O percurso foi um corte seco na minha pele.
Mãos geladas no volante, coração em alta, respiração curta.
As imagens dela martelando minha mente, o peito que largava ansioso, pra tê-la de novo...
Pra fazer ela minha.
Senti o sabor do seu beijo, tudo me empurrava.
Me apressei a subir pro andar indicado.
Toquei a campainha do apartamento com o punho suado, três batidas fortes como se fosse arrombar o tempo.
A porta abriu.
Mas desconhecia a mulher que abriu a porta.
Com olhos de quem já sabia de muita coisa.
— O que você está fazendo aqui, Edgar?
a voz dela era direta, como uma lâmina.
Era aquela mulher da ligação ... Donna.
— Onde está a Clarisse?
perguntei, entrando, empurrando a sala com o corpo.
Ela saiu do meio, me contemplou com aquela mistura de pena e raiva.
— Você não deveria está no seu casamento?
— Devia, mas não quero. Você errou, ela sempre foi minha escolha! Sempre vai ser... Eu não vou errar Donna, me diz onde ela está... Eu só preciso disso.
Ela Suspirou fundo.
— Ela foi embora.
— Como assim?
meu peito fechou.
— Foi embora.
ela repetiu, dura.
— E olha: ela tá agora mesmo com um homem que vai dar a ela tudo que ela merece. Alguém que vai amar ela como merece.
Ela falou rápido, quase como uma sentença, como se não quisesse que eu encare a verdade devagar.
— Aonde ela foi?
engoli em seco, a garganta seca.
— Ao aeroporto.
Donna disse, como se estivesse me empurrando do penhasco.
— Mas… só se você for esse homem. Se não for, ela já foi com outro. Ela não vai esperar quem não a quer mais.
A face dela se abriu num misto de piedade e fúria.
— Aj meu Deus, posso está fazendo a maior burrada da minha vida! Mas eu sei que aquela boba não vai ser feliz sem você... então, eu vou dizer: ou você vira esse homem hoje, ou pode esquecer ela pra sempre. Porque ela achou um cara que vai fazer isso, entendeu?
— Onde?
eu perguntei, a voz cortando o ar. Ela hesitou, respirou, e então falou:
— No aeroporto. Vê se não faz merda! Se você fizer cagada, eu vou me odiar por te ajudar.
Era um aviso e um ultimato num só fôlego.
Peguei o que ela me disse, as palavras queimando como pólvora. Não pensei.
Acelerei para a rua, arrancando o carro como se arrancasse anos de mim mesmo.
A cidade passou borrada.
A luz dos postes, os semáforos em vermelho que me pareciam zombar.
O coração batia na boca. A respiração era faca. Eu ia chegar. Ia. Só precisava chegar.
....
As imagens dela martelando minha mente, o peito que largava ansioso, pra tê-la de novo...
Pra fazer ela minha.
Senti o sabor do seu beijo, tudo me empurrava.
Me apressei a subir pro andar indicado.
Toquei a campainha do apartamento com o punho suado, três batidas fortes como se fosse arrombar o tempo.
A porta abriu.
Mas desconhecia a mulher que abriu a porta.
Com olhos de quem já sabia de muita coisa.
— O que você está fazendo aqui, Edgar?
a voz dela era direta, como uma lâmina.
Era aquela mulher da ligação ... Donna.
— Onde está a Clarisse?
perguntei, entrando, empurrando a sala com o corpo.
Ela saiu do meio, me contemplou com aquela mistura de pena e raiva.
— Você não deveria está no seu casamento?
— Devia, mas não quero. Você errou, ela sempre foi minha escolha! Sempre vai ser... Eu não vou errar Donna, me diz onde ela está... Eu só preciso disso.
Ela Suspirou fundo.
— Ela foi embora.
— Como assim?
meu peito fechou.
— Foi embora.
ela repetiu, dura.
— E olha: ela tá agora mesmo com um homem que vai dar a ela tudo que ela merece. Alguém que vai amar ela como merece.
Ela falou rápido, quase como uma sentença, como se não quisesse que eu encare a verdade devagar.
— Aonde ela foi?
engoli em seco, a garganta seca.
— Ao aeroporto.
Donna disse, como se estivesse me empurrando do penhasco.
— Mas… só se você for esse homem. Se não for, ela já foi com outro. Ela não vai esperar quem não a quer mais.
A face dela se abriu num misto de piedade e fúria.
— Aj meu Deus, posso está fazendo a maior burrada da minha vida! Mas eu sei que aquela boba não vai ser feliz sem você... então, eu vou dizer: ou você vira esse homem hoje, ou pode esquecer ela pra sempre. Porque ela achou um cara que vai fazer isso, entendeu?
— Onde?
eu perguntei, a voz cortando o ar. Ela hesitou, respirou, e então falou:
— No aeroporto. Vê se não faz merda! Se você fizer cagada, eu vou me odiar por te ajudar.
Era um aviso e um ultimato num só fôlego.
Peguei o que ela me disse, as palavras queimando como pólvora. Não pensei.
Acelerei para a rua, arrancando o carro como se arrancasse anos de mim mesmo.
A cidade passou borrada.
A luz dos postes, os semáforos em vermelho que me pareciam zombar.
O coração batia na boca. A respiração era faca. Eu ia chegar. Ia. Só precisava chegar.
....
Quando cheguei ao terminal, quase trombei com a multidão.
E ali, na porta de embarque, eu a vi.
Quase entrando.
Cruzando a multidão em passos largos, não pensei mais.
Corri até ela, dei dois passos decisivos.
— Clarisse!
Ela virou rápido, seu olhar confuso, perdido e impressionado.
— Edgar...
Não esperei, nem mesmo filtrej nenhuma ação.
Tomei num beijo. Forte. Potente. Roubo.
Como se o mundo inteiro pudesse ser devolvido com aquele gesto.
Sem fôlego, encostei a testa na dela, e as palavras saíram cortadas:
— Vou pra onde você for...
disse, a voz um rugido que só ela ouviu.
— Não importa a merda do lugar. Você é o meu lugar. Minha única escolha.
Ela olhou nos meus olhos, e por um segundo o tempo assentiu.
O coração dela acelerou junto ao meu.
E éramos um só de novo... Com traumas, fodidos, sabotados, mas estávamos ali...
Até que uma voz cortou, alta, dura, surpresa:
— Mas o que é isso?
Olhei para o lado, e a cena me congelou:
o homem que estava atrás de mim recuou, e atrás dele, as feições que eu nunca pensei ver ali.
Gusmão.
Ali. No aeroporto. Observando. Com os olhos fixos.
O mundo ruiu e ao mesmo tempo, ecoou: todas as escolhas, todas as promessas, estavam ali em dois pares de olhos, os dela, que me fitavam, e os dele, que tudo julgavam.
O que o Gusmão fazia aqui?
Respirei fundo, porque era ali que tudo precisava quebrar ou se consertar. E eu não ia recuar.
Não importa o que ele tente, eu não vou voltar.
Nunca mais!
....