Esperei ele subir. Não consegui ir com a Vera, não consegui encarar a normalidade que ela carregava como se nada tivesse acontecido. Inventei na hora: disse que tinha esquecido o celular no bar, qualquer desculpa esfarrapada. Ela não desconfiou de nada, só subiu leve, rindo, como se o mundo não tivesse acabado de virar do avesso. Fiquei parada no meio da escada, ouvindo os passos dele ecoarem lá em cima. Contei os segundos, um por um, até o corredor silenciar. Só então criei coragem. Subi com o coração disparado, o estômago revirando, as pernas trêmulas como se tivessem corrido quilômetros. O corpo todo sabia que aquele instante ia me marcar, só não sabia ainda se seria cicatriz ou ferida aberta. Ele estava lá. Encostado na parede, na frente da minha porta, braços cruzados como quem sabi

