Capítulo 3

2869 Words
Eu estava tão abalada e surpresa, Aron tinha ido falar com Tyler e Lauren sobre o ocorrido. Eu achei melhor ficar no quarto ainda sem acreditar. Meu Deus. Denise estava morta. Aquilo era tão estranho, e o pior de tudo era que tínhamos que contar a vovó Jones, ela já tinha perdido um filho e agora... Respirei fundo e cobri o rosto com as mãos, apesar de tudo o que Denise fez, eu não desejava a morte dela, poderíamos ter sido uma família se ela tivesse seguido o caminho certo. A porta do quarto foi aberta, tirei as mãos do rosto a tempo de ver Aron entrar, o meu amor estava arrasado apesar de tudo ele a amava, mesmo dizendo o contrário. - E ai? – perguntei me levantando da cama. - Eu contei a eles – suspirou – A Lauren está arrasada – respondeu parado perto da porta, andei até ele e toquei seus ombros. - E você? Ele deu de ombros. - Estou bem – murmurou cansado – Nós vamos contar a vovó – contou. - Aron tem certeza? – indaguei receosa – A vovó não está bem de saúde, você sabe. - O que posso fazer Hannah? – deu de ombros outra vez, seus olhos cheios de lágrimas – É a filha dela, ela precisa saber. - Por favor, espere até amanhã – implorei tentando ganhar tempo. A saúde dela estava tão frágil, e talvez uma notícia tão triste assim a deixasse pior. Denise tinha errado muito, mas ainda assim Georgine a amava com todo o seu coração disso eu tinha a certeza, por que era o mesmo sentimento que eu tinha pelos meus filhos. Ser mãe é isso amar seus filhos acima de qualquer coisa, mesmo com os erros e acertos. - Não, Tyler e Lauren já concordaram então... – o interrompi indignada, então a minha opinião não valia de nada. - Mas eu não concordo, por favor – insisti. - Sinto muito, mas não tem nada que você possa fazer agora – murmurou, antes de sair outra vez do quarto, eu sai atrás dele sem ter outra escolha. Os outros quatro já estavam esperando no corredor, Lauren chorava silenciosamente, eu a abracei de lado e então fomos até o quarto da vovó. Meu coração doía um pouco mais a cada passo que dávamos ao quarto dela, só de imaginar a dor que ela iria sentir me fazia sentir a pior pessoa do mundo. - Acho melhor você ficar aqui Lauren – sugeri ao pararmos em frente á porta do quarto. A loira assentiu e foi para os braços de Tom – Aron, por favor – tentei mais uma vez, mas aparentemente Aron já tinha tomado á decisão. - Vamos acabar logo com isso – ele falou frio e então abriu a porta sem me dar chance de retrucar. Suspirei triste e eu acompanhei Tyler e ele para dentro do quarto. - Vovó? – ele a chamou num tom razoavelmente baixo e para a minha surpresa ela estava acordada, me aproximei da poltrona preta que ficava de frente para a sua cama, mas afastada da mesma. - Estou acordada Aron – a voz dela soou tão fraquinha – Por alguma razão eu não consigo dormir – ela riu fraco. Meu Deus. Será que ela já estava pressentindo? Mães tem esse dom de sentir antes mesmo de acontecer e elas nunca se enganavam. - São só sete e meia, talvez seja por isso – Tyler disse parado ao lado direto da cama dela, a senhora concordou sorrindo fraco. - É pode ser. - Vovó eu tenho que contar uma coisa – Aron se sentou ao lado dela na cama, enquanto Tyler mantinha as mãos enfiadas nos bolsos da calça. - Sobre o que querido? – quis saber. Abaixei a cabeça e apertei o apoio da poltrona aguentando firme para não começar a chorar ali. - É sobre a Denise – começou, eu sabia que ele estava sofrendo – O diretor do presidio me ligou e... – ele hesitou, fechei os olhos com força. - O que aconteceu com a minha filha? – eu pude sentir a mudança na voz dela de calma para preocupada em questão de segundos. - Eu sinto muito vovó. - O que? Sente muito por quê? - É que... Encontraram o corpo dela na cela – contou. - Não. Abri os olhos e levantei a cabeça, Georgine começou a chora, suas lágrimas começaram a escorrer por seu rosto pálido e marcado pelo tempo. - Vovó se acalme – Tyler pediu sentando-se também na cama olhando a senhora preocupado. - Aron, por favor, deve ter sido um engano – ela fungou – A minha filha estava bem ontem quando fui visitá-la, por favor, ela não pode ter morrido não pode – Georgine agarrou um dos braços de Aron encarando-o suplicando para que o neto lhe contasse a verdade. Infelizmente aquela era a verdade. Eu estava ficando desesperada por vê-la passar por aquilo. - Eu sinto muito mesmo – Aron se juntou a mais velha no choro. Eu também já não tinha mais controle sobre as minhas lágrimas, Tyler por outro lado parecia estar aguentando firme, pelo menos um de nós estava se mantendo forte nesse momento doloroso. - Eu quero vê-la – ela disse decidida tentando se levantar. - Vovó não, por favor – Aron se apressou em fazê-la ficar no lugar deitada. - Aron, por favor – implorou – Eu preciso vê-la, Hannah me leve até a minha filha – Georgine me olhou suplicando para que eu a ajudasse. - Aron? – me aproximei depressa do meu marido segurando o soluço – É a filha dela – tentei intervir. - Não vovó – Aron estava agindo feito um i****a egoísta. - Por favor, eu... Georgine fechou os olhos com força levando uma das mãos ao lado esquerdo do peito fechando-as com força como se sentisse alguma dor e aquilo me assustou de verdade. - Vovó o que foi? – Aron perguntou assustado. Ela soltou um suspiro forte e eu soube que tinha alguma coisa errada, ela não respondia e não parava de se contorcer. - Aron o que está acontecendo? – me desesperei. - Eu não sei. - Tyler chama uma ambulância – mandei, afastei Aron de perto dela, tirei o cobertor de cima dela e abri alguns botões da camisola que Georgine estava usando para que assim ela pudesse respirar, mas nada funcionava – Georgine, por favor, respire – pedi, enquanto fazia, - ou tentava fazer do jeito que eu julguei ser correta – uma massagem em seu peito – Tyler chama logo a ambulância. Aguenta vovó. Limpei meu rosto com uma das mãos, tirando as lágrimas e continuei com a massagem. - Já liguei, já estão vindo – avisou desesperado. - Ela está bem Hannah? – Aron perguntou com a voz embargada. Eu não o olhei mantive-me concentrada em Gerogine. - Como ela vai estar bem? – indaguei rude, eu estava nervosa – A filha dela está morta Aron e você se quer se importou com a minha opinião, ou com os pedidos dela. Senti as mãos quentes dela, segurarem as minhas tremulas me fazendo olhá-la nos olhos, e foi tudo o que eu não queria ver. Seus olhos estavam se despedindo de mim, de todos nós. Seu sorriso singelo e doce foi tudo o que ela me deu antes de fechar os olhos de novo. - Não – sussurrei, voltei a massagear seu peito, eu não podia desistir dela tão fácil, mas de nada adiantou – Você também não, por favor. Os enfermeiros chegaram, eles colocaram uma mascara de oxigênio nela, antes colocá-la na maca e a levarem finalmente para o hospital, Aron a acompanhou na ambulância. Os outros e eu fomos em seguida, Lauren não parou de chorar durante todo o trajeto até o hospital. Quando chegamos ao hospital, já tinham a levado para dentro de uma sala, Aron estava no corredor desesperado, desamparado me doeu vê-lo daquele jeito, me aproximei depressa dele. - E então? – perguntei aflita, o rosto dele estava vermelho e as lágrimas não paravam de cair. - Eu não sei, Hannah – ele se jogou nos meus braços chorando – Ela vai ficar bem, não vai Hannah? Acariciei seus cabelos e as suas costas confortando-o de algum jeito. - Sim, ele vão salvá-la – prometi, mesmo depois de ter visto o adeus nos olhos da Georgine, ainda assim eu precisava manter a esperança viva em meu coração mesmo tendo a certeza de que já não adiantava mais nada, a vovó Jones tinha ido embora. Minha mãe sempre me ensinou a ter fé, mesmo que a situação parecesse impossível, ela me ensinou a confiar em Deus. Cinco minutos se passaram desde que chegamos, logo o médico apareceu e Aron se afastou depressa. Pela expressão nos olhos dele eu pude ver que ela tinha mesmo partido. - Como ela está? – ele perguntou afobado. - Eu sinto muito, fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance – o médico lamentou, nos olhando com tristeza. - Não! – Aron choramingou incrédulo, deixou os ombros caírem em derrota. Lauren iniciou um choro sofrido, abracei Aron outra vez apertando-o em meus braços e chorei também. Estavam todos ali reunidos para prestar uma última homenagem a Georgine Carmela Jones. A mulher mais incrível que eu já tive a honra e o prazer de conhecer e conviver por tanto tempo. Os dois caixões foram colocados lado á lado, mãe e filha iriam ser enterradas juntas, a família quis assim, apesar de alguns torcerem o nariz. Aron não quis dar sua opinião, mas eu achei muito boa essa decisão, a pobre vovó Jones não teve tempo de se despedir da filha em vida, mas pelo menos elas iriam ficar juntas descansando em paz. Aron se mantinha quieto, caldo... Distante. Ele estava sofrendo tanto, talvez até mais que isso. Eu decidi não trazer nem Nicholas nem Laura apesar de gostarem muito da bisavó eles eram só crianças. O padre continuava com suas palavras de consolo e sabedoria enquanto todos nós chorávamos a perda irreparável para os nossos corações. limpei meu rosto e respirei fundo, o vento não dava nenhuma trégua. Funguei e limpei o rosto outra vez e no mesmo instante começaram a baixar os caixões, fechei os olhos enquanto acontecia era doloroso reviver um momento como aquele, Billy estava enterrado nesse mesmo cemitério a poucos metros de onde a irmã e a mãe seriam enterradas. Os parentes começaram a jogar as flores brancas sobre ambos os caixões, abri os olhos e me aproximei das covas, joguei uma rosa sobre cada caixão. - Vai em paz Georgine – sussurrei antes de me afastar. Quando Aron se aproximou eu fiquei com o coração acelerado, eu sabia que de todos ali presentes, ele era o que mais estava sofrendo, eu podia sentir que ele se sentia culpado pelo que tinha acontecido com a avó. Bom, talvez tivesse sido minha culpa também, eu podia ter insistido mais para que ele a deixasse ver a filha. Mas infelizmente eu não fiz isso. Eu não tinha feito nada. - Hannah se precisar de alguma coisa, por favor, é só me ligar – Christopher um dos tios do Aron, e irmão mais novo de Georgine pediu. - Não se preocupe, vá descansar – apertei o braço dele de leve – Vocês vão ficar para a missa na semana que vem, não é? – perguntei. Depois do enterro eu resolvi que organizaria uma missa para a vovó Jones para que pudéssemos homenageá-la. - Claro – ele assentiu – Pode contar conosco, afinal Georgine era a minha irmã – respondeu baixo – E o Aron vai precisar de nós – ele suspirou cansado. - Certo, vá descansar – pedi. Christopher assentiu outra vez, e depois de nos despedirmos ele foi embora, ele e os outros decidiram ficar em um hotel mesmo depois de eu ter insistido muito para que ficassem. Respirei fundo. Eu estava cansada física, mental e emocionalmente, tinha sido um dia que não quero ter que repetir de novo. Perder alguém tão importante assim é horrível. Desde que voltamos do cemitério Aron subiu para o quarto sem despedir de ninguém, eu tive que ficar para fazer companhia a todos, claro que eu o entendia, Aron estava abalado demais. Georgine foi sua segunda mãe desde que Laura se foi. Subi a escada, eu precisava descansar também, afinal nada mais poderia ser feito. Passei no quarto da minha Laura primeiro, a minha pequena dormia tranquila sem preocupações, me aproximei de sua cama e pela primeira vez naquele dia cinza eu sorri de verdade. Acariciei seus cabelos castanhos e a cobri direito, me curvei sobre ela e beijei seu rostinho quente. Encostei um pouco a porta depois que sai, caminhei até o do Nick, entrei e para a minha surpresa ele ainda estava acordado. - Ei pequeno, por que ainda está acordado? – perguntei sentando-me ao lado dele na cama. - Senti sua falta – ele murmurou manhoso. - Também senti a sua falta filho – falei, puxei meu pequeno para o meu colo – Me desculpe amor. - Onde você estava mamãe? E onde está o papai? – ele quis saber, apoiou a cabeça no meu ombro. - Nós fomos nos despedir da vovó Jones – senti um nó na garganta e a voz falhou um pouco. - Ela foi embora? – ele me olhou confuso. - Foi filho. Ela agora deve estar com seu avô – respondi. - O vovô Billy mamãe? - Sim – assenti sorrindo fraco, apertei Nicholas em meus braços – Ela está com o seu vovô Billy. Agora é hora de dormir – falei. - Sim mamãe – concordou saindo do meu colo e voltando para a cama, cobri meu filho e o encarei – Quando vou poder ver a vovó Jones de novo? – perguntou. - Vai demorar um pouco, tudo bem? – acariciei seu cabelo castanho. - Acho que posso esperar – ele disse inocente. Eu ri. - Claro que pode Nick, boa noite, eu te amo – beijei sua testa e me levantei. - Eu amo você mamãe – murmurou baixo. Apaguei a luz depois de ascender à luz do abajur sai deixando á porta também encostada. Respirei fundo, agora eu precisava consolar o meu amor. Aron estava encolhido na cama ainda vestindo a mesma roupa de mais cedo, fechei á porta e me aproximei da cama, era horrível vê-lo daquele jeito. Me deitei ao seu lado, ficamos em silencio por alguns minutos, as lágrimas desciam por seu rosto vermelho, toquei seu cabelo e passei a fazer carinho nele. - Nick perguntou de você – sussurrei olhando-o fixamente. Aron fechou os olhos por um instante me privando de ver seus lindos e tristes olhos azuis, mas logo voltou a abri-los. - Eu vou falar com ele – Aron disse, levantando-se limpou o rosto. - Espera! – segurei a mão dele, me sentando na cama – Ele já deve estar dormindo – o puxei de volta para a cama – Você quer conversar? – perguntei, tomei seu rosto entre minhas mãos. - Eu não sei – deu de ombros suspirando. - Como está se sentindo? – insisti. - Péssimo. Foi culpa minha, se eu não... - o interrompi incrédula. - Não, por favor, não diga isso a culpa não foi sua. Aron fungou. - Então de quem foi? – indagou me olhando firme, triste, desesperado – Se não foi minha, de quem foi? Eu preciso ter alguém para culpar, Hannah. - Aron ninguém teve culpa, para com isso – pedi, ele se levantou. - A culpa foi minha sim – insistiu teimoso, sentando do outro lado da cama de cabeça baixa – Se eu tivesse te escutado, talvez ela ainda estivesse aqui. Bufei, voltei a me aproximar dele. - Aron, eu sei que é difícil, mas você vai ter que superar. Todos nós amávamos a Georgine, mas precisamos ser fortes, tenho certeza de que ela não iria gostar de te ver assim – levantei seu rosto fazendo-o me olhar de novo – Eu te amo, preciso de você, os nossos filhos também precisam – falei sincera. - Me desculpa, amor – Aron voltou a chorar e me abraçou desajeitado, seu corpo balançava a medida que seu choro se intensificava, o apertei mais. Ficamos abraçados por um tempo até que consegui tirá-lo da cama e levá-lo para o banheiro, estávamos os dois de um banho. Eu precisava me manter forte para poder ajudar Aron a superar mais essa perda, ele era tão frágil, apesar de ás vezes demonstrar o contrário. Nós nos deitamos um de frente para o outro bem perto. Era impossível não amá-lo, ele era perfeito com todos os defeitos que ele tinha, ainda assim eu o amava muito. Ele tocou meu cabelo, depois meu rosto com carinho, fechei os olhos e beijei a palma da mão dele, ele desceu a mesma por meu corpo me abraçou pela cintura mantendo-me perto. - Eu te amo, Hannah – ele soprou. Sorri e juntei nossos lábios num selinho rápido. - Durma amor, vou cuidar de você – prometi, Aron assentiu e depois de soltar um suspiro fechou os olhos – Eu também te amo.
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