CAPÍTULO 76 CAROL NARRANDO O baile parecia um sonho e um pesadelo ao mesmo tempo. Do camarote, eu via a multidão inteira pulsar junto com a batida — corpos colados, luzes piscando, copo de bebida subindo pro alto, gente gritando cada verso como se fosse oração. O chão tremia com o grave, e por mais que eu tentasse manter a postura, eu sentia meus pés acompanhando o ritmo. Do meu lado, a Cris tava solta, dançando como se não existisse amanhã. Eu até ria de ver ela tão animada, mas por dentro eu tava em outra. O peso dos olhares não me deixava relaxar. As mulheres que estavam no camarote me mediam de cima a baixo, cochichando, rindo de canto, como se eu fosse uma intrusa. E talvez eu fosse mesmo. Olhei pra baixo, pras pessoas se espremendo na pista, e por um instante imaginei como seria

