Capítulo 1

1015 Words
Luísa on : - Estou falando que assim não dá certo Bagdá, tá colocando todo mundo em risco e não tá percebendo. Bagdá : E o patrão nessa porr@ é eu ou você? Luísa : Você, mas já que é assim coloca outra no meu lugar, estou fora! Sai da sala do Bagdá batendo a porta, essa ganância dele vai acabar ferrand* nós todos e eu tô correndo de problemas e principalmente da cadeia. Todas as semanas ele inventa algum assalto para fazermos, já estamos manjados no asfalto, precisamos dar um tempo e deixar a poeira abaixar, mas ele não entende acha que o dinheiro todo vai secar por ficar 2/3 meses parados e porr@ o cara tem dinheiro para dar e vender. Sai andando pela rua e passei em frente a casa que morei com o meu pai e me vieram tantas lembranças ruins, o meu pai infelizmente foi fraco, mas também não sei o que se passava na mente dele, só que também é aquilo cada um trilha o seu caminho e o dele não foi um caminho maneiro, tô trilhando o meu também, certo ou errado, mas estou. Me pegando pensando às vezes se estou fazendo o certo, sou nova pra car@lho, tenho apenas 18 anos e já estou no corre, só que eu preciso trabalhar, infelizmente eu não consigo pagar uma faculdade decente trabalhando honestamente e eu vejo aqui no morro uma oportunidade para quando eu me formar em enfermagem também, estou no primeiro semestre e logo logo vou estar formada e não preciso mais trabalhar na boca, posso pedir uma oportunidade no posto para o Bagdá e sabendo que ele sabe toda a minha história e sabe que eu não entrei nesse mundo por causa de luxo e sim porque eu precisava do dinheiro ele me dará a oportunidade tranquilo. Voltei a minha realidade com o celular tocando, passei a mão no meu rosto que havia sido molhado com algumas lágrimas e continuei andando, passei em frente a biqueira da rua 8 e vi que a moto da Milena estava parada na frente. Luísa : Tudo na paz aqui? Mi : Oi amore, como você tá? Tá com uma carinha tristinha. Luísa : Tá de boa, Bagdá te mandou aqui? Mi : Uhum, tava igual um maluco lá na boca que você disse que tá fora do assalto essa semana. Luísa : Tô mesmo ele tá colocando todo mundo em risco. Mi : Ai amiga nem falo nada, você já é cria dele, eu só cumpro ordem. Luísa : Eu também, mas a hora que alguém cair na tranca não tem patrão que faça sair não. Mi : Isso é verdade. Enquanto conversava com a Milena o meu celular não parava de tocar e todas as vezes que eu olhava era o Bagdá me ligando, pode ligar até cansar que eu não vou atender, ele não escuta ninguém porque eu tenho que ouvir ele. Mi : Não aguento esse amor encubado de vocês. Luísa : Tá amarrado, vamos tomar um café lá em casa? Mi : Tô só esperando o menor trazer o caderno da contabilidade daqui e vamos. Eu não tenho família em canto nenhum, quando o meu pai faleceu eu tentei ir atrás da minha mãe, não porque queria dinheiro ou algo do tipo, mas porque não queria ficar sozinha nessa porr@ de mundão, pior coisa do mundo é ser sozinha sabendo que você tem uma família viva, mas no futuro ela que se resolva com o karma de ter abandonado uma filha e eu vou criando minha família de rua, os amigos que me acolhem. A Milena saiu com o caderno da mão e subiu na moto e me chamou para ir na garupa. Luísa : Deus me proteja, mas bora haha. Chegamos em casa e quando sentamos na mesa a porta se abriu com tudo, olhei assustei e vi o Bagdá entrando, o homem está cuspindo marimbondo de ódio. Bagdá : Porr@ Luísa, não fod* tô te ligando e você não atende. Luísa : Tenho que estar disponível 24 por 48 para você? Bagdá : Se eu quiser você tem ou você esqueceu que ganha para isso? Luísa : Impossível esquecer você faz questão de lembrar todos os dias. Bagdá : Bota um café aí para mim vai. Luísa : Há pronto, virei empregada também. Bagdá : Car@lho hein, não mexe um dedo para fazer algo pela gente. Milena : Aí quando eu falo desse amor encubado vocês ainda me xingam. Ficamos em silêncio para o assunto acabar e para evitar mais falação me levantei e coloquei uma xícara para o Bagdá, nós dois vivemos igual cão e gato, mas eu tenho um carinho enorme por ele, no momento que eu mais precisei de abrigo e de um amigo ele estava ali para me ajudar, mas nós dois sabemos diferenciar amizade e serviço, dentro da boca ele é o patrão e eu sou a funcionária, mesmo a gente não concordando com algumas atitudes dele e por isso que eu deixo ele falando sozinho e saio de perto. Bagdá : O menor falou na boca que te viu parada em frente à sua antiga casa. Luísa : O povo tem a língua maior que a boca também. Bagdá : Tira essa armadura, estamos entre amigos, tá tudo bem? Luísa : Só passei por lá e parei lembrando do passado. Bagdá : Não acha que está na hora de abrir aquela casa e dar fim em tudo que tá lá dentro? Luísa : Não tô pronta para isso ainda e também não quero falar sobre. Bagdá : Jaé, tô metendo o pé e teu plantão ainda não acabou bonitinha. A Milena logo se apressou para voltar pra boca e eu ainda fui ajeitar a bagunça aqui, não é fácil ser sozinha e ter todo o trabalho de dona de casa e ainda trampar fora, a minha rotina é uma correria, tem dias que eu só venho aqui para dormir, mas graças a Deus e aos meus corres eu tenho um trampo e um teto para chamar de meu.
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