Maria Flor(Flor)
Estamos a dois dias esperando Chiara acordar, sabemos que a surra que ela levou antes de chegarmos, deixou muito fraca.
Ainda a doida pegou aquele maldito pelo pescoço e se esforçou muito para o tirar da face da terra!
Tom sumiu e nos deixou com Ângelo, seu irmão, do meio. O médico tem se dedicado para manter Chiara viva.
Ângelo é um amor de pessoa e tem cuidado o tempo todo de nossa amiga.
Quando não está com ela, está conversando conosco e tentando nos confortar.
Segundo ele, não há explicação científica para Chiara ainda estar viva, depois de tudo que sofreu.
Siena vive na cola do homem, ela tem medo que ele se aproveite dela de alguma forma!
Deus, minha amiga, briga com o homem a cada dez minutos por qualquer coisa.
Não sei como Ângelo não a expulsou do seu consultório improvisado ainda ou a proibiu de entrar lá.
No fundo ele entende os nossos medos e receios, não é nada pessoal e sim a falta de amor que nos foi ofertada, nos roubaram de nossos lares e jogaram em um lugar desumano. A descrença no mundo nos tornou assim, e o mínimo de compaixão nos é de certa forma estranho vindo de alguém.
Segundo Ângelo, Tom foi apagar nosso rastro, não podemos deixar pistas ou saberem que estamos vivas, a alguém maior que o Carrasco, sempre há.
Ele perdeu quatro mercadorias e um segurança de confiança, ele está nos procurando com certeza.
Tom foi forja a nossa morte para ser mais exata! Não podemos mais existir para nossos familiares e os colocarem em riscos, isso implica em nunca mais ver nossa família.
Não vou mentir, estou arrasada com essa notícia. Amo meus avós maternos de coração e quando perdi meus pais para um acidente de helicóptero, minha referência familiar era aquele dois velhinhos que eram duros na queda, mas me amavam.
Sair do Japão para morar no Brasil foi um pouco difícil, um choque de realidade para ser mais exata, nada que eu não pudesse me acostumar.
Meus avós eram muito rigorosos, não tinham como não serem, mas não eram piores que meus pais no Japão. Sempre estava cercada em uma redoma de vidro, medo do meu avô era mais forte.
Eles tinham regras a serem seguidas, segundo eles, era para o meu bem, sei que sim.
Não queriam que eu voltasse para o Japão e fosse criada pela família do meu pai. Meu avô paterno pertence a Yakuza, uma das máfias mais perigosas do mundo! Meu pai abandonou para ficar com a minha mãe brasileira. E do amor deles eu nasci!
Por isso mudei de nome e vim para cá, mas não adiantou muito, pois fui sequestrada na porta da faculdade e não eram j*******s.
Na verdade, acho que era um grupo de mercenários, que queria tirar proveito de algo, vendo que mexeram com a pessoa errada me colocaram naquele fim de mundo!
Até hoje não sei o que aconteceu...
O resto é história e agora estou aqui ajudando a mama com o jantar da galera.
- Menina doce não precisa me ajudar em todas as refeições...- A senhora fofa e dócil, mexe um grande caldeirão com caneiro para o jantar. O cheiro é maravilhoso!
Amo comer e estou amando a comida grega, todos aqui são gregos. Acredito que não saímos da Grécia. Somente estamos em um lugar seguro.
- Mama, a senhora vai me engordar! Não posso ficar nessa ilha nenhum dia a mais...- Falou cortando alguns elementos da salada de acompanhamento.
-Ah menina doce, faça que nem os meus meninos corre na esteira no final do dia, eles reclama que cozinho bem e que não tenho pena deles, mas não obrigo ninguém a comer, comem por que gostam! - Mama é uma mulher simples que cuidou dos três enquanto os pais se matavam nos escritórios de advocacia e na construtora. Ela me fala sobre as coisas enquanto eu a ajudo.
-Tem que comer tudo criança, chegaram aqui só o filé da borboleta! Não sei como não morreram no caminho. Tom chega hoje e Alexandre amanhã.
- Quem é esse?- A pergunta pula da minha boca antes mesmo de eu termina de pensar.
- O mais velho dos meus três meninos, amanhã os três vão sentar e conversar com vocês crianças. Não se preocupem amanhã tudo será resolvido e esclarecido.
-Assim eu espero, não posso reclamar sou grata, mas por que nós ajudar?
O que será que Tom tanto esconde e não abre logo o jogo?
Realmente não posso reclamar, pois ele nos ajudou a sair daquele lugar e Ângelo cuidou da Chiara e nos hidratou também.
Agora só me falta conhecer esse tal de Alexandre...
Será que ele é grande com os irmãos?
-FLOR, FLOR, Chiara acordou! - Não precisou Yaya falar uma segunda vez, largo tudo que estou fazendo e corro para ver minha amiga querida.
Corremos pelos corredores enormes da casa até chegar na sala preparada especialmente para a nossa menina.
-Kiki! Graças a Deus você finalmente acordou! Choro de alegria e alívio agarrada em sua mão como medo dela ir para não sei onde.
- Nossa vocês são tão exageradas, foi só uma dor de cabeça, não precisava tanto! - Rimos da palhaça que tirou nosso sono por cause três dias.
- Está fora de combate por um tempo mocinha, costelas quebradas, corpos com hematomas em lugares preocupantes e ficou muito tempo sem o atendimento correto. Seu corpo está implorando descanso.- Ângelo fala e minha amiga concorda.
- Obrigada Ângelo por ter cuidado de mim e pelo jeito das meninas também. Depois daquela noite, tudo fica como um grande borrão em minha mente.
- Você desmaiava de dor Chiara, seu corpo estava muito fraco! Vou pedir para mama preparar uma sopa para você ficar mais forte e se recuperar logo.- Ele pedi licença e vai atrás da mama.
- Não vai atrás para ver se ele vai colocar veneno na sopa da Chiara? -Yaya pergunta para Siena que dá língua.
- Cuidado, era isso que eu estava fazendo, cuidando da nossa amiga.- Siena fala emburrada, mas sabemos que ficou interessada no doutor.
- Cadê o Tom? - Chiara preocupa no quarto.
- Apagando nossos rastros e ajudando nossas famílias de forma anônima. Não podemos voltar Chiara, eles correram riscos.- Yaya fala.
- Não tenho para onde voltar e se voltar será para me vingar! Não tenho família, lar ou alguém para voltar. Aquele homem me deve a sua alma, não vou esquecer o que passei naquele lugar...- Chiara olha para a janela com a vista linda do mar, sim somos agraciados todos os dias pela vista espetacular e o som das ondas batendo.
Nenhum de nós vai esquecer!
- Eu até voltaria para ver aquele velho do meu pai morrer, mas não teria o gosto de matá-lo com as minhas próprias mãos. Então tô contigo para o que der e vier...- Diz Yaya deitando no lado de Chiara que gosta mais tem uma expressão de dor.
- Cuidado criatura! Vai machucar o restinho que sobrou da Chiara!- Siena briga com Yaya, é sempre assim, as duas vivem em amor e ódio!
- Gostaria de arrumar um jeito de ajudar a minha família, sei que não posso voltar, mas eles dependem de mim financeiramente, não sei o que fazer? Estou entrando em parafuso aqui dentro.- Siena aponta para a cabeça e senta na cama.
- Bom meu avô está atrás de mim e não vou voltar para o Japão ou Brasil. Não tenho nada marcado para o resto da vida e vocês foram o mais próximo de irmãs que tive. Se quiserem queimar o mundo e provocar o caos, tô dentro! - Falo por que verdadeiramente não tenho porque voltar, colocar meus avós em risco? Cair nas mãos da Yakuza? Melhor ficar por aqui e ver onde isso vai dar.
-Vou me recuperar e ver o que faremos de nossas vidas, não tô acordada nem meia hora e minha cabeça já está fervilhando de ideias. Querendo o não, venho da máfia e sei o que um Mafioso é capaz...farei pior! Não sabem o que bate no coração de uma mulher vingativa!
Realmente eles não fazem ideia do que nós podemos fazer...