Capítulo 03 Joca

1825 Words
Joca Narrando Mais um dia comum na quebrada. Levantei cedo, como sempre, pra fazer meus corre. É o olho do dono que engorda o gado, né não? E aqui nóis não pode moscar. Hoje é dia de levar a coroa pra visitar o JM lá no xadrez. Já vai pra cinco anos que ele tá mofando naquela p***a… Tô agilizando pra lili dele cantar logo, porque ele merece. Saio dos pensamento com a voz da coroa, daquele jeitão dela, sempre ligeira. Geralda — Bora, meu filho… Não podemos vacilar, tu sabe como é aquelas fila do inferno. Quero ser uma das primeira. — Ela soltou e eu balanço a cabeça essa pørra aqui não é pra ela não papo reto mermão. — Já é, coroa… Deixa só eu terminar de mastigar aqui e já colamo lá. Já desenrolou com o advogado? Quero meu cria saindo daquela pørra pela porta da frente, do jeito que merece. — faltou com o coração acelerado pra caralhø. Geralda — Se Deus quiser, meu filho… Se Deus quiser… Peguei o Fusion preto, daquele jeitão discreto… O pai age no sigilo, visão de cria, sem chamar atenção pra não dar mole. Chegamo e um dos segurança levou nóis até onde o JM tava esperando. O maluco parecia bolado, agoniado. — E aí, meu cria… Como cê tá? Sei que é mó pedreira aqui dentro… Mas se tu quer sair dessa pørra, tem que se comportar, visão? Tô desenrolando uns corre lá fora pra tua lili cantar, e tu dando trabalho? — soltei e ele abriu os braços, e nem foi pra aquele abraço e sim porque tava bolado. JM — Veio só pra me dar sermão, foi? Só porque agora é o chefão acha que manda em mim, né? Como tá Dona Geralda? Aguenta firme, né? Logo eu tô na pista de novo… Geralda — Tu tá bem mesmo, meu filho? — Olhei ele no olho, na responsa. O bicho parecia meio avoado, olhar perdido, tipo quem tá chapadão… Quase questionei, mas ele disse que tava na moral, então deixei quieto. Só pedi pro advogado ficar na contenção, de olho. JM — Trouxe meu giz? Esse eu não abro mão… E a grana? Que fim levou o GP? Não vi mais o cria por aqui. — Ele perguntou. — Pørra, mano… Os maluco tavam tirando com ele. Era o único agente daqui da comunidade. A rapaziada aqui dentro não soube respeitar o corre dele… Aí pediu transferência, né. O GP fortalecia grandão, era fechamento, mas entendo… Tava sendo ameaçado por Zé Droguinha, aquele bando de bico safadø. Nós é tráfico, mas tem proceder… Não curto essas pïlantragem, ainda mais com quem cresceu com a gente. Respeito acima de tudo, tá ligado? Cada um escolhe o caminho que quer seguir. — Passei a visão e ele só travou o maxilar balançando a cabeça. JM — Putä que pariu… Por isso que ele sumiu, então… Mas é isso, nem todo mundo tem psicológico pra aguentar esse corre aqui, ainda mais quem não vem do crime, né não? — ele largou e eu do concordei. — Já tá acabando o horário da visita… Fica suave, que nóis tá cuidando de tudo lá fora. Logo tua lili canta, visão? Firmeza, irmão? — passei a visão porque não vejo a hora dessa pørra acabar Geralda — Aguenta as ponta, meu filho… O doutor tá desenrolando tudo. Logo, logo tu tá com a gente de novo… — Ela falou firme, mas a voz entregou… Tava segurando pra não desabar, conheço. Saímos do presídio no silêncio… A coroa, mó séria, olhando a paisagem, como quem procura uma saída no meio do caos. Eu só pensando nas ideia do JM… O jeito que ele tava, meio distante… Meu irmão sempre foi cria forte, mas esses anos… Tá pesando. No meio do caminho, a coroa soltou, quebrando o silêncio: Geralda — Meu filho… Tu acha que tá fazendo tudo que pode? Às vezes eu sinto que nóis tá correndo atrás do vento… — Tô fazendo o corre, coroa… Tu sabe… Não é só grana… É jogo de paciência, influência… Tem que saber mexer as peça certo, senão já era. — Mandei na moral e ela soltou aquele suspiro, ajeitou o pano na cabeça… E ficou na dela, olhando pro nada… Igual eu… Só esperando o dia do JM sair pela porta da frente e voltar pra quebrada, onde é o lugar dele. Geralda — Eu só quero meus filhos juntos de novo. Só isso. É pedir muito? — Não, mãe. Eu prometo que logo o JM tá de volta. Só segura mais um pouco. — papo retto, parceiro tá aí um BO, que não desejo para mãe de ninguém. Chegamos em casa e deixei a coroa em casa. Não gosto de ficar muito tempo longe dela, principalmente depois de uma visita assim, mas hoje preciso resolver uns corres antes do pagode. Rádio on Mk : Joca está na escuta, preciso que tu cole aqui próximo a escola um b.o pra tu resolver Joca: jae conta 10 tô chegando Mk : aguardando Rádio off — coroa eu vou precisar resolver um b.o , jaja eu volto tomar um banho e curti um pagodinho na praça Geralda — tá bom meu filho Saio de casa em direção à escola. Quando chego lá, vejo uma muvuca, e o MK sentado em cima de um menor, de no máximo uns 13 anos. Paro a moto, desço e ajeito o fuzil nas costas. — O que tá pegando aqui? Me tiraram do meu momento de paz com a minha coroa. Bora, desenrola essa fita. MK — Joca, esse é o menor que tá há mais de três meses assaltando o pessoal e botando medo nos trabalhadores. Tava na cola dele há uns dias. Hoje, ouvi uma moça gritar que ele roubou o telefone dela. Corri atrás, alcancei, e agora tá aí — aponta pro menor deitado no chão, já todo surrado pelos parceiros. — Então quer dizer que tem aproveitador na minha favela? Não acredito. Leva ele pra salinha e dá 10 madeiradas. Cuidado pra não quebrar a mão. Assim ele aprende: aqui, quer ter? Conquista. Não rouba. MK — Pode deixar, Joca. — Chama o Mosca pra ir junto. — Eita, com o Mosca não tem leme. Só madeirada pesada. Ele não pensa duas vezes, mata se precisar. Imagina um vagabundo desses. — Bora, todo mundo circulando. Vaza, povinho curioso. — A multidão começa a se dispersar, e eu subo na minha moto, voltando pra casa. Geralda — Já, meu filho? O que aconteceu? — Lembra dos assaltos nas paradas? Pegamos um menor. Você não acredita: um moleque, 13 anos no máximo. Dá pra acreditar? Geralda — Jesus, Maria, José! Uma criança? — Minha coroa fala assustada. Subo pro meu quarto pensando no absurdo da situação. Tomo um banho, visto um short de tactel, uma camisa branca, coloco meu boné, cordão de ouro, e calço o Nike. Pego minha pistola, a chave, e meu kit antes de sair de moto em direção à praça. A comunidade tá animada, cheia de gente na rua. Gosto de ver o morro assim. Chego na praça e cumprimento os parceiros: Joca — E aí, meus parceiros, tudo na paz? — Me junto a eles, já puxando a ladeira e sentando. Mk — Chefe, tá ligado no Zé Droguinha? Parece que ele tá querendo entrar na sua área. Ouvi uns boatos que ele tá fechando com uns caras lá de baixo. — Esse moleque tá pedindo pra virar estatística, MK. Fica na observação. Quero saber quem são esses caras e quais são as intenções dele. Qualquer coisa, me chama. – Dou a visão . Ele assentiu e saiu correndo. Não gosto de resolver as coisas na pressa, mas também não posso deixar o Zé vacilar no meu território. O respeito é a base de tudo. Mais tarde, já no pagode, o clima tava leve. A música rolava, o pessoal dançava, e, por um momento, parecia que os problemas tinham ficado pra trás. Encontrei a Bianca, que tava servindo as mesas e, como sempre, chamou minha atenção. Ela era o tipo de mulher que sabia o que queria, e isso me intrigava. Bianca — E aí, chefão? Resolveu aparecer hoje, hein. Achei que tava muito ocupado com seus “corres”. — Quem disse que não tô? Só vim dar uma respirada, senão a mente não aguenta. Ela sorriu, aquele sorriso que misturava ironia e interesse. Bianca — Sei. Então aproveita que hoje eu tô de bom humor. Vai querer o quê? — Surpreende aí, Bia. Tô precisando de novidade. Ela riu e foi pegar meu pedido. Enquanto isso, olhei ao redor, vendo o pessoal se divertir. Era esse tipo de momento que fazia valer a pena. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que qualquer descuido podia virar o fim da festa. Tinha uma morena dava para ver de longe que ela tava se jogando para cima de mim. Não sou de perder tempo. De longe, vi o Zé Droguinha entrando no baile. Ele tava acompanhado de dois caras que eu não conhecia. Respirei fundo, mas já sabia que a noite não ia acabar tão tranquila quanto eu esperava. Logo a Clara cola com as amigas, já toda sorridente, daquele jeitão dela. Clara — E aí, meninos! — Vem na reta, já senta do meu lado. Vem toda se abrindo… já tô ligado que lá vem treta. Clara — E aí, gatinho, como tu tá? — De boa, Clara. O pagode tava naquele pique: as minas se jogando, os cria bebendo, resenha rolando solta. Do nada, chega uma mulher… muito bonita, chamando atenção de geral. Fiquei logo galudão. A mina dançava, me encarando com aquele olhar safado. XXX — E aí, gostoso… — E aí, gostosa… Tá sozinha? Qual teu nome? XXX — Prazer, Michelle. Mas pode me chamar de Mi. E o teu, gostoso? — Satisfação, gostosa… prazer só na cama. Me chama de Joca. Bora sair daqui? Michele — Nossa… tu é direto assim, né? Pra onde cê vai me levar? — Vou te mostrar o que é prazer de verdade, gostosa… Vamo nessa. Subo na moto, dou aquela moral pra ela subir também, e na hora que tô saindo, escuto a Clara gritar: Clara — Esse é meu amigo! Vai fundo, Joca! — A filha da putä meteu um grito. Balanço a cabeça, já bolado. — Cala a boca, porrä! — gritei. Michele — Faz sucesso assim, é? Nem acredito que ela não sabe quem eu sou… dono da pørra toda. — Não é culpa minha se elas me amam… o pai é gostoso e sabe fazer gostoso. Só não pode viciar… porque não sou só de uma, sacou? Ela gruda na minha cintura, me apertando toda, parecia até com medo. Chegamos num dos meus barracos, paro a moto, ajudo ela a descer… e, antes de mais nada, já meto aquele tapa na bünda dela. Continua.....
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD