CAPÍTULO 67 DANTE NARRANDO Fiquei parado no meio da cozinha depois que a pequena subiu. A casa tinha ficado no silêncio, só o barulho distante do morro entrando pelas frestas da janela. O relógio na parede fazia um tic-tac irritante, e o cheiro de shampoo dela ainda parecia estar no ar, mesmo com ela lá em cima. Abri a geladeira devagar, a luz branca me cegando de primeira. Tinha arroz numa vasilha de vidro, feijão na panela de pressão, frango assado pela metade e uma salada murchando num pote. Peguei um prato, esquentando tudo no micro-ondas, e me joguei na cadeira. Enquanto comia, mastigando devagar, a mente não parava de rodar nela. No jeito que me olhou na cozinha, na voz trêmula tentando manter firmeza. Cada detalhe dela grudava, mano. Até o barulho da colher batendo no prato pare

