O grito que saiu da minha garganta ainda ecoava quando a porta se abriu de repente.
A mãe de Liana entrou correndo e parou em choque ao ver a filha caída nos meus braços.
— Meu Deus. Minha menina!
ela se ajoelhou ao nosso lado, as mãos trêmulas tentando alcançar o rosto pálido de Liana.
— O que aconteceu?
Antes que eu respondesse, outra voz cortou o ambiente. Minha mãe.
— Edgar, O que você fez!
os olhos dela estavam em fúria.
— Ela não pode sofrer esse tipo de nervosismo às vésperas do casamento! Você não está sendo homem!
A ignorei, a raiva queimando dentro do peito. Segurei Liana com mais força e me levantei, decidido.
— Eu vou levá-la ao hospital, Pega os documentos dela.
A mãe dela chorava, desesperada.
— Ela não pode passar por isso, Edgar! Minha menina não pode!
O peso dela nos meus braços me sugava para dentro de um buraco.
O coração dela batia fraco contra o meu peito, e isso me dilacerava.
Cruzei a sala e saí. Atrás de mim, ouvi a mãe dela ligar apressada para Gusmão, a voz trêmula:
— Liana passou m*l… estamos indo para o hospital! Você tem que vim agora! Eu não quero saber o que está fazendo Gusmão, ou com quem você está, mas é a nossa filha!
Ela abriu a porta do, deitei liana sobre o banco e corri pro outro lado do motorista.
Minha mãe abriu a porta do passageiro ao meu lado.
— Eu vou junto!
Tudo aquilo era uma merda!
Acelerei o carro, sentindo a p***a do peito queimar.
O silêncio era sufocante, cortado apenas pelas vozes tensas delas me cobrando, me julgando.
A minha falava sem parar, pedindo desculpas para Luiza, como se fosse ela a cometer a decisão, como se eu fosse sua vergonha.
Um menino que fazia coisas errada e ela tinha que reparar os danos.
— Eu nunca imaginei… nunca pensei que meu próprio filho faria isso com ela. É uma decepção!
Mantinha os olhos na estrada, as mãos firmes no volante, mas por dentro estava em um caus absurdo.
A mãe de Liana não conseguia desgrudar os olhos da filha, apoiada no banco de trás.
— Acorda, meu amor… acorda, por favor…
E então ela se mexeu, fraca, a respiração curta. Os olhos se abriram devagar.
— O que… o que aconteceu?
— Você passou m*l. Está tudo bem agora, Liana.
Quando ela me olhou, a lembrança pareceu rasgar seu peito de volta.
O olhar dela endureceu, a voz fraca mas carregada de acusação, quando olhou pra minha mãe, como uma cúmplice, em busca de apoio destrutivo.
— É ela, livia! Aquela garota… é ela que está fazendo isso comigo. Ela voltou pra destruir a gente.
Minha mãe se virou para mim, incrédula.
— O que você fez, Edgar?! Foi atrás daquela garota!?
Grunhi, engolindo o ódio que fervia.
— Eu não lhe devo satisfação nenhuma.
E olhei de volta para Liana, ainda pálida.
— Isso é entre nós dois, Liana. Você sabe muito bem que ela não fez nada, sabia desde o início que se eu a encontrasse...
Luiza se intrometeu, a voz cortante:
— O que está acontecendo? Que mulher é essa?
— Uma rameira!
minha mãe cuspiu as palavras.
— Uma suburbana daquela maldita cidade que Welice insistiu em nos levar… maldita hora que aceitei!
O choro de Liana cortou o ar.
Ela levou a mão ao ventre e olhou para a mãe, desesperada.
— Meu bebê… meu Deus, eu perdi meu bebê?
— Não fala isso!
Lívia (minha mãe) disse já repreendo ela.
— Filha…
a mãe dela tentou acalmá-la, mas Liana se virou para Luiza, transtornada.
— Ele sabe, mãe… ele sabe do bebê. Ela está destruindo tudo! Eu odeio ela, mãe! Odeio!
Luiza me encarou como se quisesse me despedaçar.
— Por quê, Edgar? Minha filha está grávida do seu filho, faltam dias pro casamento… Por que está fazendo isso por causa de uma mulher qualquer?
Segurei o volante com força, sem desviar os olhos da estrada.
— Pelo bem da sua filha, espero que a gente fale disso depois. Agora não é o momento.
— Essa mulher só desgraça tudo!
minha mãe gritou.
— Você não vai largar tudo por causa dela!
— Essa é uma escolha minha, não sua!
rebati, ríspido, e o silêncio se instalou como uma bomba prestes a explodir.
Finalmente chegamos ao hospital. Quando Luiza e minha mãe se aproximaram para ajudar, Liana recusou, quase num sussurro.
— Eu quero que o Edgar me leve.
E eu a carreguei até dentro.
...
Na sala, a médica nos recebeu com seriedade. Após examiná-la, a expressão dela se fechou.
— Ela está com pressão arterial elevada, sinais de estresse emocional e fadiga extrema. São sintomas perigosos numa gestação, especialmente nesta fase.
O ar sumiu dos meus pulmões.
— Doutora…
consegui murmurar.
— Ela e o bebê vão ficar bem?
— Se seguir minhas recomendações, sim.
A médica foi firme.
— Vou ser bem sincero com você. Ela precisa de repouso absoluto, medicação para estabilizar a pressão e evitar qualquer situação de estresse. Vou interná-la em observação.
Quando a levaram para o quarto, eu a acompanhei.
Assim que ficamos a sós, Liana apertou minha mão com força.
— Eu não vou cancelar o casamento, Edgar. Não vou. Você não pode abandonar tudo… todos os anos que passamos juntos… agora que teremos um filho…
Fechei os olhos, esmagado pela culpa.
— Por causa dela?
a voz dela tremeu, carregada de dor.
— Quanto tempo faz que você encontrou essa mulher?
— Liana, não é o momento…
— Eu quero saber!
ela ergueu a voz, o choro estourando.
— Por tudo que eu passei com você, Edgar! Por todas as vezes em que eu estava lá quando você desmoronava por causa dela! Porque ela nunca te procurou… nunca! Era eu quem estava ao seu lado! Então fala! Quanto tempo?
O silêncio me corroeu. Eu baixei o olhar e soltei num fio de voz:
— Uma semana.
O choque no rosto dela foi como uma facada.
— Uma semana?
a mãe dela gritou, incrédula.
— Meu Deus, Edgar, você enlouqueceu?! Vai trocar minha filha, a família que está formando agora, por uma mulher que encontrou há uma semana? Você nem conhece mais ela!
Apontei para Luiza, a voz carregada de exaustão.
— Pela consideração que eu tenho por você, se quiser falar disso em outro momento, eu falo. Mas agora eu só estou preocupado com o meu filho.
O silêncio que veio depois foi ensurdecedor.
— Sai daqui, Edgar.
A voz de Luiza cortou o ar.
— Quê? Não, mãe!
Liana tentou segurar minha mão.
Mas Luiza foi implacável.
— Ele não está preocupado com você, filha! Olha tudo o que ele fez! Ele só pensa nele mesmo!
Meu peito queimou.
— Eu não queria que fosse assim.
— Quis sim!
ela retrucou, dura.
— Porque você escolheu isso! Mas minha filha não vai cancelar nada, Edgar. É melhor você por sua cabeça no lugar. Ela está esperando um filho e você se comprometeu a amar ela. Eu não vou permitir que cometa o maior erro da sua vida! E deixe ela passar por isso sozinha!
As palavras dela só me lembravam de Gusmão, da farsa que eles sustentavam, do casamento de aparências que ela mesma aceitava.
— Ele vai colocar a cabeça no lugar sim.
minha mãe reforçou.
Respirei fundo, a raiva explodindo dentro de mim.
— Eu não vou cometer o mesmo erro dessa vez. Podem ter certeza.
Saí do quarto antes que minha explosão fosse maior.
No corredor, a fúria me tomou.
Acertei um soco na parede, o som seco ecoando. Passei as mãos na cabeça, tentando conter o turbilhão.
Com as mãos trêmulas, puxei o celular do bolso.
Disquei o número dela:
— Oi Edy...
— Clarisse, preciso falar com você...
(...)