Narrado por Lobo
O eco dos passos deles batia no cimento como tambor de guerra. O beco, que já era estreito, pareceu encolher quando os dois apareceram de vez: Klinger, careca brilhando no reflexo da lua, e Paulo Luiz, com aquele olhar de quem tenta sustentar coragem, mas o suor entrega.
Soltei a fumaça devagar, ajeitei a corrente no peito e fiz sinal curto com a cabeça:
— Dina, vaza. — a voz saiu baixa, mas foi ordem. — Fica na cola da garota. Se ela espirrar, quero saber antes do ar voltar pro pulmão dela.
Ela não discutiu. Passou a Sombra de volta pro meu braço. A cobra se enrolou firme, língua cortando o ar, como se sentisse que ia presenciar sangue. Dina deu dois passos pra trás e sumiu na sombra do beco, sem olhar pra trás.
Beto, claro, não perdeu a chance de soltar gracinha.
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