Capítulo 16 - Hirin

1022 Words
Ela sentia o olhar do príncipe das profundezas abissais em suas costas, era como uma onda curiosa quebrando contra a sua pele, ultrapassando a barreira do tecido e testando-a. Sabia que ele estava curioso com o porque ela agora brilhava com a graça de um anjo, e o pior, uma a qual a maioria deles estavam acostumados a ver, afinal eram raras as essências douradas, principalmente para um arcanjo. Significava fogo, não um simples e facilmente manipulável, mas um capaz de destruir legiões de seres do inferno ou até mesmo celestiais. Os dedos da mulher batiam freneticamente contra a mesa, conforme o tempo passava, ela lia de novo e de novo aqueles relatórios e por mais que tentasse se concentrar, não conseguia chegar em algo realmente consistente. Parecia que nada era absorvido e tudo o que continuava fazendo era perder tempo. Bom, já estava na hora de sair um pouco, continuar revisando aquilo não faria bem algum a ela ou a vitima. Mais uma, encontrada na rua, descartada como nada mais do que um saco de lixo, estava totalmente drenada de sangue, mas não havia sinais de lesões, seja um corte ou uma mordida. Qual tipo de sobrenatural poderia ter feito aquilo e porque? Não havia qualquer rastro que eles pudessem seguir, qualquer coisa que fosse realmente ajudar em algo naquele caso, estavam esperando por qualquer indicio das câmeras ou da perícia no local da desova, mas as imagens pareciam ter sido adulteradas, em um momento o corpo não estava ali e no outro estava. Não tinha nenhuma falha nas imagens e mesmo assim os técnicos acreditavam na adulteração, quando Wesley viu o vídeo junto a Hirin naquela manhã ela podia jurar que o lobisomem estava tendo segurar um rosnado, os dentes levemente a mostra conforme repetiam o mesmo trecho de novo e de novo em busca de qualquer vestígio de corte. Eles sabiam, era alguma forma de magia, um poder que havia transportado o corpo de um lugar para o outro. Desde então ela repassa as informações naquela pasta e tudo o que sente é inquietação, infelizmente não fora com sua moto para o trabalho ou já teria fugido há muito tempo. Por fim, ela parou de se martirizar e se ergueu do assento, passando as mãos suadas no cabelo escuro cheio e espesso, esticou as costas e caminhou para os terraços do primeiro andar quase casualmente. Sabia porem que alguém a seguia de perto, não fazia questão de esconder isso, e pelo cheiro de água do mar e o frio que o final dele deixava no fundo do nariz, Leviatã parecia um predador cercando sua presa. Hirin chegou ao terraço quase vazio exceto por algumas plantas nos cantos, não havia cadeiras, era estreito, a ventava forte o suficiente para balançar os fios do cabelo. Atrás dela, Levi respirou tão profundamente que quase exibido o par de presas pontiagudas que escondia. O cheiro dela era uma mistura de abismo e eternidade, queda e ascensão, como respirar profundamente em pleno vazio e encontrar na ausência uma gota de poder que transformava em tudo ao mesmo tempo. Diferente, curioso, perigoso. - O que você deseja, Levi? - Perguntou ela. Os olhos focados nos prédios adiante de si, a inquietação que era a grande cidade e como nunca conseguiam estar em um silencio absoluto. - Você sabe exatamente o que desejo. Em uma noite você é a coisinha nascida de Hades, e agora está brilhando como um arcanjo com chamas de devastação. Conheço pessoas que adquiriram a essência de seus cônjuges, mas nenhuma de natureza tão reversa que o segura por tanto tempo. Na melhor das hipóteses isso já deveria ter consumido você viva. – a Voz do príncipe demônio era grave e poderosa, mas transpassada uma clama muito perigosa. - Isso que estou ouvindo é preocupação com o meu estar? Não se preocupe, Levi, posso cuidar de mim mesma. – dessa vez ele rosnou e quando Hirin olhou para trás o encontrou com os braços cruzados sobre o peitoral encostado na parede de vidro que dividia a área de espera da varanda estreita. Os olhos quase da cor da espuma do mar a analisavam por baixo dos cílios, uma sombra escura se projetava sobre ele, era intimidante tal como um príncipe do inferno deveria ser. Ela porem, sorriu em resposta aos lábios unidos em uma linha ríspida do outro. - Se alguém ver isso em você se tornará um alvo tão fácil, que nem terá tempo de se preparar para o ataque. Anjos não gostam de dividir suas coisas com ninguém, e há poucas coisas capazes de absorver a essência deles, ainda mais de um arcanjo tão antigo quanto Christiel, pareado a Gabriel e Cadrel. Eu poderia até supor que o tinha matado e roubado tudo o que ele possuía, mas para um ser do abismo você é muito boa para isso, então a única forma é ele te dar isso em troca de algo. – ela eu de ombros voltando a olhar para a cidade. - De qualquer forma não é da sua conta, é? – dessa vez foi ele quem sorriu, algo quase totalmente macabro. - Não, mas tem anjos na cidade, estou sentindo-os daqui e tenho certeza que não vão demorar muito para sentir você também. Então, veja isso como um favor que posteriormente pode ser cobrado, sabe do perigo agora, tente manter o bom senso de atacar primeiro e perguntar depois.- e com isso o demônio se virou e sai com passos silenciosos. Ela só notou sua ausência pois não conseguia mais ouvir o toque abafado do coração que bombeava sombras e água salgada. Já não havia problemas demais para se preocupar? Sua vida estava entrando em um espiral de coisas fora de sentido desde que chegara Seattle, Não havia muitas coisas que pudesse fazer diante disso a não ser enfrentar, e ela não faria isso sozinha. A morena então enviou uma mensagem para Haviel, avisando onde estava e o que o príncipe havia lhe dito, a resposta dele foi absurda e, ao encarar o telefone sentiu vontade de jogar o aparelho daquela sacada. ‘fique perto de Leviatã’
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