Laços

955 Words
A casa do Sanders é realmente enorme, por dentro e por fora, mas a área que mais gosto é o pequeno quiosque próximo ao playground construído especialmente para o Oliver. Ele me disse que nunca visitava essa parte, porque todo mundo estava ocupado para levá-lo lá. Eu não entendo como uma babá pode estar ocupada para cuidar da criança que foi contratada para cuidar, mas tudo bem. Durante a tarde, peguei uma bolsa térmica e fiz lanches de queijo fresco com orégano. Oliver ama isso de um jeito que não dá para explicar. E assim que os lanches estavam prontos, fechei a bolsa e fui até o quarto onde ele brincava distraído com alguns carrinhos. – Oliver, já faz alguns dias que eu estou aqui, e eu ainda não conheço algumas partes da casa. Que tal explorarmos o quintal, hm? Acho que você tem que colocar um tênis e me levar para conhecer tudo que tem na propriedade do seu pai. – Os olhos azuis da mini cópia do Sanders brilhavam. – Sim! Sim! – Ele pulava empolgado com os braços para o ar. Colocamos uma roupa mais fresca. Um short azul e uma camiseta do baby shark, com um tênis amarelo muito bonito. Eu coloquei um vestido azul bem fresquinho com margaridas minúsculas estampadas, prendi meu cabelo com um laço e coloquei meus tênis brancos. A gente tirou uma foto e ele levantou os dois polegares. Fomos andando para fora da casa de mãos dadas, e eu percebi que o jardim era lindo demais. Tantas flores bem cuidadas, tanto terreno... Algumas árvores frutíferas muito bonitas e viçosas... Como esse lugar não é usado? Parece um oasis! Chegamos no playground da propriedade do Sanders e Oliver correu até o escorregador. Eu me sentei no pequeno quiosque e observei o garoto brincando. Ele tava tão feliz... Vez ou outra, me chamava para que eu visse as peripécias que fazia no playground. Olhei para o relógio por perceber que estava escurecendo. Chamei Oliver mais uma vez para comer o lanchinho e ele finalmente se rendeu. Tomou um suco de maçã, comeu seu lanche e enquanto ele comia, ouvi passos na grama. – Papai! – Ele deu um grito feliz da vida. Sanders chegou, de terno, lindo, cheiroso... Nem parecia que havia passado o dia no trabalho. O cheiro amadeirado dele me fez sentir um conforto que eu não queria. – Oi, pequeno. – Ele sentou ao lado do filho e beijou a testa do garoto. – Estão fazendo um piquenique? Posso participar? – Pode, papai! A Wendy fez um monte de lanche, ó! – Ele apontou para a bolsa térmica e Sanders pegou um para ele. – Posso? – Ele olhou para mim, com aqueles olhos azuis cor do Caribe. Esse homem pode o que ele quiser. Só aquela leve levantada na sobrancelha que ele fez, faria o mundo cair aos pés dele. – Claro. – Eu sorri. Sanders e o filho conversavam de forma tranquila enquanto eu os observava. Oliver contou de como o dia foi divertido e o tanto que brincou, e eu perdi a noção do tempo. Eu não queria entrar, apesar de já ter dado meu horário. – Seu jardim é lindo! – Falei. – Muito bem cuidado. – Obra da minha falecida esposa. Tudo foi plantado pelas mãos dela. – Aquilo me deixou surpresa. Mas eu sorri. – Você parece ter amado muito ela. – Ele concordou com a cabeça e a abaixou. – Muito. Mas não quero falar sobre isso. – Ele sorriu de forma fraca. Olhou de volta para mim e eu concordei. – Já deu seu horário, pode se retirar. – Sim, eu vou. Obrigada por... Vir aqui. O Oliver adorou. – Eu abri um sorriso. Ele sorriu de volta, mostrando os dentes perfeitos. – Faz muito tempo que não venho aqui. Eu é quem devo agradecer a senhorita. – Dimitri Sanders encostou a mão na lateral do meu braço e se eu não fosse perita em disfarçar meus sentimentos, teria desmaiado. – Devia aproveitar mais sua casa. Ela é linda. – Minha vontade foi dizer que a casa é linda como ele, mas fiquei quietinha. Eu não quero estragar tudo com meu emprego, e principalmente, com o Oliver. – Já estou começando a aproveitar melhor. As cortinas estão abertas... Dá para ver as cores de novo. Desde que você chegou as coisas estão mais iluminadas, senhorita Wendy. – Meu coração foi parar na boca. Eu queria não me sentir tão afetada por ele, mas era difícil. Ele é realmente um homem difícil de resistir. Galanteador na fala, no olhar, no sorriso... Acho difícil alguma mulher que resista ao charme de Dimitri Sanders. Eu apenas sorri e senti minhas bochechas corarem. Pedi licença, constrangida por não saber o que falar, e saí, indo em direção a mansão. Tomei um banho, me troquei e finalmente senti relaxada. Abri uma latinha de água tônica e me deitei na cama com um livro na mão. Enquanto eu estava lendo o livro deitada na cama, bebendo minha tônica e comendo um salgadinho qualquer, quando ouvi batidas na porta. Achei que pudesse ser o Oliver mas ao abrir a porta me surpreendi: Era o Sanders. – Posso ajudar? – Fiquei surpresa. Ele geralmente pede os favores por mensagem. – Queria me desculpar pelo comentário que fiz hoje, caso isso tenha constrangido você. – Ergui as sobrancelhas. – Sobre seu filho estar mais alegre com a minha chegada? Ah, senhor Sanders... Eu me senti lisonjeada! Só não sei como reagir à elogios. – Abri um sorriso sincero. – Tudo bem, então. Boa noite, senhorita Wendy. – Ele sorriu mais uma vez. Fechei a porta do meu quarto e me encostei nela. Vai ser difícil... Resistir.
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