BRUTUS Mano, tava um inferno. Dias preso naquele barraco fudido, o cheiro de mofo e sangue me sufocando, o corpo moído pelos dois tiros que levei no ombro e na barriga. A dor era braba, uma queimação que não dava trégua, mesmo com os curativos malfeitos que os caras do Zé da Faca jogaram em cima dos ferimentos. Eu tava amarrado numa cadeira, os pulsos cortados pela corda grossa, o sangue seco grudando na pele. Minha cabeça tava uma bagunça, pedaços da memória faltando, como se o tiroteio no morro do Zé da Faca tivesse apagado partes do que rolou. Eu sabia que tinha ido resgatar a Laura, que o Nilo, aquele usuário filho da p**a, vendeu ela pro Zé da Faca pra liquidar a dívida. Sabia que levei dois tiros, que o Juninho e o Magrão me arrastaram pra fora, mas depois? Nada. Só o escuro desse

