Cap13

1900 Words
-Meu avô tinha inimigos, não tinha?- Evangeline perguntava preocupada para Hans, ele tinha sido um homem tão gentil, não bom, como podia ter inimigos? -Seu avô foi um grande general de guerra, querida, ele contraiu a dor na lombar lutando na guerra...- ele fala distraído em seus livros -Você tem alguma ideia de quem seja, esse tal de "M"?- Ela pergunta e Hans sorri -Tenho alguns palpites, mas não irei me precipitar - ele coloca seu casaco -Vai sair Hansal?- Christoff lhe entrega uma xícara de chá e ele toma num gole -Tenho algumas coisas á tratar, e vou também conseguir um álibi para os jardineiros, Evangeline, se quiser tirar a peruca, fique a vontade, não atenda a porta sem ela, e muito menos abra a janela, todos sabem que minha prima distante passará uma temporada conosco, então não será difamado nosso nome- ele pega seu revolver e seu estilete- Não sei que horas volto, então fique aqui essa noite e pensem por onde poderemos começar a partir de depois de amanhã -Porque não podemos começar amanhã? -Quero que descansem, eu terminarei o interrogatório na mansão e voltarei imediatamente para cá -Tio não quer que eu vá com você?- Hans negou -Quero que fique, tranquem a porta, voltarei pela manhã no máximo...- ele colocou seu chapéu e saiu sem mais palavras -Ele sempre foi assim?- Eva pergunta enquanto tirava a peruca, Christoff a observava de longe, ele jamais admitiria mas considerava Evangeline a mulher mais bonita que já havia visto, ao se dar contar de tal pensamento revirou os olhos e sacudiu a cabeça -e a mais teimosa também...- complementou em voz alta sem perceber, ela o olha e ele fica sem entender -Quem é teimosa?- ele percebeu que tinha falado em voz alta e tentou mudar de assunto- Perdão?- ela revirou o olho -Então tá, você ouviu o que eu perguntei?- ele negou- Seu tio, sempre foi assim? -Ter um ideia louca e sai da alta escalada da noite para ver se ela tinha fundamento e voltar ao nascer do sol? Sim, ele é assim -E você não teme, dele não voltar? -Eu temo mais trancafia-lo e não permitir o que sua mente perturbada manda...- ele pega sua xícara de chá e toma um gole, ele repara que Eva não faz mais perguntas e sente que vai se arrepender de continuar aquela conversa- Eva? - ela o olha -Sim? -Como você está? depois dessa conversa? Imagino que falar sobre seu relacionamento com Jonas não estava nos seus planos... -Eu não tenho um relacionamento com Jonas...ele é meu primo- ela fala seca- eu só...não queria falar, é vergonhoso... -Porque é vergonhoso? Você é uma menina, é normal se apaixonar, ou ter uma queda pelo primo, não iriamos te julgar...- Ela odiava aqueles comentários machistas e sem fundamento de Christoff -Então só porque eu sou mulher, eu tenho a necessidade de me apaixonar? como se fosse uma obrigação? porque a gente não controla os sentimentos, Christoff? é isso que quis dizer? -E eu estou errado? -ele se vira rindo -Sim, porque pelo que eu sei quem se afundou pelo termino com uma mulher foi seu tio, o homem que você se inspira- ele se vira com os olhos furiosos por tal ousadia- O que foi Christoff? Estou errada? -Cuidado, você fala demais, coisas que não sabe...- ele se aproxima -E você sabe? Eu entendo porque me odeia tanto, porque não me quer perto, porque você tem inveja de mim- Christoff riu  -De você? Inveja do que? do seu patrimônio? Desculpe-me mas eu passo -Inveja que seu tio confie mais em mim para contar coisas de seu passado, do que em você...- ele se aproxima com raiva-  E sabe o porque? Porque eu não quero imita-lo, quero compreende-lo, eu não quero que seus passos sejam os meus, eu quero aprender com eles, e criar as minhas experiências, essa é função de um mentor, não de um cientista querendo criar algo a sua imagem e semelhança -Você não sabe o que diz...- ele se afasta -Christoff, você já se apaixonou?- ele a olhou e arqueou as sobrancelhas -Não, e se for possível, não quero nunca -Você é curioso, porque não quer se apaixonar nunca?- ele respirou fundo -Porque senhorita Hoffman, o amor é a causa de muita destruição, de carreira, autoestima, sentimentos, raramente dá certo... -Você concluiu isso sozinho? ou se baseia nos desastres amorosos que seu tio viveu?- ele furiosos voltou e se aproximou dela -QUANTAS VEZES VOU TER QUE DIZER PARA NÃO SE METER EM ASSUNTOS QUE NÃO LHE DIZEM RESPEITO? -Quando meu pai ainda era vivo, ele me disse uma vez "Linn, quando em uma discussão você tocar em ponto muito sensível da pessoa, ela irá te atacar, gritar, e negar, então por favor, não pare, até saber a verdade" -E o conselho dele deu tão certo, que ele afrontou a verdade, e morreu, se eu fosse você parava. -Como você disse, se fosse eu, mas você não é -Evangeline, não me faça perder a paciência -Eu só quero saber, porque abomina o amor?- ele sorriu -Pra que serve? Se não para machucar pessoas, e criar ilusões quando está solitário e acabar se apaixonando por um parente?- ele cutucou Evangeline referindo-se a Jonas -Oh céus, então preciso me afastar de você, imagina que desastroso se o anti-amor se apaixonasse pela priminha Ava...- eles ficaram se encarando- Seja Homem Christoff, responda, odeia o amor por você mesmo ou pelo seu tio? -Olha o que o amor fez? Nossos pais, mortos, meu tio morto por dentro, seu avô que te amava, morto, o amor não salva ninguém, o amor só serve para nos tornar fracos e destruídos, não serve de nada, por isso me baseio no meu tio, e chega desse assunto -Pera...mas não faz sentido, seu contexto está errado- ele olha para ela querendo entender a que ponto ela quer chegar- Você diz "o amor não salva ninguém, o amor só serve para nos tornar fracos e destruídos, não serve de nada, por isso me baseio no meu tio", mas foi exatamente o amor que fez o seu tio ser quem é, como você se posiciona em relação a isso? -Porque você se importa tanto com meus sentimentos assim?  -Me importo, porque no exato momento, eu só tenho vocês dois, e mesmo que vá partir, que eu sei que conta os segundos pra isso, eu não consigo entender como alguém se priva de tal prazer? Queres ser igual a Hansal, mas até ele, até ele, teve tal experiência, não consigo entender como alguém quer viver sem amor...- Christoff de saco cheio a agarra pelos braços -SABE O QUE O AMOR ME FEZ? NADA, ELE ME TIROU MEUS PAIS, ME TIROU TUDO, FUI CRIADO POR UM HOMEM QUE ME DEU DE TUDO, MENOS ENSINAMENTO SOBRE O AMOR, EU NUNCA VI ELE AMAR OUTRO SER HUMANO QUE NÃO SEJA ELE, E SIM, VOCÊ ME INCOMODA, EU SEMPRE FUI TRATADO COMO O SEU FIEL ESCUDEIRO, NÃO COMO UM FILHO, AFINAL, EU SOU A CRUZ DELE, DESTRUI O FUTURO DELE, A JUVENTUDE, ELE TEVE QUE CRIAR UMA CRIANÇA QUE NÃO ERA DELE- ele a solta- Então princesa se puder fazer a gentileza de não me tratar como sua família, porque afinal eu não sou, e nem quero ser, você é insuportável, intrometida e chata, me deixe em paz, porque aparentemente a minha sanidade é a única coisa que me resta- ela se afasta dele e se senta -Eu te invejo...mas ao mesmo tempo te acho tão e******o, não sabe a sorte que tem, não sabe o quanto está errado, como você se espelha em alguém que é todo amor, e é tão c***l ?- Ele olha para ela e começa a rir -Meu tio? todo amor? -Ele me falou sobre a minha mãe, sobre a sua mãe, ele nunca te viu como fardo, e você não enxerga isso não é?- seus olhos marejavam- EU FUI UM FARDO, MINHA FAMÍLIA ME VÊ COMO UM SACO DE DINHEIRO, seu tio quer lhe tornar um homem que ele não pode ser, você se alto declara fiel escudeiro, mas ele te chama de o único homem que ele confia cegamente, ele te amou, ele daria a vida para que você vivesse, ele amava seus pais, ele amava meu avô, e suspeito que tenha amado minha mãe também, por isso estamos aqui...NÃO SEJA INGRATO, porque você tem uma referência, alguém que lhe ensinou tudo...eu sempre tive a certeza que seria eu e eu pra sempre, estou destinada a ficar sozinha, e você despreza....-Christoff a olhava abismado- Você em vez de criar deduções, porque não conversa com seu tio? fala do que sente, fala o pensa, talvez seja isso que ele busque em você, que seja autêntico e não um covarde -EVANGELINE, JÁ CHEGA...- Ele grita, e seu grito ecoa por todo o apartamento  - Agora entende porque ele se abre comigo e não com você? Me perdoe por tal intromissão em sua vida, eu cometi novamente esse erro, não irá acontecer novamente, eu juro. Irei me recolher, boa noite...- ela passa por ele e a incrível sensação de culpa volta a atormenta-lo, ele odiava quando ela o afrontava, e pior, quando estava terrivelmente certa. Ambos foram para suas camas e na alta madrugada começou a chover muito forte, raios e trovões ecoavam, Christoff adorava tal clima, e mesmo sabendo que seu tio sabia se virar em qualquer situação, ele ainda se preocupava.  Ele nunca tinha sido abordado por ninguém sobre seus sentimentos e ele não tinha o costume de expô-los, mas aquela menina de cabelos dourados e olhos nervosos conseguia extrair todos seus sentimentos secretos e coisas que ele nunca diria, ele não sabia se lhe dava razão ou se a odiava, ou se fazia os dois....-Enquanto ele apreciava a chuva e um bom chá ele escuta gritos vindos no quarto de Hans onde Eva estava dormindo, ele largou o chá, pegou seu revolver e correu até lá, ela estava sentada em prantos -Eva...o que aconteceu?- ele enfiou o revolver em sua cintura para não assusta-la mais e foi até ela, ela estava tremendo, com os joelhos juntos os corpo , ele tirou os cabelos da frente de seu rosto- Eva... -Pesa...de..los- ela gaguejava - em noites assim...eles ficam piores....-ela choramingava -Você quer um chá?- Christoff viu que ela estava realmente em choque, ela negou- Você precisa se acalmar, me diga qual foi o pesadelo?- ela derramou algumas lágrimas -Eu volto lá, toda noite, mas em noites assim, eu revivo a aquela noite... -Que noite? -A noite do acidente do meu pai...- ela falava tremendo -Você estava com ele?- ela concordou -Ele que me salvou e falou pra eu correr....eu não podia dizer, nem meu avô sabia.... -E porque não falou pra gente? -Porque eu...eu não sei....-ela volta a chorar- Por favor, não me deixa sozinha, por favor.....- seus olhos cheios de lágrimas fizeram Christoff fazer algo que se alguém lhe dissessem antigamente ele não acreditaria -Venha, eu não vou deixar você sozinha, eu ficou com você....- ele deitou ao seu lado e a puxou para deitar em seu peito, Christoff havia passado muitos anos lidando com pesadelos, e Hans havia sempre feito o que ele estava fazendo, e ele viu novamente como ele estava sendo ingrato com o tio- eu to aqui, durma.... -Obri...-ela tentava fala mas ele queria que ela se acalmasse -Durma, nada vai acontecer novamente....eu prometo
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