode escolher ser o cão de caça de Ailin e se banhar em sangue, já que se recusa a me ouvir, mas não fode o resto de nós. Meyer vai com você e vai se certificar de que você não faça merda. Ele não estava brincando. Os olhos castanhos de Jack estavam negros como os de Ailin. — Vou aceitar o silêncio como um entendido — Falou de forma decidida enquanto eu me contorcia para não o responder. Não podia. Jack era o 3º em poder dentro dos filhos de Lilith. Eu não tinha o direito de discutir com ele sobre ordens e a i********e de falar como falava com ele, era apenas por ele me considerar como família. — Quando? — questionei desviando o olhar para um dos quadros preferidos de Ailin. O original de Alexandre Cabanel, Lúcifer chorando após ser expulso dos céus. Lúcifer escondendo o rosto com lágrimas que ele não queria mostrar aos outros anjos, lágrimas e sussurros com todo o seu ódio, raiva e ressentimento. — Hoje à noite — respondeu Jack, notando meu olhar sobre o quadro — vocês são... parecidos — murmurou enquanto se afastava, me deixando sozinha no corredor. Ele não estava errado. Eu entendia todo aquele ódio, raiva e ressentimento. Entendia como Lúcifer havia se sentido, mas não entendia a parte de ser amado antes de ser traído. Esse era o único detalhe que nos deferia. Lúcifer havia sentido um amor descomunal, isso jamais aconteceria comigo. Meus lábios contorcem em um sorriso que não alcançou meus olhos e segui, sabendo que no fim daquela noite, eu iria me divertir muito.

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