Eu, Otávio - Livro 3 - Trilogia Irmãos Santore

Otávio Santore   Estou em uma boate super boa, a noite me rendeu bastante prazer, sai para comemorar minha formatura da faculdade, eu agora sou um designer de joias profissional. Quando acabei o ensino médio entrei para essa faculdade fora do Brasil, meus pais que pagam tudo aqui pra mim, mas apesar disso não me considero um homem mimado que vive as custas dos pais, eles tem dinheiro, e nada melhor do que gasta-lo na minha educação, pois apesar de todo o dinheiro deles, eu quero ser independente, abrir minha própria empresa que já está com data para inauguração, meu pai como presente de formatura me deu um prédio em São Paulo, onde será a sede da empresa e onde abrirei a primeira loja de joias com todas os designers que desenhei ao longo da minha vida, já tenho algumas futuras parcerias que só falta a assinatura do contrato, que resolverei quando voltar para o Brasil. Todo o prédio já está do jeito que eu queria, até gente trabalhando nas primeiras joias que serão vendidas na inauguração, já tem, tudo está caminhado. Apesar de me formar aqui, longe de casa, quero minha empresa no Brasil mesmo, e de lá para o mundo. Pois lá é onde está minha família, e não quero ficar longe deles. Eles são tudo que eu tenho. Acabo de t*****r com uma linda morena no banheiro na boate, e como a noite já rendeu, saio pela porta do banheiro e vou embora, sem mensagens de despedidas sem nada, pois o que tínhamos de falar falamos a minutos atrás, e combinamos apenas uma f**a e nada mais. Pego meu carro que deixei estacionado em uma vaga perto da boate, e logo estou a caminho do meu apartamento. Posso pegar quantas pessoas forem, mas nunca as trago para o meu território, nenhuma delas devem saber onde moro, vai que em meio a uma pessoa que eu transei tenha uma obsessiva que queira me matar por não dar mais que uma noite? É, eu sei, meio paranoico, mas apesar de ser um "cafajeste" eu leio bastante livros de romance, e vai que quando eu achar a pessoa certa aconteça que nem nos livros e venha uma maluca para acabar com a minha felicidade? Está deixando todas essas maluquices, chego em meu apartamento e vou direto para um banho, estou livre da faculdade e estou com o certificado em mãos, nada poderia estar mais perfeito. Aproveito o banho para relaxar e logo depois de sair, visto apenas um moletom e pego meu notebook para resolver contratos e tudo que falta para a a******a da minha joalheria, como a escolha das peças que vão estar à venda. Eu sou bom com desenhos de joias, amo muito tudo isso, mas a parte de dar vida aos desenhos não é comigo, por isso tenho vários especialistas nessa área, eu desenho, eles dão vida as joias. Duas semanas depois Acabei de descer do avião e estou indo em direção as minhas malas, não posso me atrasar muito pois tenho uma reunião marcada para a hora do almoço, e ainda tenho que ver minha família, olho meu relógio e falta apenas uma hora para as onze, horário marcado pela minha secretária Márcia, que nesses dias apenas nos falávamos por telefone ou e-mail. Ando apressado por entre as pessoas para chegar até as minhas malas, até que trombo em um corpo um pouco mais alto que o meu, quase fazendo o garoto ir ao chão, agarro sua cintura antes que isso aconteça, as mãos pequenas e brancas agarram minha camisa em busca de equilíbrio. Olho para o garoto e ele não aparenta ter mais do que dezoito anos. Pele branquinha, contrastando com minha pele um pouco mais morena, ele tem olhos castanhos, e os cabelos ruivos que vão até o ombro. - Desculpa, não vi você, estava apressado. - Ele fala rápido e segura com mais força minha camisa. - Tudo bem. Eu estava com pressa também. - Ficamos em silêncio nos encarando, os olhos castanhos brilham com intensidade, e me vejo o admirando. - Edu? - O garoto se solta de mim rápido demais na minha opinião, e ao olhar para trás vejo um homem de terno e gravata, que aparenta ter mais de uns quarenta anos. O garoto me olha mais uma vez, antes de sair e ir de encontro ao homem, depois os dois passam por mim, mas não recebo um segundo olhar do tal Edu, e logo eles somem por entre as pessoas atrás de mim. Fico sem entender nada, mas vou para casa sem tirar aqueles olhos da cabeça. Encontrar minha família é tudo que mais quero nesse momento, foram muito tempo separados, e ainda vou conhecer meus cunhados pessoalmente, como também terei o prazer de ver e conhecer meus sobrinhos, e tem meu pequeno irmão, meus pais adotaram um menino super lindo e fofo, a qual eu só falei por vídeo chamada, e foi impossível não me apaixonar por aqueles olhos azuis carinhosos de João. O que me chocou foi saber que ele não enxerga muito bem, e que talvez um dia perca toda sua visão, meus pais estão preocupados com ele, mas tenho certeza de que com nosso amor ele irá vencer qualquer barreira. Todos os meus irmãos estão muito bem com suas vidas de casados, e agora que eu aproveitei o que tinha de aproveitar, vou ficar quieto por um tempo, apenas esperando a pessoa certa, quem sabe eu já não esbarrei nela? Rio comigo mesmo, vi aquele garoto pela primeira vez, mas foi o suficiente para fazer meu coração saltar no peito ao ter seu corpo quente colado ao meu, e isso só porque durou alguns minutos. Acho que eu tenho que descobrir quem é ele. Meus pensamentos sobre o rapaz logo são esquecidos quando o meu motorista para o carro em frente a mansão dos meus pais, onde marcaram de ser minha festa de boas-vindas, como senti saudades disso aqui. Apenas saio para fora do carro e sigo diretamente para a porta de casa, usando a chave que tenho comigo eu apenas entro, escutando a voz infantil de João tagarelar com meus pais, enquanto meus irmãos estão sentados com seus maridos ao lado no espaçoso sofá da grande sala, enquanto Eduarda minha sobrinha mais velha está com Kael brincando no tapete, o pequeno James de 4 anos está nos braços de Igor. Iza a filha mais velha de Damien e Karl está sentada no sofá, de olho em tudo, mas com um celular nas mãos. Vejo a felicidade no rosto dos meus velhos ao ter toda a família reunida, o amor presente nos olhos de cada um ali, eles com toda certeza são as pessoas mais importante e especiais da minha vida, eu os amo tanto, não tenho palavras para descrever tamanho o amor que sinto ao ver toda a minha família assim, felizes. O que me faz pensar em quando eu terei minha própria família, acho que irá demorar um pouco, pois agora além da minha família presente nessa sala, minha atenção vai ser toda voltada para a a******a da minha joalheria. Não demora muito e logo sou notado por todos ali, o que faz com que eu receba uma onda de abraços, meus lindos cunhados estão maravilhosos, e abraço o pequeno Kael o que traz algumas lágrimas aos meus olhos pois não estive presente no nascimento dele, assim como não estava quando James, Eduarda e Iza chegaram, eu estava perdendo muitas coisas longe de todos eles, Alec nem parece que está grávido, sua barriga ainda está pequena, mas ele é um fofo assim como Karl. E o que falar de João, meu irmãozinho mais novo e pimentinha? Ele é um fofo, cheio de amor para dar. Finalmente eu estava de volta ao meu lar. Só faltava alguma coisa para que eu estivesse totalmente completo.     Eduardo Valentin    Eu não diria que minha vida é r**m, de jeito nenhum, meu pai é rico e me ama, eu tenho 20 anos, e saia com algumas mulheres, ia muito a baladas e aproveitava a noite. Nunca cheguei a me interessar em fazer faculdade. E ia levando a vida assim desde meus 18 quando sai da escola, eu era aquele aluno nota dez, mas não sei o que fazer a partir daqui, não tenho nenhum interesse. Eu gosto de levar a vida assim, sem me apegar a nada, minha mãe me abandou quando eu ainda era um bebê, ela me deixou e ao meu pai sem nem olhar para trás, então por que eu deveria acreditar em alguém? Se nem minha própria mãe me quis? Mas a minha história começa quando dias atrás meu pai que mesmo eu amando muito, me obrigou a fazer uma viajem para os EUA, ia ter curso de um ano para quem quisesse aprender sobre design de joias, e como meu pai tem umas das maiores joalherias de hoje ele me pediu para ir fazer esse curso, pelo menos para ver se eu gostava, como eu sempre desenhei bem, desde meus 10 anos de idade, eu aceitei, não tinha nada para fazer aqui mesmo, então nada melhor do que me arriscar, vai que eu goste. Mas o que aconteceu no aeroporto me deixou com sentimentos conflitantes, eu acabei esbarrando em um homem muito lindo, seus olhos pareciam chamar por mim, parecia... nem sei direito descrever, pode parecer loucura, mas eu gostei bastante daquele homem, como eu disse eu saia com mulheres, transei com algumas delas, e depois veio esse homem me fazendo pensar demais nele, eu já dei beijos em alguns carinhas na balada, mas nunca senti essa necessidade, não até ter aquele homem na minha frente, vi ali que esse pequeno esbarrão mudaria minha vida. Mas eu apenas me desculpei e segui adiante, não estava pronto para enfrentar qualquer coisa que esse homem pudesse trazer consigo. - Desculpe querido se estou te obrigando a fazer algo que você não queira, mas apenas estou preocupado com seu futuro. - Escuto papai dizer preocupado e apenas lhe abraço e deixo um beijo em sua bochecha, vai ser a primeira vez que vou estar tão longe assim do meu pai, e ainda durante um ano inteiro. - Tudo bem papai, sei que o senhor só quer meu bem, e acho que isso vai me ajudar, estou começando a aceitar isso de boa. - Ele sorri e deixa um beijo em minha testa, e meu voo é chamado. - Te amo papai, tenho que ir. - Lhe dou um último abraço escutando um eu te amo bem baixinho, meu pai é tão carinhoso comigo, só posso agradecer por tê-lo em minha vida. Me afasto e lhe dou tchau. Aos poucos, vou vendo os prédios ficarem pequenos, enquanto sigo para outro país, mas o olhar daquele homem sempre na minha memória.