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Meu querido Babá

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Blurb

"Três vidas... um único destino"

Quando o ex-capitão do exército, Marcel, procurava uma casa para alugar, não esperava se deparar com duas lindas garotas: Carina, uma garotinha inteligente; e sua mãe, Letícia, uma bela morena com o sorriso gentil.

Ele só precisava de um lugar tranquilo para aguardar pelo término da reforma de sua casa, porém, com a chegada dessas duas mulheres em sua vida, descobriu que elas podem estar correndo perigo. Então, ele usará de todo seu conhecimento para protegê-las, e ainda de quebra, não perder seu coração.

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Capítulo 1
Marcel Levantei da cama e me arrastei até o banheiro. Mais uma noite m*l dormida. Mesmo a quantidade exorbitante de álcool não tinha sido o suficiente para me apagar completamente. Parei na frente do espelho e olhei o cadáver ambulante em que me tornei. Seis meses havia se passado desde o incidente, e eu estava um trapo. Meu cabelo loiro com mechas de tons claros e escuros estava comprido, na altura do ombro. Deixei de cortá-lo assim que saí definitivamente do exército. Fitei meus olhos azuis opacos, sem vida, inchados e vermelhos. Encontrava-me em um estado deplorável. As sardas em torno do meu nariz eram visíveis na minha pele translúcida. A má alimentação junto ao alto consumo de vodca fizeram com que eu perdesse grande parte da minha massa muscular. Meus braços e pernas que antes pareciam uma tora de tão grossos, hoje me davam a aparência de um moleque desnutrido. Achava que até perdera alguns centímetros de altura, ou o fato de andar como um velho fizesse com que os meus dois metros de altura se tornassem menos. Lembrei do moleque que eu era quando entrei para o exército. Estava tão contente. Desejava ser um herói, ganhar batalhas, defender meu país, mas a realidade fora totalmente diferente. O começo da carreira foi monótono, sem grandes coisas, fui designado para a inteligência, pois  tinha domínio de várias línguas, francês, espanhol, inglês, italiano e também o português, que havia aprendido com a minha mãe brasileira. Nasci no Brasil e me mudei para a França com onze meses, onde vivi até meus dezesseis anos e retornar à minha pátria. Cresci escutando minha mãe contando sobre as revoluções que participara na época da ditadura. Eu ansiava participar de algo assim um dia, fazer a diferença. Mas tudo que ganhei foram pesadelos. Da inteligência, fui transferido para o setor de informática. Formei-me em engenharia e fui enviado para uma missão de paz no Oriente Médio. Foi aí que deu tudo errado, fiquei cara a cara com a morte e não gostei de nenhum pouco do que vi. Quando você mata alguém, sua alma ganha um pequeno buraco. E esse buraco vai crescendo até te engolir. Era algo tão simples. Acompanhar médicos a uma aldeia onde levaríamos também suprimentos para atender a todos. Entretanto, fomos emboscados por guerrilheiros armados até os dentes, lutamos por nossas vidas. Até aí tudo bem, dormiria com a consciência tranquila por ter matado pessoas más. Mas quando se tem de escolher entre sua vida e a de um garoto com um pouco mais de doze anos, o cenário muda. Toquei a cicatriz no meu ombro esquerdo. Por pouco não tinha morrido. Se o coice da arma não fosse demais para o garoto, ele teria me acertado na cabeça, como fiz com ele. Aquilo me mudou de tal forma que o despreocupado Marcel Blanche, risonho, piadista, morreu e deu lugar a esse sombrio, fechado e atormentado homem. Nada como ver a luz da vida se apagar nos olhos de uma criança para te deixar assim. Pensei que toda aquela m***a tinha ficado para trás, mas estava completamente enganado. Bastou ter que m***r outra pessoa para os antigos fantasmas voltarem à vida, mesmo que o cara merecesse, quem vinha me assombrar era aquele garotinho com uma AK-47 apontada para mim. Olhei mais uma vez para o rosto no espelho, a barba por fazer escondia meu queixo quadrado, as covinhas da bochecha e o furo no queixo que as mulheres tanto gostavam. O som de briga no andar de cima me distraiu. Era todo dia a mesma coisa. Precisava urgentemente me mudar, procurar uma casa e arrumar algo para fazer da vida. — Bem — disse para o reflexo —, tirar a aparência de mendigo é um bom primeiro passo, assim não assusto o proprietário do meu novo lar. — Dei de ombros, peguei a espuma de barbear e comecei o trabalho de remover todo aquele pelo.   Estacionei o carro em frente à grande casa de tijolos vermelhos em uma calma rua arborizada de um bairro nobre. O anúncio garantia uma casa com sala, cozinha, quarto e banheiro. Não aceitava animais e tinha uma vaga de garagem. Quieta e aconchegante, já era mobiliada e acessível para o meu bolso. Seria um ótimo lugar para ficar enquanto esperava minha casa ficar pronta. Usei todas as minhas economias para montar o meu lar, eu mesmo fiz a planta e esquematizei a decoração, tudo ao meu gosto. Sai do Jeep e já olhei a segurança precária da residência, não tinha câmeras do lado de fora. O portão alto de ferro deixava um espaço vazio antes de chegar ao teto da garagem, um moleque franzino conseguiria passar por ali e entrar facilmente na casa. Toquei a campainha e aguardei. Olhei para um vizinho colocando o lixo para fora. Uma criança andando de bicicleta. Era um bairro aparentemente seguro, mas ainda preferia um grande sistema de vigilância. — Pois não? — Uma mulher abriu a porta e olhou para mim. Ela era linda. Estatura mediana, por volta de 1,70m, olhos e cabelos pretos, pele dourada, boca rosada. Cheia nos lugares certos. Desci meu olhar e a apreciei, tomando o meu tempo em admirar aquela beldade. Fazia quanto tempo que não tinha uma pequena dessa embaixo de mim? — Vim por causa do anúncio da casa. — Depois de evitar de engolir a própria língua, eu finalmente disse. Olhei para seu rosto enrubescido e gostei da coloração. — Nos falamos por telefone mais cedo. — Mamãe! — Uma garotinha veio correndo até nós. — O computador parou de novo. — Cruzou os braços e olhou para a mãe. Seus cabelos castanhos claros estavam amarrados em um r**o de cavalo, assim como os da mãe; tinha um tom de pele dourado. — Amorzinho, mamãe já vai ver o que aconteceu — disse sorrindo gentilmente para a garotinha. Encarei seus lábios rosados. Qual seria o gosto deles? — Mas agora que cheguei ao nível dez, ele parou. — Com a testa franzida e o pezinho batendo no chão ficava engraçadinha, acabei dando uma risadinha. Agachei no nível dela e perguntei: — Qual o problema com o computador? Os olhos amendoados espertos se focaram em mim. Eles me analisaram de cima a baixo por um longo tempo. Aquilo me deixou intrigado, geralmente crianças se intimidam com adultos desconhecidos. — Eu acho que é defeito no HD. — Deu de ombros. — Mas a mamãe não me deixa abri-lo. — Você sabe o que é um HD? — Arregalei os olhos. Será que me enganei na suposição de idade? — HD é o Disco Rígido ou Hard Disk — começou a explicar —, alguns chamam de memória de massa ou memória secundária. É onde ficam armazenados os dados. Encarei a mãe. — Quantos anos essa menina tem? — Fez quatro anos no mês passado. Meu queixo foi ao chão. — Quatro anos? — Abri a boca como se fosse um peixe boi, olhando de mãe para filha, sem acreditar no que meus ouvidos escutaram. — Cacá é uma criança superdotada. — A mulher me ofereceu a mão, peguei-a automaticamente. Como se tivesse tocado em algum polo energizado, senti um leve choque. A morena pigarreou antes de falar: — Meu nome é Letícia; e essa é Carina, minha filha. — Me chamo Marcel Blanche… — Você é francês? — Carina apontou para mim. — Bienvenue monsieur[1]. — Je vous remercie Mlle[2]. — Fiz uma mesura. A pequena retribuiu colocando o pezinho para trás, abaixando a cabeça e segurando a barra da blusa. Não tinha muito contato com crianças, achava fascinante esses pequenos seres e essa mocinha esperta estava me encantando. — Eu não sei o que vocês dois falaram. — Letícia deu um passo para trás, permitindo a minha entrada. — Entre, por favor. — Um instante. — Caminhei até o porta-malas do meu Jeep, peguei uma maleta. — O que tem dentro desta maleta? — Carina perguntou assim que entrei na casa. — Minhas ferramentas de trabalho. — Agachei no chão e abri a mala. Dentro, uma infinidade de chaves para manutenção em computadores e servidores. — Eu sou engenheiro computacional. Acho que posso resolver o seu problema. A menina começou a pular, animada. — Ele pode, mamãe? Deixa vai! Ergui meu rosto para mulher, e a coloração rosada de seu rosto se intensificou. — Senhor Marcel, não precisa se incomodar. — Não é um incômodo. — Fechei a maleta e levantei. — Não podemos deixar uma mocinha sem seu computador. Passamos pelo carro preto estacionado na garagem e seguimos pelo corredor. A casa, assim como a fachada, também era de tijolos vermelhos, o piso imitando pedras. O corredor era longo e dava para ver uma segunda estrutura. — Eu vou pegar as chaves para te mostrar o local. Concordei e as segui. Entramos em uma cozinha extremamente limpa. Piso, pia e balcões pretos contrastavam com armários brancos e eletrodomésticos em inox. Na mesa pequena, encontrava-se um notebook. Carina pegou em minha mão. — É esse. Coloquei a maleta em cima da mesa, tirei as chaves necessárias e comecei o trabalho de desmontar a máquina. De primeiro momento, já percebi o grande problema. Uma nuvem de poeira subiu.  Com um pincel, comecei a limpar os componentes. A menina tinha razão, além da sujeira, o HD estava m*l encaixado. Montei-o de novo, liguei e a imagem do Windows nos deu boas-vindas. — Prontinho, mocinha. — Sorri para a menina que estava empoleirada na cadeira ao meu lado, observando todos os meus movimentos. — Você esqueceu de trocar a pasta térmica do processador. — Olhei abismado para a garotinha. — Ela me surpreende também com cada coisa que fala. — Letícia sorriu para mim e balançou as chaves. — Vamos ver a casa? — Um minuto, realmente preciso trocar a pasta térmica. — Olhei para Carina. — Não queremos que o processador esquente, não é? — Ela balançou a cabeça que sim. — Quer tentar desta vez? A menina olhou primeiro para a mãe, que assentiu; e e depois sorriu para mim. Entreguei a chave na sua mão. Carina ajoelhou no estofado da cadeira. Com a linguinha para fora e completamente concentrada, começou a desaparafusar cada parafuso da carcaça preta e, assim como, colocou dentro de um tubo plástico que eu tinha para esses fins. Fiquei olhando fascinado a destreza da garotinha com as peças. Em minutos, o processador estava à mostra. — Pronto. — Ela ergueu os olhos para mim. Vasculhei dentro da maleta até encontrar a pasta e abri a tampinha. — O segredo é colocar o suficiente, nem muito e nem pouco. —Peguei uma flanela e passei para ela. — Deve primeiro limpar essa antiga e vamos usar álcool… — Álcool isopropílico, não é? —Balancei a cabeça afirmativamente. — Tem que limpar bem direitinho e depois podemos colocar a nova. — Isso mesmo. — Tirei uma espátula pequena de plástico e esperei que ela limpasse o componente. — Agora aplique uma leve camada da pasta e depois coloque de volta no lugar. — Carina seguiu as orientações. — Muito bem, mocinha, você é uma ótima aprendiz! Melhor que meus alunos. — Você é professor? — Letícia perguntou. — Eu fui. Cheguei a dar poucas aulas no exército, isso tinha sido gratificante. Quem sabe não será um caminho? — Vamos ver a casa? Levantei da cadeira e segui a minha senhoria, que tinha um traseiro redondo belíssimo. Meu Deus, há quanto tempo não tenho uma boa e quente noite de s**o?  Cobiçar assim uma mulher não era coisa que eu fazia. Ainda mais uma comprometida. O que o marido dela iria falar se me visse olhando assim? — Eu recebi os seus documentos. — Ela cortou os meus pensamentos libidinosos. — Você é o primeiro inquilino que até antecedentes criminais me manda. — Uma boa verificação de quem está colocando dentro de sua casa é válida. — Dei de ombros, e parei ao lado dela depois de atravessar o gramado entre as duas casas. — O contrato é de um ano, podendo ser prolongado por mais tempo. — Letícia abriu a grade de ferro em frente à porta. Um ponto positivo. Portas e janelas tinham grades. Os muros altos com cerca elétrica. Só faltava um bom sistema de segurança e ficaria perfeito o lugar. — Se tiver sorte, ficarei no máximo seis meses. Mas como sei que construções demoram, ficarei com o contrato de um ano. — Você está construindo o quê? — perguntou ao abrir a porta. — Uma casa de dois andares, no interior do estado. Entrei no local e já gostei do ambiente. A sala tinha dois sofás, um rack e uma TV grande. A cozinha americana tinha tudo o que eu precisaria para me manter vivo. Uma porta à esquerda dava para o quarto com uma grande cama de casal, um guarda-roupas. E uma mesa para computador ficava embaixo da grande janela que dava para o pátio. Tudo muito iluminado e arejado. — Água e luz são independentes. A internet e a TV a cabo iremos dividir, e o IPTU está embutido no valor do aluguel. — Letícia abriu os braços. — Bem é isso. Ah, Não aceito animais porque Carina tem alergia. — Eu não tenho animais. — Dei uma boa olhada nas paredes brancas e nos móveis. — Gostei do lugar e vou ficar. Letícia sorriu para mim e ofereceu a mão. — Bem-vindo a seu novo lar. Peguei aquela pequena mão e senti novamente a eletricidade correndo pelo meu corpo. O sorriso dela diminuiu e vi suas bochechas corando e as pupilas dilatando. Aquela reação estranha não foi somente do meu lado. Com o canto dos olhos, vi Carina sorrindo e se balançando nos próprios pés, aquilo fez meu coração vacilar uma batida e cheguei à conclusão de que eu estava completamente ferrado.   [1] Do francês: Bem-vindo, senhor. [2] Do francês: Obrigado, senhorita.

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