A mensagem chegou cedo, com emoji de coração e tudo. “Prepara o estômago que hoje tem feijão da Vera. Tô te esperando aqui em casa, minha filha. Almoço com a família. Vai ser bom pra você sair um pouco do estresse.” Li três vezes. Dizer não levantaria suspeita. Dizer sim podia destruir tudo. Ainda assim, respondi: “Vou sim, obrigada pelo convite 🧡” Não era só medo. Era afeto. Vera me tratava como filha. Eu devia isso a ela: presença, sorriso, a Júlia que ela acreditava conhecer. Só que Kay também estaria lá. E isso era o inferno disfarçado de cortesia. Quando cheguei, a casa estava cheia. O rádio tocava samba antigo na cozinha, cheiro de alho e feijão no ar, carne assando no forno. O chão de cerâmica estava quente do sol batendo pelas janelas abertas, e as conversas se misturavam em u

