CAPÍTULO 164 DANTE NARRANDO O olhar dela atravessou o meu peito como faca. Eu já sabia que essa hora ia chegar, mas não imaginei que fosse aqui, no meio da porrä do bar lotado, com pagode estourando e gente rindo em volta. A pequena não desviou nem um segundo, a voz dela saiu firme, mas o brilho no olho entregava: doía. — E antes… tu foi na casa da Laura? — ela repetiu, sem tremer. Travei a mandíbula, segurei o copo de chopp que o garçom tinha acabado de deixar e fiquei um tempo só encarando a espuma, tentando organizar a raiva e a paciência dentro de mim. Respirei fundo, soltei devagar, e então encarei ela de volta. — Fui. — admiti, seco. — Fui sim. Vi o peito dela subir e descer rápido, como se estivesse esperando eu negar. Mas eu nunca fui de inventar desculpa. Se eu fiz, eu assum

