Dante Baldoni A comida já se foi há horas, mas o gosto dela ainda está na minha boca. Não o do prato principal, nem da sobremesa. Mas o gosto da presença dela. Da Ária. O almoço foi bom, simples e até descontraído em alguns momentos. Foi um bom primeiro passo. O que é quase um milagre vindo de mim. Mas o que realmente ficou foi a forma como ela me olhava, como baixava os olhos às vezes, como disfarçava a tensão pela minha presença. Com leves gestos sutis. E eu gosto disso. Gosto mais do que deveria. Desde que voltei ao escritório, a minha cabeça não funciona direito. Eu deveria estar focado nas projeções financeiras do trimestre, nas ações que estamos negociando, ou nos contratos de novos investimentos. Mas tudo que ouço é a voz dela. Aquele tom suave, mas firme, como se tentasse disf

