Joca Narrando
Bagulho foi doido… Tudo começou quando eu tinha 14 anos. Nossa casa foi invadida, os cara meteram o loko, levaram tudo… meu irmão não aceitou, falou na lata que ia vingar, e não deu outra: pegou a peça e pá, derrubou o maluco! Primeira fita dele… sangue frio, visão.
Meu irmão sempre foi correto, trabalhador… Nem correu, nem se escondeu. No dia seguinte, tava lá, trampando na marcenaria como se nada tivesse acontecido. Só que a civil colou no fim do expediente, deu a voz de prisão… e ele? Nem se abalou, só baixou a cabeça e foi levado.
Mano… meu mundo desabou. Ele era minha referência, tá ligado? Meu exemplo de homem, já que meu pai… nem preciso falar, nunca foi presente, nunca fez nada por nós.
Aqui na quebrada, o tráfico sempre foi pesadão… Os menor tudo largando a escola pra fazer dinheiro fácil. Eu, na revolta, fui e entrei nessa também. Só que graças a Deus, tive cabeça e concluí meus estudos.
O antigo dono aqui era monstro, respeitado demais! Fui crescendo no movimento, ganhando moral… conquistei a confiança da rapaziada, geral via que eu era sangue bom, mas postura de cria. Não usava, só vendia… visão de quem quer crescer.
E o melhor? As mina tudo no meu pé… sempre fui altão, bonitão, presença! Chamava atenção de longe…
Ih, vacilei, nem me apresentei direito… meu nome é João Carlos, mas ninguém me chama assim… Na pista sou Joca. Dois metros de altura, moreno, olho escuro, beiço carnudo… cara fechada, olhar sombrio.
Nem sempre fui esse maluco frio e temido… mas a vida me forjou na marra, no fogo, tá ligado? Nem dentro de casa, com minha coroa, eu conseguia mais ser aquele pivete feliz…
Antigamente, nos pagodinho aqui em casa, eu era o muleque do freezer, pegava as breja pra geral. Eu? Só ficava no refri… sabia que criança tem que brincar, estudar, não se envolver nessas paradas erradas… mas, cê sabe como é, né? Não foi isso que a vida reservou pra mim…
Armaram uma casinha sinistra pro antigo dono… Os arrombado chegaram na maciota, se misturaram com a molecada que tava saindo da escola, lá pras 21h… Cercaram o local na moral… Ninguém percebeu, foi tudo calculado.
Os pilantra pararam o carro na praça onde ele tava bebendo com os aliados… Desceram dando rajadão, só mirando nele! Nem deu tempo do Edinho reagir… foi cabuloso demais!
Na moral… certeza que teve X9 nessa fita… Os cara sabiam de tudo: local, horário, com quem ele tava…
Molecada tudo correndo, se escondendo com medo de tomar perdido… cena frenética, o corpo do nosso chefe ali, esticado no chão… A quebrada toda chorou, mano…
Ele podia ser frio, calculista, mas pra nós, da comunidade, ele era um pai… Ajudava geral, dava cesta básica, cuidava das viúvas, das mãe solteira… até casa ele mandou construir pra quem não tinha.
Eu, só observava e falava comigo mesmo: “Quando eu crescer, quero ser igual a ele”.
Sete meses depois… derrubaram o sub dele, o BK. A gente ficou sabendo que quem pediu a cabeça dele tava envolvido também na morte do Edinho… Mas até hoje… saber saber mesmo, ninguém sabe.
Quem executou foram dois do movimento, que não gostavam de trairagem. Mas no fundo… eu ainda acho que teve infiltrado no meio, que comprou a peça só pra incriminar um dos nossos…
O bagulho foi abafado… tanto pros cana quanto pra nós. A gente sentiu, lógico… mas a vida segue, né?
Comecei de aviãozinho, aquele corre básico… mas fui crescendo, me destacando. Quando mataram o chefão, eu já tava com moral e visão…
Como eu era temido e conhecido, não demorou… assumi a liderança do tráfico e da comunidade. Com 17 anos já era o mais frio que eu conhecia…
Aqui no tráfico não tem massagem… é só rajada pesada.
Agora mesmo tô aqui na boca, conferindo a mercadoria, separando pra distribuir…
As mina chegam na maior marra, querendo ser aviãozinho no asfalto… Mas comigo não tem caô… vou botar elas no teste. Já conheço essas maluca tem mais de década… Não vão aprontar… Assim espero. Elas sabem: o pai cobra!
Clara — E aí, negö… vai dar essa moral pra gente? Eu e Gabi tamo pronta, pô… Pode confiar. A mercadoria chega suave na Zona Sul com a gente.
Olho pra ela com aquele olhar de quem já viu muita coisa… Sério… Como se o futuro estivesse me dizendo: “essa mina vai te meter numa enrascada das braba”.
Mas aí… olho dentro do olho da Clara e penso: são bonita, tem cara de patricinha… ninguém vai desconfiar. E eu? Só vou lucrar…
Acho que quem vai sair no lucro sou eu.
— Cola aí amanhã, a partir das nove, pra desenrolar esse bagulho… Pode crê.
Elas dão aquele sorrisão maroto e concordam…
O corre não para… e aqui, parceiro… não tem massagem!
CLARA — Aí, Joca... tu não vai se arrepender, papo reto. Pode confiar! — manda aquele selinho de cria e já sai na marra. — É, família... eu e o Joca temos aquele lance, mas deixa quieto, né… depois nós desenrola.
GABI — Valeu, Joca! Tu não vai se arrepender, meu chapa! — fala dando aquela piscadinha marota pra mim.
— Espero memo que eu não me arrependa… cês tão ligada: vacilou? É vala, sem massagem! — solto olhando firme, com aquele olhar de quem já viu muita coisa nessa vida e não tá pra brincadeira. Fico mais um pouco ali, resolvendo uns B.O, aquele corre de sempre.
MK — E aí, gigante… como tamo hoje? E a distribuição, já foi feita? — pergunta me olhando, na responsa.
— Quase tudo na pista já… resolvi dar uma moral pras duas gostosonas lá… — penso comigo mesmo: cê tá maluco, pensa numa mina gostosa... p#rr@… até o pa# pulou!
MK — Pode pá, já é… se tu aceitou, tá fechado, irmão! Tô abraçando, vapo! Vou nessa cobrar uns arrombado ali… ficaram de pagar hoje. Não vou dar estia pra nóia não, viadø… vou chegar descendo o sarrafo nesses filha da pørra Fumou, tem que pagar nessa bagaça! — fala já bolado, com sangue nos zóio.
Só aceno com a cabeça, sem muito papo. A visão é a mesma: se vacilou, é rajada.
Termino o que tava fazendo, pego meu Civic branco — aquele brabo — e puxo marcha pra casa. Entro na garagem, sigo pra cozinha, viro logo um copão d’água, subo as escadas tirando a roupa, jogo no cesto e já entro no box. Deixo a água quente cair, tirando o peso do dia, lavando a alma forjada no corre, na bala, no suor.
Saio do banho, visto só uma cueca branca da Oakley e um short, desço de volta pra cozinha, tô numa larica das braba… minha coroa já tá lá, no rala, como sempre.
— Aí, coroa… tô numa larica pesada! — falo já descendo com aquele jeitão de cria.
GERALDA — Senta aí, meu filho… já vou servir. Como foi as coisas hoje? Tá tudo certo? — pergunta enquanto mexe na panela… minha coroa é minha vida, meu alicerce.
— Tamo indo, coroa… de pouquinho em pouquinho a gente vai botando na rua, né… — falo meio sem graça. Ela só faz aquele sinal de cabeça, olhando pra baixo… sei que nunca foi essa vida que ela quis pra mim, mas é o que tem pra hoje… já era.
Termino de jantar, vou pra sala, jogo um filme qualquer e acabo apagando no sofá. Acordo com minha coroa vindo me cutucar.
GERALDA — Todo dia a mesma coisa, Joca? — fala apertando meu nariz, na resenha.
— Boa noite, dona Geralda… tô indo! — falo na marra, dando aquele sorrisinho.
Ela nem pensa duas vezes: tira a sandália e taca em mim.
GERALDA — Me respeita, guri! Da próxima vez eu acerto em cheio! — rimos junto. Amo minha coroa… coração de ouro, mesmo com toda dureza dessa vida.
Subo as escadas, já deitando na cama, cabeça a milhão… pensando no dia de amanhã. Tô torcendo pra essas minas dar certo, porque se não der… nem quero imaginar qual vai ser o fim.
Continua.....
RECADINHO DA AUTORA 👀
Se você ama um romance proibido, cheio de desejo, tensão e reviravoltas, então esse livro é seu lugar.
Aqui você vai encontrar intensidade, segredos e escolhas que podem mudar tudo… porque até onde vai o limite entre o certo e o errado quando o coração insiste em bater mais forte?
E lembre-se: mesmo no meio da dor, no meio das traições e no meio do caos… o amor sempre nasce. Até os brutos também podem amar. ❤️🔥
Vem comigo viver essa aventura.
De uma humilde autora pra você, leitora quente e corajosa.
Te espero nas próximas páginas.
AVISO LEGAL
Esta obra é fruto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, lugares ou situações reais é mera coincidência.
🚫 Proibido para menores de 18 anos.
Contém cenas de viølência, sexø e linguagem imprópria.
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Com carinho (e um toque de safadeza), JM MARTINS.