CAPÍTULO 15 CAROL NARRANDO A gente saiu do cemitério devagar, como se cada passo pesasse uma tonelada. O vento batia gelado na cara, e o mundo parecia mais escuro do que devia praquela hora do dia. O silêncio entre a gente era cheio de significado. De dor. De perda. Descemos o morro em silêncio. A dona Cida me segurava pelo braço, como se tivesse medo de eu desabar no meio do caminho. E, pra ser sincera, eu não tava muito longe disso. Chegamos em casa. A porta ainda escancarada, a sala ainda fedendo a vela que acenderam, e o chão… ainda sujo de sangue. O sangue do meu pai. Congelou meu peito ver aquilo ali. Vermelho seco no chão, marcando o lugar exato onde ele desistiu de viver. Fechei os olhos por um segundo, como se isso pudesse apagar a imagem da minha cabeça. Mas não apagava. T

