Capítulo 3

1942 Words
Já fazem seis meses que estou na faculdade, minha mãe nunca me ligou ou mandou uma mensagem se quer, falei com Amanda duas vezes durante esse tempo, ela só me disse que elas estavam muito ocupadas e que até viajaram para Paris com o Eduardo, eu não quis saber detalhes quando menos eu saber o que elas estão fazendo melhor.  Esses seis meses dividindo meu tempo entre os estudos e a casa da tia Beth, estou me esforçando o máximo para conseguir vê-la todos os fins de semana, as vezes é difícil, com provas e trabalhos.  Estou trabalhando após as aulas em uma confeitaria, que fica próxima ao alojamento. O salário é pouco, mas já é o suficiente para mim.  Vi o Elijah todos os dias ele sempre me olha com a cara fechada, às vezes nós só vemos quando estou junto com Cris e Yuri já que eles são amigos, seu que as lutas continuam acontecendo, mas não voltei a frequentar, sei que ele está liderando o circuito e provavelmente será o campeão pelo segundo ano consecutivo.  Saio da sala correndo, preciso chegar mais cedo ao serviço hoje, pois recebemos uma grande encomenda de doces e tenho que ajudar na produção. Virou no corredor e bati de frente com alguém  — Me desculpe! — Digo, olho para cima dando de cara com Elijah.  —Briana não é ? Sabe, eu me lembro de você, na casa da Marie, você é irmã da Amanda! — Achei que ele não se lembrava, mas estava enganado.  — Sou sim— Ele se aproxima fechando o espaço entre a gente   — Estou desde o dia da luta, me perguntando o você faz aqui? — Pergunta mordendo os lábios, os olhos dele descem por todo meu corpo sinto um arrepio na nuca.  — Vim estudar, estou cursando odontologia, o que acha que faço aqui? — Ele rir — Garotas como você não fazem faculdade. O que esse cara está falando?  — O que você quer dizer com isso? — Ele me olha dentro dos olhos, posso ver um brilho m*****o em sua íris.  — Você está aqui para conseguir clientes, universitários são fáceis de levar não é? Aqui tem filhos de gente influente, rica, qual lugar melhor para conseguir dinheiro fácil.  Meu coração parece que vai saltar do peito, minha garganta arde com uma imensa vontade de chorar, sinto meus olhos começarem a embasar.  — Do que você está falando? Está louco, só pode, eu estou aqui para estudar, outra coisa eu nem conheço você, não te devo explicações sobre a minha vida. — Tento soar o mais confiante possível, mas a verdade é que estou por um fio.  — Você é filha da p**a do meu pai, tenho certeza que não é diferente dela— Olho para ele que me encara com um sorriso no rosto, parece sumir dos meus pulmões, não posso acreditar que minha mãe esteja se prostituindo.  Eu sempre soube que ela é louca por dinheiro, e por homens ricos, mais daí a se sujeitar a prostituição.  - Você é muito bonita Briana, qual seu preço? Me fala que eu posso pagar—Ele fecha o espaço entre a gente, sua mão desceu até minha cintura, ele aperta o local afundando os dedos na minha pele, seu rosto desce até meu pescoço, sinto o calor da sua respiração esquentar a pele.  Isso não pode acontecer comigo, não consigo segurar as lágrimas começam a escorrer por meus olhos empurro ele e corro, atravesso a rua rápido sem olhar um carro freia quase me atropela, continuo correndo.  Chego na confeitaria atrasada, Simone a dona do estabelecimento logo me aborda.  — Devagar Briana, já adiantei bastante as coisas. — Diz compreensiva. Evito contato visual com ela.  —Vou me trocar e já venho te ajudar— Me afasto e vou em direção ao banheiro. Olho meu reflexo no espelho, estou h******l meus olhos estão vermelhos, impossível disfarçar que chorei, não consigo segurar demais lágrimas que insistem em cair, deixo minha elas rolaram.  Lavo o rosto e saio do banheiro, faço meu serviço quieta o dia todo, evito conversar com Simone e com Diana a outra funcionária. Elas perceberam que eu não estava bem, mas foram discretas e não fizeram perguntas.   As palavras do Elijah ecoaram na minha cabeça durante todo o dia “Você é filha da p**a do meu pai tenho certeza que não é diferente” nunca imaginei que minha mãe seria capaz de descer tão baixo.    Por isso sempre um homem diferente, sempre vestidos, maravilhosos, vestida como uma dama, como nunca percebi nada, e Amanda deve estar fazendo o mesmo.   “Qual seu preço? Me fala que eu posso pagar” as palavras não saem da minha cabeça.  Simone me liberou mais cedo do serviço, eu estava péssima e não conseguia me concentrar em absolutamente nada.  Cheguei no alojamento e me joguei na cama.  Não sei em que momento adormeci. Acordei com uma enorme dor de cabeça, estava sozinha no quarto.  Tomo banho e saio para a aula, meu rosto está h******l, os olhos inchados, reflexo de uma noite de choro.  Ando pelo campus olhando para baixo evitando olhar para qualquer pessoa, a sensação que tenho é que todos me olham e pensam a filha da p********a ou coisa pior se Elijah acha que sou igual a ela, outros caras também podem achar.  Aperto a mochila no ombro e sigo meu caminho até a sala. Hoje as aulas estão animada alunos eufóricos um feriado se aproxima todos vão voltar para suas casas.  Com o feriado fui dispensada do serviço e das aulas, resolvi fazer uma visita para minha mãe. Preciso tirar a prova dos nove com ela.  No fim do dia pego o ônibus para casa, o motorista me dá um sorriso que não retribuo, não tenho nenhuma vontade de sorrir para quem quer que seja. A viagem foi cansativa, mas o pior foi chegar em casa e ver a enorme bagunça que esse lugar está. Entro e vou até meu quarto, tudo está revirado, minhas roupas todas em cima da cama e meus livros no chão.  Arrumo a casa toda, quando estou preparando um lanche a porta é aberta, minha mãe entra por ela com várias sacolas, ela está usando um vestido preto, um enorme salto alto e óculos escuro enorme, que a olha assim até pensa que é uma madame.  — Olha se não é minha filha sumida, lembrou que tem casa? — Diz com a voz carregada de desgosto.  — Oi mãe — Mordo meu sanduíche, ela se aproxima e segura meu braço com força.  — Nunca mais saí dessa casa sem me avisar, ouviu sua pirralha?— A unha dela perfurou minha pele com o aperto, apenas balançou a cabeça. O celular dela toca e ela sai de perto de mim para me atender. Até parece que ela se importa com eu ter ido sem avisar.  Eu queria reagir e falar uma verdade na cara dela, mas não consegui.  No fim da tarde fiz uma visita para seu Augusto. Volto para casa no início da noite, entrou minha mãe está na sala quando chego.  — Deixei um vestido na sua cama, tome banho se arruma, você vai comigo jantar com uns amigos — Ela diz sem olhar para mim.  — Não estou com vontade — Argumento — Agora Briana— Grita. Tomo um banho e visto o vestido que minha mãe deixou. O vestido é preto com as costas nuas e pega no meio das coxas, não gostei, saio do quarto minha está na sala junto com Amanda.  — Olha não ficou r**m— Ela diz me olhando, dou um sorriso amarelo, Amanda para ao meu lado e me dá um par de salto. Amanda me fez uma maquiagem e arrumou meu cabelo.  — Amanda quero saber uma coisa sobre a mamãe – Ela me olha desconfiada. Tenho certeza que sabe qual é o assunto.  — Depois Briana, não podemos nos atrasar— Foge da conversa.  Uma hora depois estamos em frente a um restaurante bem fino, o garçom nos leva até uma mesa reservada. Eduardo levanta e vem ao nosso encontro  — Querida — Diz beijando o rosto da minha mãe, ele beija Amanda no rosto também e depois me cumprimenta do mesmo jeito, ele segura meus dois braços e me olha nos olhos  — Você está linda Briana, vai ser um prazer tê-la conosco — Ele pisca o olho, não gosto desse homem. Quando viro o rosto vejo Elijah sentado à mesa ele tem os olhos fixos em mim enquanto segura um copo com whiskey, na mesa a mais dois homens da idade do Eduardo.  Me sento perto da minha da minha mãe.  — Filha senta perto do Mauro, ele é um amigo da mamãe — Ela não me espera responder, me leva até a cadeira, me sento perto do homem que me olha da cabeça aos pés.  — Linda sua filha Mary, por que não a trouxe antes? — Pergunta o tal Mauro.  — Ela está morando fora da cidade, só por isso— Responde sorrindo, Amanda está sentada ao lado de Elijah com um enorme sorriso no rosto, enquanto ele mantém a cara fechada.  O jantar foi h******l. Sinto algo tocar minha perna, olho para o lado e tal Mauro, tem um sorriso no rosto a mão dele sobe na minha coxa, puxei a perna rápido. Me levanto da mesa e vou em direção ao banheiro, minha cabeça dando voltas, foi por isso que ela me trouxe? Ela quer que eu saia com o amigo dela? Não, posso acreditar.  Entro na cabine com as palavras do Elijah dando voltas na minha cabeça, respiro fundo para impedir que as lágrimas caiam.  Saio do banheiro, estou com minha mãe na porta com uma cara de poucos amigos.  — Você vai voltar para mesa agora garota — Diz.  — Eu vou embora mãe — Digo, ele pega meu braço e abre com força.  — O Mauro é meu amigo, você vai ficar e vai agradá-lo, se ele te chamar para ir à um hotel você vai, vai fazer tudo que ele pedir, entendeu Briana? — Só consigo sentir nojo dela nesse momento.  — Não sou p********a igual a você mãe! Muito menos um objeto que você pode vender — Minha voz sai embargada, minha própria mãe me vendendo para um velho com idade para ser meu pai, ela dá uma risada fraca. Ela não esboça reação nenhuma com as minhas palavras.  — Eu não sou p********a, eu sou uma acompanhante, faço o que tenho que fazer para sobreviver. — Diz como se estivesse certa. — Não dá uma de inocente pra cima de mim não eu me lembro muito bem que você namorou o filho da vizinha e perdeu a virgindade com ele, agora entra nesse banheiro se recomponha e volta para a mesa com um sorriso no rosto — Ela vira as costas me deixando sozinha.    Ela vira as costas e volta para mesa, vejo a porta da área de fumantes no fim do corredor caminho rápido até lá, desço rápido as escadas e logo estou no estacionamento o vento frio da noite me paga em cheio abraço meu próprio corpo, caminho até a saída e vou andando pelas calçada, sento no meio fio e tiro as sandálias, levanto e volto a caminhar.  Caminho até um ponto de táxi, entro em um carro e passo o endereço para o motorista.  Em vinte minutos estou em casa, jogo algumas coisas dentro da mochila e sai novamente de casa, vou para a rodoviária, esse horário não tem ônibus saindo, mas é melhor ficar aqui do que em casa.
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