Narrado por Lobo A gente saiu do galpão sem olhar pra trás. O eco do grito do PM ainda grudado na parede, cheiro de carne queimada do cigarro se misturando com ferrugem. Montei na minha moto, liguei no tranco. A descida foi rápida, vento cortando a cara, morro lá embaixo acendendo cigarro, riso, panela, como se não tivesse nada acontecendo. Mas no rastro da gente só vinha sombra. Cheguei na porta, desliguei o motor e encostei. Beto parou logo atrás, tirou o boné, rodou a tampa da caneta no dente, e falou do nada, como quem não aguenta segurar: — Tu é doente, Lobo. Apagar cigarro na pescoço do PM? Soltei a fumaça devagar, sem olhar pra ele. — Vaza, Beto. Vai pra tua casa. Dei uma casa pra tu não ficar me enchendo. Ele riu de canto, nervoso, jogou o boné no sofá e se largou de qualqu

