Narrado por Dina Meu nome é Adriana Ferreira. Mas no morro todo mundo só me chama de Dina. Nasci no beco, cresci no beco. E beco não perdoa fraqueza. Perdi pai e mãe cedo demais um tombou na bala, a outra foi levada pela tristeza. Quem segurou minhas costas foi minha tia, mulher dura, que não tinha nada e mesmo assim dividia o pão seco em dois. Foi com ela que aprendi que chorar não enche barriga, que vida de favela não dá espaço pra lamento. Desde pequena eu fui bicho arredio. Enquanto as meninas da rua brincavam de boneca, eu tava socando poste, chutando lata, aprendendo a usar a raiva como combustível. A luta me chamou cedo: tatame, saco de areia, o ferro frio da barra. Meu corpo virou ferramenta. Aprendi que se eu não fosse muralha, ia virar escombro. Cresci ouvindo que mulher nã

