Meu corpo explodiu, a pressão foi tão intensa.
Minhas pernas tremeram, tão forte que não consegui segurar o som do gemido que foi roubado da minha garganta.
Como um gatilho, ele me tirou da mesa, como se não pensasse nada, minhas pernas em volta do seu corpo.
— Argh... Clarisse!
Ele me pôs sobre a mesa de costas, puxando meu cabelo pra trás.
Meu corpo curvado, tremendo, ansioso pra sentir ele de novo.
E eu senti, bruto, firme.
Me fuder como nenhum outro já fez em toda minha vida.
— Argh....
O choque dos nossos corpos ecoava pelo escritório junto com meus gemidos e o ranger desesperado da madeira. Cada estocada vinha mais funda, mais intensa, arrancando de mim o ar, como se ele quisesse me marcar por dentro.
— Horhrr.. — ele rosnou contra minha pele, a voz grave, arranhada, me atravessando inteira.
Não conseguia me mover, domada.
Só gemer, perdida, entorpecida, agarrando a beira da mesa com os dedos brancos. Meu corpo já não me obedecia, estava entregue ao ritmo bruto dele.
O prazer foi crescendo até se tornar insuportável, e no auge ele soltou um rosnado baixo, animal, contra minha nuca, ao mesmo tempo em que me enchia com força.
Eu perdi o fôlego, um gemido entrecortado escapando, o coração disparado, sem espaço pra mais nada além do prazer que me consumia.
Senti o calor dele me inundar, e logo depois seus beijos desceram pelas minhas costas, lentos, possessivos, molhados.
Ele não saiu de dentro de mim, só foi subindo a boca até meu pescoço, espalhando beijos famintos, me mantendo presa.
Eu arfava, o peito subindo e descendo, tentando recuperar o ar.
Ainda assim, quando ele me virou de repente, segurando meu queixo com firmeza, eu me deixei guiar.
Seus olhos queimavam em mim.
Então ele tomou minha boca num beijo feroz, língua contra língua, como se ainda não bastasse.
Nossas respirações se misturavam, falhas, nossos corações batiam num ritmo só, pesado, acelerado, colados no mesmo calor.
E eu me questionava... Como, passei tanto tempo longe disso.
Me afastei dele ainda zonza, o corpo trêmulo, a respiração falha. Peguei a calcinha e o vestido no chão, vestindo às pressas, tentando me recompor. O coração ainda estava fora do compasso, batendo como se fosse explodir.
Olhei de relance para a porta.
E se alguém tivesse ouvido? E se alguém tivesse passado ali? O pensamento me corroeu, mas não ousei perguntar.
A culpa era minha também, eu sabia.
Mas não só minha.
Ele era o homem comprometido, o noivo, o que devia a alguém. Não que isso aliviasse meu lado, mas a intensidade da responsabilidade não era a mesma.
Senti os dedos dele ajeitando meu cabelo, descendo pela minha mandíbula com calma, demorando um pouco mais.
Quando ergui o rosto, nossos olhos se encontraram.
Azul contra preto.
E eu não sabia o que falar. Não sabia se devia me proteger com frieza ou simplesmente me entregar ao que ainda queimava dentro de mim.
Esperei por ele. Pela sua reação.
Mas parece que sua reação era a mesma que a minha. Receio, temor...
Era como ter uma barreira, se entregar sem medo, sem pensar no pós. Não era bem, uma das melhores ideias.
— O que te trouxe aqui?
Pisquei algumas vezes, confusa. Não era isso que eu esperava ouvir. Ele estava pensando nisso agora?
A lembrança de Gusmão me atravessou de repente.
O motivo real de eu estar ali.
Mas jamais poderia admitir. Principalmente se Gusmão fosse o chefe dele.
— Uma amiga… trabalha aqui. Eu só vim buscar algo que ela pediu.
menti, sem tremer a voz.
Meu peito ainda queimava, a alma ainda rodopiava em torno dele.
Mas não consegui ser indiferente àquela verdade que pendia entre nós: o casamento dele. O fato de haver alguém esperando por ele.
A pergunta escapou dos meus lábios antes que eu pudesse conter:
— Quantos dias?
Ele suspirou pesado, e não precisei explicar nada, Ele sabia.
— Seis...
Meu mundo desabou ali. A angústia me rasgou de novo.
— Você a ama?
Ele balançou a cabeça em negação, incapaz de mentir. Mas também incapaz de me dar uma resposta firme.
— Tem muitas coisas envolvidas...
— Sua família...
acrescentei.
— Outras também...
ele respondeu, evasivo.
Meu peito se fechou. Não havia nada ali que me desse o que eu queria ouvir. Então engoli seco, tentando me recompor.
— Eu desejo...
hesitei, a voz falhando, meu coração queimando de desejo e rancor.
— Que seja feliz, Edgar. De verdade.
Ele inspirou fundo, o peito se erguendo pesado.
Me desencostei da mesa para ir embora, mas sua mão segurou meu pulso com uma suavidade c***l.
— Eu te amo.
Meu peito ardeu. O olhei em choque, sem ar, sem chão.
— Nunca deixei de amar.
A voz dele era tão grave, tão perfeita... mas também tão c***l.
Por que ele dizia isso? Por que agora? Ele ainda ia casar. Ele se quer falou em desistir.
— Mas isso não muda nada, não é?
perguntei, a voz quebrada.
Ele não respondeu. Só me olhou, como se estivesse mergulhado na maior confusão da própria vida.
— Então somos dois a sentir muito.
murmurei, retirando meu braço do calor da mão dele. Peguei a sacola da joalheria, me preparando para sair.
Minhas pernas pareciam pesar mais do que deveriam.
O mundo pesou em minhas costas.
Eu só conseguia lembrar do que a Donna falou antes de eu entrar nesta vida.
"Ninguém vai te levar a sério, não há espaço pro amor, eles vão te usar, sexo e só isso, nunca pra ser uma esposa, nunca pra ser uma namorada, apenas a garota de luxo".
É claro que ela não usou essas palavras mas eu sempre soube que era essa era a realidade que ela dizia.
Me afastei até a porta, mas me surpreendi quando ouvir sua voz grave.
— Posso te encontrar outra vez?
ele perguntou, a voz cheia de urgência.
Parei diante da porta, virei meu rosto para ele.
— Pra quê? Pra isso? Pra sexo? Ou você quer ser meu cliente fidelizado?
Vi a mandíbula dele travar, os punhos fechados. Ele odiou ouvir aquilo.
— É pra isso que eu sirvo, não é? Nunca pra além disso.
Dei as costas para ele, mas a voz dele me alcançou carregada de angústia.
— Ela tá grávida!
Meu corpo congelou. O peito pesou uma tonelada.
— Mesmo você me rejeitando, eu abriria mão de tudo!
ele continuou, a voz rasgando.
— Tudo pra ficar com você de novo. Eu não me importaria com o que você fez, ou viveu, Clarisse!
Me virei devagar, os olhos já pesados.
— Mas ela tá grávida.
A pequena quantidade líquida que se acumulava nos meus olhos, escorreu sem pedir licença.
Ele veio até mim, passos pesados, e tocou meu rosto.
Suspirei, dividida entre me afastar e me perder. Seus dedos limparam a lágrima, e aquilo doeu mais ainda.
— Deixa eu te encontrar de novo.
pediu, quase implorando.
Não tive coragem de responder.
Ele não esperou. Se inclinou e me beijou. Dessa vez sem pressa. Sem luxúria. Só nós dois, despidos de tudo.
Quando nos afastamos, ainda ofegantes, minha mão repousou sobre o peito dele. E ele cobriu minha mão com a dele.
— É todo seu...
sussurrou.
Meu Deus..tudo era tão intenso, tão forte, e tão dilacerante.
Meu coração gritava. Meu corpo ansiava, implorava por mais daquilo, mas de nós.
Beijei seus lábios de novo, mais rápido, um selo que carregava dor e desejo misturados.
Uma enorme vontade de mandar ele largar tudo, deixar tudo pra trás, e ser só meu...
Sem me importar com mais nada.
— Você tem meu número.
murmurei com a pouca voz que me restava e a última decisão antes de sair dali.
Abri a porta e saí, sentindo o peso dele ainda preso ao meu corpo.
Era impossível acreditar que aquilo era um fim. Não, não era.
Mesmo que fosse torto. Mesmo que fosse c***l.
Não era o fim pra nós.
...