CAPÍTULO 7

1468 Words
"A amoxilina eliminou a infecção no meu corpo, mas não existe antibiótico para curar as feridas deixadas pela nossa relação quebrada." Helena É o fim de semana e em vez de descansar, estou na frente do balcão da cozinha, olhando para tudo em frustração. Há uma hora decidi fazer uma sobremesa para Bruno como agradecimento por se juntar a mim ontem à noite. Não é muito, mas depois de tudo o que ele fez por mim, sinto que o mínimo que posso fazer é preparar algo especial para ele. Eu abro meu laptop na cozinha e procuro receitas para pessoas com diabete. — Bolo de banana com canela —Li em voz alta enquanto seleciono a primeira opção que parece simples. Armo com todos os ingredientes e começo a trabalhar. A farinha de aveia misturada com o fermento em pó, os ovos são batidos até uma textura suave, e a baunilha permeia o ar com seu aroma quente. Tudo parece estar indo bem até que seja hora de experimentar a primeira mistura da massa. Faço com esperança, mas o gosto é decepcionante. É insípido, seco, e nem mesmo a baunilha consegue salvá-lo. Frustrado, eu jogo fora e começo de novo. A receita a seguir é diferente, ou pelo menos espero que sim. Desta vez, misturo a massa com mais cuidado, medindo cada ingrediente com precisão. Quando o bolo sai do forno, parece promissor. Mas quando cortado, a textura é muito densa, e o sabor ainda é pobre, outra falha. Outro bolo de esponja que acaba no lixo. — Ele tinha que ser diabético —eu reclamo. Não sei há quanto tempo estou, mas o barulho da a******a e fecho do lixo deve ser a prova de como sou perfeccionista. Eu tento manter a calma; no entanto, cada tentativa fracassada aumenta minha frustração. Bruno merece algo perfeito, algo que o faça sentir que eu aprecio realmente o que ele fez por mim. Não posso dar nada medíocre. Finalmente, eu encontro uma receita que promete ser a única. Bolo de canela, novamente, mas desta vez com alguns ajustes que poderiam fazer a diferença. Minha cozinha parece um campo de batalha, com farinha espalhada por toda parte e utensílios acumulados na pia. No entanto, não me importo. Estou determinado a fazer isso direito. Misturo os ingredientes novamente, desta vez com mais cuidado, e coloco o bolo no forno. Enquanto cozinho, preparo a mistura para o bolo três leites sem açúcar: leite evaporado, leite condensado sem açúcar —que por algum motivo tinha o creme. A mistura é suave, cremosa, e quando tento um pouco, sorrio satisfeito. Isso pode funcionar. O aroma do bolo de esponja enchendo a cozinha me dá um pouco de esperança. Quando eu o tiro do forno, a textura é fofa, e quando você corta um pedaço, ele desmorona suavemente. Eu o molho com os três leites, observando como ele absorve a mistura lentamente, certificando-se de que é magnífico. Depois de algumas horas na geladeira, o bolo está pronto. Eu decoro com morangos fatiados e um pouco de creme sem açúcar, e eu olho para ele com orgulho. Não é apenas uma sobremesa, é a minha forma de dizer «obrigado», de mostrar que o seu apoio significou muito para mim. Espero que Bruno goste quando der este bolo. Agora, resta apenas esperar o momento certo para dar a ele. E vem logo por que eu ouço sua porta abrindo e depois fechando. Sei que é ele porque o vi sair mais cedo. Não é como se eu estivesse a observá-lo ou algo assim, foi apenas uma coincidência. Eu pego o recipiente, me armo com coragem e saio de casa para bater na porta dele. Eu toco a campainha e, após segundos, ela abre. — Olá! — Saudação. — Olá! — Então fez algo por me ficou comigo ontem à noite. É simples, mas espero que gostem. — Eu te disse que sou diabético. — Eu sei, eu levei isso em conta. É sem açúcar, prometo que não tento te matar —Levante uma sobrancelha na minha tentativa de brincadeira. Ele se afasta convidando para entrar, o que eu não demoro a fazer. Eu analiso sua casa; sua distribuição é semelhante à minha, embora seja diferente na decoração, já que, enquanto eu tenho coisas cor-de-rosa espalhadas, sua casa é organizada e não há nada colorido. Bruno entra na cozinha e eu o sigo. Deixo o recipiente sobre a mesa enquanto ele puxa pratos e uma faca. Ele me dá o último, então eu distribuo as porções. Ele gesticula para que eu me sente e faz o mesmo. Quando ele dá a primeira mordida, eu espero pacientemente por sua opinião, mas ele dá outra e eu não aguento mais. — Como está? — Gosto, não me lembro da última vez que comi algo assim, obrigada. — É o mínimo que posso fazer depois de ontem à noite. — Tem alguma notícia sobre isso, sua mãe? — Pergunta sem parar sobre comer. — O meu pai mandou uma mensagem. Ela disse que receberá alta que um psiquiatra irá vê-la em casa. — Não quero ser imprudente, mas não pensaste em interná-la? — Para ser honesto, não. O pai recusa a separar dela, tal como o meu irmão. — Eu entendo —diz. E isso é suficiente para encerrar a questão. Quando eu termino de comer, eu deixo o recipiente com o resto da sobremesa, dizer adeus novamente e cabeça para a minha casa. Assim que abro a porta, meu celular toca anunciando uma mensagem; eu não conheço o remetente. Estranho: Um passarinho me deu o teu número. Quer fazer alguma coisa à tarde? Eu: Quem fala? Estranho: Ficaria ofendida, mas depois lembro que nunca te dei o meu número e menos ainda pedi o teu. Sou Leonardo. Meu coração está acelerado e um sorriso está plantado no meu rosto sabendo que é ele. Leonardo: Então vamos sair? Eu: Sim, para onde quer ir? Leonardo: Vamos comer hambúrgueres. Eu: A que horas? Leonardo: Dê-me o seu endereço, estarei aí dentro de vinte minutos. Eu contenho o grito e******o que quer escapar da minha garganta. Eu dou o meu endereço e depois corro para o meu quarto para trocar de roupa. Está um pouco frio, então eu me visto de jeans, botas e um suéter quente. Eu coloco um pouco de maquiagem, pego meu cabelo em um r**o de cavalo baixo e pego minha bolsa antes de sair de casa. Quando saio do edifício, vejo o carro Leonardo estacionando. Eu vou em direção a ele, abri a porta do passageiro. — Olá! — Saúdo quando entro. — Olá Helena!. Leonardo se inclina e dá um beijo na minha bochecha, que fica colorida. Ele liga o veículo, que já estava ligado, e nos leva até aquele restaurante que ele tanto gosta. Durante toda a viagem, ele me contou coisas sobre o trabalho e como se sentia ocupado. — Como foi o seu dia? — Ah, foi bom. “Experimentei uma receita nova”, comento, omitindo o incidente com minha mãe. — Espero ter o prazer de experimentar. — Era uma sobremesa sem açúcar, indicada para diabéticos. — Melhor não. Você faz sobremesas deliciosas, mas não creio que chegue ao nível de me fazer experimentar uma dessas. É inevitável para mim não olhar para minhas mãos que estão torcidas entre elas. Seu comentário pode não ter sentido, mas significa muito para mim. E se ele estiver certo? E se Bruno comesse por obrigação? Não sei, ele parece um homem honesto; Ele me diria se não gostasse, mas... — Chegamos. — A voz de Leonardo me tira dos meus pensamentos. A ilusão de ir com ele começa a desaparecer um pouco; já não me sinto tão confiante como quando entrei no carro. Leonardo sai do carro e eu faço o mesmo. Quando entramos no local, ele agarra minha mão e me leva até uma mesa vazia. Ele abre a cadeira para mim e depois se senta na minha frente. A garçonete aparece e Leonardo faz o pedido para nós dois sem sequer perguntar se eu queria alguma coisa. Por que ele se comporta dessa maneira? “Eu poderia ter desejado algo diferente, digo.” — O pouco que sei sobre você mostra que você é previsível. Você tem uma rotina estabelecida e a segue. Parte do meu trabalho é estudar pessoas, estou errado? — Não sei. — Foi o que pensei. Ser previsível não é r**m, apenas facilita conhecer você. Aproveitarei todas as vantagens que puder para conquistá-la. — Espere, o quê? — Ser teu amigo é o primeiro passo, e não me contento com isso. Quero ser mais do que isso, Helena. Eu, de todas as mulheres, chamo a atenção deste homem. E pela primeira vez o dia todo, sinto que fiz algo certo.
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