- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Começou com uma sensação.
Depois um arrepio.
E quando eu percebi... eu já estava à beira da loucura.
Após o término com o David eu demorei à me acostumar com tudo. Na rotina sem ele ao meu lado. Ou sem a mensagem de texto matutina que ele sempre mandava. Tudo ficou... em silêncio. Por um tempo. A saudade começou a bater cada vez mais forte quando eu me percebi completamente sozinha. A minha melhor amiga estava tendo uma crise, meus pais estavam no meio de um divórcio e a minha única companhia me trocou por uma v*******a qualquer, sem qualquer motivo aparente. Quer dizer, o que eu poderia ter feito de tão errado assim para merecer tudo o que estava acontecendo?
Tudo começou com uma sensação.
Eu podia sentir que tinha algo de errado ao meu redor, eu só não conseguia distinguir o que era. No início eu achei que não era nada, era apenas eu, sendo extremamente paranoica.
Certa noite, eu estava indo me deitar tarde, depois de uma longa sessão de estudos bem intensa. Meu período de provas estava próximo e eu, obviamente, não gostaria de ficar para trás por conta de problemas pessoais. Eu me levantei da escrivaninha, desligando meu notebook e desligando o abajur. Eu esfregava meus olhos, bem cansada e bocejava bastante. Eu acho que não dei nem sequer três passos quando eu ouvi o clique do abajur e a luz preencher parte do meu quarto escuro. Eu parei de andar e parei de respirar por um segundo. Pisquei algumas vezes e sorri nervosamente, ao voltar para desligar a luz novamente. Afinal, era daqueles botões que se você não o aperta bem o suficiente ele acende novamente. Era apenas coincidência. Eu prossegui até o banheiro e escovei meus dentes antes de dormir.
O incidente, que eu não queria considerar uma macabra coincidência, se repetiu pelas cinco noites que se seguiram. Mas na sétima noite... bom, o que era apenas uma sensação muito r**m, se tornou um arrepio. Eu podia sentir a presença, meu corpo entendia que algo estava errado e entrava em estado de alerta total.
Na sétima noite, eu esperava o abajur se acender sozinho, mas isso não aconteceu. Eu dei de ombro, concluindo que era de fato coincidência e não uma coisa de outro mundo. Eu escovava meus dentes antes de me deitar quando eu ouvi minha caneta caindo no chão. Eu congelei no mesmo instante, pois um arrepio percorreu todo o meu corpo e me deixou imóvel. O chão de madeira do meu quarto rangia, como se algo pesado se equilibrasse nele. Eu não consegui olhar, mas eu podia sentir com todos os meus sentidos de que tinha uma presença ali. Uma presença não muito amigável, ao meu ver.
Eu acho que muito daquele dia ficou um tanto confuso para mim, já que eu não me lembro de nada depois disso. É tudo somente um breu. Eu me lembro de me olhar no espelho com a escova em meus lábios e os olhos assustados, mas é só isso. Eu acordei na manhã seguinte tão atrasada que não pensei muito em como eu fui parar na cama, dormindo tão serenamente. Eu estava imersa em pensamentos no intervalos dos períodos e mastigava minha maçã, quando alguém se sentou ao meu lado. Era o David.
- Angi, você está bem? Você está tão pálida quanto um fantasma. - ele realmente tinha aqueles olhos azuis dele preocupados e tentou se aproximar devagar, mas eu recuei minha mão de seu toque e me senti desconfortável com a situação.
- Quem te deu o direito de vir me chamar de apelidos que seus lábios não tem mais autorização de dizerem e vir todo preocupado sobre qualquer coisa sobre mim? - ele arregalou os olhos e ficou na defensiva.
- Ângela, eu só...
- Não, David. Se você realmente se importasse, você não teria me traído. Agora por favor, só some da minha frente que eu não te devo satisfação de nada.
Ele se levantou, visivelmente abalado e não disse mais nada ao se afastar cambaleante. Miserável. Era tudo o que eu conseguia pensar. Como se minha vida já não fosse infernal o suficiente. Eu terminei minha maçã e me levantei, mas ao tentar pegar o meu celular que estava na mesa, ele simplesmente foi lançado alguns centímetros longe de meus dedos.
- Mas que diabos...?
Eu olhei ao redor e ninguém parece ter notado. Eu peguei o celular rapidamente e o guardei na bolsa, olhando para os lados, apreensiva. Eu precisava de ajuda. Eu lancei um olhar para David, que me observava de longe de outra mesa com algumas pessoas do time de futebol e ele levantou as sobrancelhas, como se não soubesse o que significava o olhar, ou talvez nem tenha se dado ao trabalho de tentar entender depois do fora que havia levado. Meu celular vibrou e eu vi uma mensagem de Esmeralda enquanto eu caminhava apressadamente em direção ao meu carro no estacionamento. Não havia ninguém por lá, já que estávamos no meio de dois períodos. Estavam todos em aula ou no refeitório. As pessoas mais próximas estavam tão distantes que não dava para distinguir quem eram.
Quando eu achei que não poderia ficar pior, eu a vi.
- Olá, Ângela Corlett. - uma menina pequena de cabelos em pequenas ondas douradas me dirigiu a palavra, dizendo não só o meu nome, mas meu último nome também. - Eu estava te esperando.
Eu estava te esperando? Que tipo de sentença era aquela? Quem ela era? Eu não a conhecia. Ela vestia um vestido vermelho. Naquele momento... talvez até tarde demais, eu percebi.
- Está vendo aquela menina ali do outro lado da piscina? O que ela faz aqui? – eu sorri, provavelmente por conta da bebida, não dava pra levar nada à sério.
- Que menina? – os olhos de Mel voaram em minha direção, desesperados.
- Você não a está vendo? Está em pé bem ali... – parou ao perceber que ela não estava mais lá. – Do outro lado. Ela estava bem ali.
- Esmeralda Santiago. – eu dei outra risada embriagada. – Não tinha nenhuma menina ali. Você já está bêbada.
E eu também estava.
Eu me lembrei que naquela noite ela não parava de balbuciar sobre uma menina loira de vestido vermelho a estar perseguindo. Eu a carreguei até meu carro e fomos até a sua casa em uma velocidade segura e era parecia perdida e meus olhos estavam estranhos, como se realmente tivesse visto a morte. Eu a deixei em frente à sua casa e esperei que entrasse em segurança antes de ir embora.
Aquilo não saía de minha cabeça. Essa menina, ela não era real?
- Quem é você e como sabe meu nome?
- Ah, eu sei sobre muitas coisas! - disse brincalhona. - Agora eu acho que está na hora de você me ajudar com a Megan.
- Quem?
A menina abriu um sorriso macabro e seus olhos ficam vermelhos como o sangue. Seus dentes ficaram afiados como os de um tubarão e ela se aproximou de mim cautelosamente enquanto eu surtava.
- Fi-fique longe de mim!
Eu cambaleava para trás, tentando me afastar dela, mas um saco foi colocado em minha cabeça e tudo ficou n***o após isso. Uma dor tomou lugar ao medo e a confusão foi substituída pelo súbito desmaio.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -