Narrado por Lara A viatura cheirava a suor velho e couro gasto. A sirene já tinha parado, mas as risadas dos PMs ecoavam mais alto que qualquer barulho. Eu e Ana estávamos espremidas no banco de trás, algemadas, o ferro machucando meu pulso a cada solavanco. O careca olhou pelo retrovisor e soltou mais uma gargalhada. — Olha só, Cabo, a “filha do delegado”. Vai dar entrevista no Datena amanhã, cê vai ver. O novinho, que parecia se divertir ainda mais, completou: — Delegado Monteiro tem filha? Nunca vi. E se tem… não é essa gordinha aqui, não. Essa daí parece mais filha do boteco do que de polícia. Ana tentou protestar, chorando. — A gente não tava fazendo nada, só bebendo! O careca virou metade do corpo pra trás e gritou na cara dela: — Cala a boca, vagabunda! Se não queria confus

