A HERDEIRA DA MÁFIA : O Resgate

08: Vitória – O Orfanato Vazio e o Início da Caçada

(Um galpão no porto de Palermo e o Orfanato de Santa Lúcia em Cefalù, Madrugada.)

O caos começou exatamente às 02h00. Não com tiro, mas com o barulho insistente de telefones. Eu estava no meu carro blindado, acelerando pelas estradas da costa em direção a Cefalù, enquanto o inferno que acabei de criar se desenrolava em Palermo.

Alessandro tinha feito a parte dele. O seu "Frio" os arquivos roubados do meu pai chegou a todos os Chefes. Vídeos, documentos, e-mails secretos. Não só Moretti, mas também Falcone e alguns aliados do Gianni foram pegos vendendo os segredos da Máfia.

O alvo principal, Lucio Moretti, foi o mais atingido. A notícia de que ele estava entregando o Porto de Livorno aos russos fez com que os seus próprios homens questionassem a liderança. O próprio grupo de guerra dele iria devorá-lo antes do amanhecer, deixando o território dele fraco.

Meu "Quente" foi a destruição financeira, não a execução limpa.

Eu sorri, um sorriso frio e satisfeito. Meu pai teria se orgulhado da brutalidade calculista. O caos era meu escudo

No meio do caminho, o carro do Alessandro me ligou no fone codificado.

“Trabalho feito, Rainha. Os Urubus estão se matando. A Máfia está cometendo suicídio financeiro. O preço da nossa paz é a queda do Moretti. Eu fiz minha parte. Agora, Alice.”

“Eu sei. E obrigada. Mas se essa informação for cilada, primo... sua morte será lenta,” ameacei, desligando antes que ele pudesse responder. Eu não confiava nele, mas ele era um jogador. E agora, ele precisava de mim para sobreviver.

Minha mão apertou minha Beretta( Pistola). Eu estava chegando perto da Alice, e o instinto de mãe estava falando mais alto que a Executora

eu podia sentir o cheiro da minha filha.

O Teste do Gianni

Meu rádio codificado explodiu com um aviso. Meus seguranças, que eu tinha reunido às pressas, viram um bloqueio na estrada para Cefalù. Uma van de entrega de flores quebrada e quatro caras fumando no escuro. A armadilha do Gianni.

“Rainha, são os homens do Gianni. Ele sabia para onde íamos. Ele quer o resgate primeiro,” meu segurança avisou.

Eu ri. Gianni era previsível. Ele achava que eu ia parar para negociar ou lutar de frente. Ele nunca me veria usar a Executora completa.

“Não parem"

"Muda a rota para a antiga estrada romana. E liguem o rastreador GPS da van de flores. Deixem ele pensar que estamos presos,” ordenei.

Meu motorista acelerou, o carro blindado rasgando o campo, ignorando a armadilha do Gianni. Meu primo ganancioso teria que se contentar com a vergonha do fracasso

Chegamos em Cefalù.

O Orfanato de Santa Lúcia ficava no topo de uma colina, silencioso e sombrio na luz fraca do amanhecer. Não havia carros de luxo, apenas o silêncio de gente inocente e o cheiro de mar.

Deixei minha segurança cobrindo a entrada principal e fui sozinha. Eu não podia arriscar um tiro perto da Alice.

Me aproximei da porta de serviço dos fundos, o coração batendo forte como um tambor. Bati o código que meu pai me ensinou quando era criança.

A porta abriu. Marco estava lá, o homem com os olhos tristes, mas o corpo forte como um carvalho. Ele tinha um rifle apontado para o meu peito.

“Quem está aí?” a voz dele era baixa e rouca.

“Eu sou Íris Corleone. A filha do Capo. Eu vim buscar meu bem,” eu disse, minha voz calma e mandona.

Marco não reagiu. “Qual é a senha, Executora? Para garantir que não é uma farsa, ou um Urubu.”

Olhei para ele, para os olhos leais, e disse a palavra que meu pai tinha deixado: “Vittoria.”

O corpo de Marco relaxou. Ele abaixou o rifle. Minha autoridade tinha sido confirmada.

“Rainha”

ele sussurrou, a voz cheia de alívio.

“O Capo preparou tudo. Ele disse que só a Executora viria, e só a Executora saberia a palavra.”

Ele abriu a porta para o interior escuro e silencioso do orfanato. Prendi a respiração.

"Ond?..Onde.!?"

“Onde ela está?"

"Onde ela está? Alice. Minha filha,” implorei, a mãe tomando o lugar da Rainha por um instante.

Marco apontou para uma porta no fim do corredor. Corri. Meu coração batia com a certeza do reencontro. Abri a porta.

O Orfanato Vazio

O quarto estava vazio. Apenas uma caminha pequena, arrumada, e um ursinho de pelúcia jogado no chão

Ela não estava lá.

Virei para o Marco, a fúria gelada explodindo em mim. Minha Beretta estava apontada para a cabeça dele em menos de um segundo.

“ ONDE ELA ESTÁ, SEU TRAIDOR? VOCÊ A VENDEU MINHA FILHA PARA O GIANNI?” gritei.

“Não! Rainha! Juro pela alma do Capo!” ele gritou, mas não se moveu.

“O Capo previu que, no momento em que a senhora voltasse para Palermo, os Urubus ficariam agitados. Ele não podia arriscar. Ele me deu ordens para movê-la Alice está segura.”

“Onde? Onde você a levou?” Eu estava tremendo, mas não era de medo. Era de pura raiva. Meu pai tinha me enganado até o último minuto.

Marco tirou um pequeno pergaminho dobrado do bolso, selado com o símbolo Corleone.

“O Capo disse: ‘Se for a Executora, ela saberá que eu a movi. Ela não é boba. Dê a ela a primeira pista. Seu anjo da guarda conhece o lugar. Mas o anjo da guarda só a encontrará no Coração de Nápoles’.”

Marco me entregou o pergaminho.

“O que é o ‘Anjo da Guarda’?” Eu perguntei.

“O Capo não disse. Mas ele mencionou uma mulher. Uma sombra que o tem ajudado. Uma mulher que sabe demais sobre nós. Ela vai esperá-la em Nápoles. Ela tem a próxima peça do quebra-cabeça, Rainha. Sua filha é a recompensa. Mas sua sobrevivência é o jogo.”

Olhei para o pergaminho, depois para o orfanato vazio. Senti o desespero. Eu tinha destruído Moretti, arriscado minha vida e quebrado meu voto, só para encontrar um beco sem saída. Meu pai tinha me forçado a sentar no Trono antes de me dar minha filha.

Abaixei a arma. Marco era leal. Ele era uma peça no jogo do meu pai.

“Marco, prepare sua bagagem. Você vem comigo. Você será meu Guardião Leão,” ordenei, a Executora de volta e totalmente no controle.

Eu tinha que ir para Nápoles. Eu tinha que encontrar esta “Sombra” ou “Anjo da Guarda”. E se essa mulher ousasse brincar comigo, eu usaria a Executora para desmembrá-la.

Meu retorno ao inferno não era para sentar no Trono; era para usá-lo como um navio de guerra.

A caçada estava aberta.