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1899 Words
?Ellie: O que eu fiz noite passada? Parece até que eu sou uma outra pessoa. Jamais me imaginei fazendo essas coisas com um homem que eu m*l conheço. Jackson é mandão, e por mais estranho que pareça, eu gostei. Me sinto péssima em ter gostado. Da sensação que eu senti quando ele colocava a língua lá. Só em me lembrar, fico com as bochechas vermelhas. Não tenho coragem de falar isso pra minha mãe. Eu praticamente fugi pela madrugada e fui pra casa de um homem. Ela me condenaria? Não sei. Mas não vou falar. Acordei um pouco mais tarde, tomei outro banho e desci. Nem coragem de olhar para os meus tios eu tive. Só comi um pouquinho, quando estava indo para o refúgio do meu quarto temporário, Martin me chama. —Vai pro quarto? O dia está lindo lá fora, aproveita pra sair e conhecer um pouco.—Ele fala. —Tem uma piscina aqui também, você pode tomar um banho, sei lá. Ficar dentro de um quarto o tempo inteiro é que não dá. —Não tenho roupas de banho.—Mentira, minha mãe insistiu em colocar dentro da minha mala alguns biquínis novos.—Eu não conheço nada, não há como passear. —Se você não sair e dá uma volta, não vai conhecer o lugar nunca mesmo.—Ele revira os olhos.—O condomínio é grande, seguro, os índices de violência são quase nulo, você pode andar por aí sem medo. Há uma praça no centro do condomínio, pode ser um bom lugar pra você relaxar e ler. —É muito longe? —Não muito. Uns trinta minutos a pé. Em linha reta. —Ok, obrigada por falar. Decido fazer o que ele sugeriu. Começo a caminhar de modo lento. Eu sempre fui um pouco sedentária. Meu pai até que insistia que eu fizesse alguma atividade física ,mas eu nunca quis. Apesar de todo o bullying que eu sofri, gosto do meu corpo assim, e não penso em começar a fazer algo para mudá-lo. Apesar de que minha saúde também melhoraria, mas eu passo. —Um minutinho Ellie.—Respiro fundo quando sinto a presença de Mollie ao meu lado. Já estou a uns 200 metros da casa dos pais dela. Os saltos dela fazem um barulho estranho ao tocar no chão. —O que foi?—Não saiu tão rude como eu gostaria. —Nada, só queria conversar um pouquinho com a minha prima, não posso?—Notei uma cerca falsidade na fala dela, mas ok.—Meu pai falou tanto em mantermos uma convivência amigável, e eu pensei: por que não? Somos quase da mesma idade, temos algumas coisas em comum. —Duvido muito.—Somos completamente diferentes. Nada do que ela gosta, eu gosto. O que eu gosto, ela julga ser coisas e gostos do século passado. —Tem uma coisinha que temos em comum sim.—A olho sem entender muito bem.—Você é muito lerda pra entender, ou se faz. —Devo agradecer? —Seu deboche me irrita. Estou tentando aqui, manter uma conversa saudável com você, por mais que seja difícil.—Ela parece respirar fundo.—Bom, vai ter uma festinha na casa de uns amigos meus, e eu queria saber se você gostaria de ir. —Não, obrigada.—Nem morta. Mollie me odiava até ontem. —Deixa de ser careta, vai ser divertido.—Insiste. —Não gosto da energia que emana em festas. Obrigada pelo convite, mas eu dispenso.—Continuo andar e ela me acompanha . —Você tem algum defeito físico?—Pergunta do nada e eu fico sem entender.—Só anda com esses vestidos que cobrem tudo praticamente. Ninguém mais usa esse estilo de roupa. —Eu gosto da forma que eu me visto.—Olho de relance para as roupas que ela usa.— E eles nem são tão longos, minhas pernas ficam quase todas a mostra. —Tenho umas roupas que ficariam bem bonitas em você.—Ela segura o meu braço, me fazendo parar.—Usando essas roupas de moça de família da antiguidade, não vai conseguir nenhum namorado. —Quem disse que eu estou a procura de um namorado?—Puxo meu braço que ainda estava sendo segurado por ele.—E se eu achasse um, não seria preciso mudar meu modo de ser. —Ninguém gosta desse estilo virgem Ellie. Estou tentando ser sua amiga. O Jack pareceu gostar dos meus vestidos. —Nunca quis ser minha amiga.—Comento baixo. —Estou fazendo isso pelo meu pai.—Revira os olhos e coloca as duas mãos nos bolsos de trás da saia jeans.—Se você mudar de ideia sobre ir na festa, é só me falar que eu te levo. —Ok.—Eu não vou mesmo. —E você está indo pra onde agora? —O Martin falou sobre uma praça aqui, estou indo até lá. —Ele pensa que você não tem muitos lugares para passear aqui. Assim como minha mãe e meu pai.—Sorri de uma forma estranha.—Mas eu sei que você anda visitando uns lugares que ninguém nem imagina. Ela se aproxima de mim e eu fico tensa. —Está andando num terreno perigoso Ellie.—Toca meus cabelos. —Se eu fosse você teria mais cudiado da próxima vez. Será que ela me viu saindo? Tento não pensar nessa hipótese e continuo fazendo o meu caminho.  Perdi a noção do tempo, mergulhando no mundo mágico de Orgulho e Preconceito. —Oi.—Uma menina de cabelos coloridos pula na minha frente me assustando um pouco. —Oi.—Fecho o livro e ela me olha com expectativa. —Meu nome é Giulia, muito prazer. —Estende a mão e eu aperto.—Como é seu nome? —Sou Ellie. É um prazer conhecer você.—Ela é a segunda pessoa que eu interajo sem ser meus parabéns. A primeira é Jackson. —Você é uma nova moradora? Eu vou me sentar ao seu lado.—Ela diz e se senta. —Nunca tinha te visto por aqui. —Eu vim passar um tempo na casa dos meus tios. Estou aqui a pouco mais de uma semana, ainda não tinha saído para passear.—Digo e marco a página do livro e o deixo de lado. —De onde você é? —Ottawa. —Canadense, que legal.—Diz com uma animação incomum.—Eu já visitei o Canadá. Fomos até Toronto. Foi legal, gostei do seu país. —Nunca fui a Toronto. —Jura?—Me olha como se eu fosse de outro mundo.—Não posso nem ficar surpresa, nunca fui ao Aspen, por mais que eu queira. Fico em silêncio. Não sei o que dizer. —Está gostando daqui?—Quebra o silêncio.—Achou algo que te fizesse gostar? —Sim. Para as duas perguntas.—Fico tímida em lembrar da pessoa que me fez gostar. —O que você gosta de fazer? Nas horas vagas?—Ela fala tudo bem rapidamente, quase não respirando direito.—Eu estou sendo inconveniente com você? Se estiver, pode falar e me desculpe, é meu jeito ser assim. —Não se preocupe.—A tranquilizo.—Ao menos encontrei alguém pra conversar. —Que bom então.—Sorri. Os cabelos dela mexem com o vento. É bem bonito. E diferente.—Quem são seus tios? Já tenho alguns anos morando aqui, possa ser que eu conheça. Na verdade, eu conheço todo mundo aqui, nem que seja por rosto. —Sou sobrinha de Drake Atkinson. —Conheço ele. Você é prima da Mollie.—Coloca uma mão no queixo.—Deveria dá umas aulas a ela, de como se vestir adequadamente. Fico com vergonha alheia quando a vejo andar seminua, misturas cores e estampas e usar saltos altos em ocasiões que nem são tão apropriadas. Ela é uma vergonha alheia ambulante. —Também fico constrangida quando estou no mesmo ambiente que ela.—Constrangimento é até pouco.—Mas o que posso fazer, é o estilo dela. —Um estilo bem peculiar.—Gargalha e eu acompanho.—Onde já se viu, usar saia com estampa de oncinha, blusinha preta com brilhos e uma bota de salto altíssimo verde. É muita coragem. —Sabia que ela até questiona o meu jeito de me vestir? Diz que é antiquado, de uma era passada. —Ela é louca. Você é fofa, ainda mais vestindo esses vestidos assim.—Coro.—Você parece uma princesa de porcelana, que pode ser quebrada a qualquer momento. Não sei se já te disseram isso, mas você fica adorável com as bochechas vermelhas. —Obrigada.—Abaixo um pouco a minha cabeça.—Você também é bem bonita. Eu gostei dos seus cabelos. —De nada.—Toca meu ombro.—Gostou mesmo? Eu pintei recentemente. Eles estavam roxo até uns dias atrás, mas resolvi mudar. Não gosto que as coisas virem rotina. Faço também pra irritar meus pais, eles são bem doutrinadores, mas sabem que não conseguem me segurar com suas falsas morais. —Eu achei bem diferente. Poderia ficar feio em outra pessoa, mas em você ficou bem bonito. —Quer que eu pinte o seu também?—Toca meus cabelos loiros.—Acho melhor não. Pode acabar com seu cabelo. Um cabelo loiro assim, dá um trabalho pra cuidar e deixar sempre bonito sem ressecamento. Aconselho que não pinte, ele é lindo assim. —Não teria coragem de pintar. Eu gosto dele assim. É igual o da minha mãe.—Sorrio ao me lembrar dela. Ainda não nos falamos hoje por ligação de vídeo, somente por mensagens. Não gosto de ficar sem dá notícias, eles se preocupam comigo. —Você gosta de livros? Cinemas? Peças de teatro?—Pergunta sem me dá tempo de responder.—A julgar pelo seu modo, não acho que goste de balada, festas no geral. Acertei? —Acertou. —Eu também não gosto. Minha irmã mais nova diz que eu sou careta, estranha, por ser uma mulher de 20 anos e não gostar de beber, fumar, usar drogas e fazer tatuagens enquanto não me aguento de pé de tanta subsistência no sangue.—Me surpreendo.—Não sei o que está havendo com o mundo. As pessoas acham que o certo é errado e r**m. Os valores estão bem invertidos. —A Mollie também acha que eu sou um bicho que só mora dentro de um quarto.—Não que seja totalmente mentira.—Parece não entender que eu não preciso me entupir de bebidas pra poder me sentir bem. Lendo um bom livro, já é o suficiente. —Caramba, temos pensamentos semelhantes.—Sorri largo, exibindo um piercing que eu achei bonito, mas não quis perguntar sobre.—Podemos nos ver, dá uma volta por aí. Eu posso te levar até a biblioteca que eu costumo ir. Lá eles possuem uma espécie de clube do livro, você vai gostar de conhecer. —Já participei de algo preciso em Otawa. —Foi um prazer conhecer e falar com você. Mas eu preciso voltar pra casa, não posso deixar meus pais surtando a minha procura. —O prazer foi meu. Aceno pra ela quando volta caminhando de onde veio. De trás, seus cabelos coloridos ficam ainda mais a mostra. Eu gostei. Gostei dela.
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