A clínica era pequena, mas clara. O cheiro de desinfetante se misturava com o de chá de camomila vindo de algum corredor. As cadeiras da recepção eram duras, o ar-condicionado barulhento demais e a TV na parede insistia em reprisar um programa antigo de culinária. Gabi se sentou do meu lado, perna cruzada, batendo o pé no chão com calma, como quem já tinha passado por aquilo antes. — Tá nervosa? — ela perguntou, inclinando-se um pouco pra me encarar. — Tô — admiti, passando a mão pela barriga ainda discreta. — Isso muda as coisas — disse, num tom que parecia promessa. — mas é normal na gravidez, você vai ver! Não respondi. Fiquei com os olhos no piso encardido da recepção, como se fosse encontrar ali algum tipo de resposta. A barriga era pequena, mas o peso dela não cabia em centímet

