Nada é por acaso

        Sentada em um dos bancos próximos ao pátio da cantina na Faculdade, Karine observava alguns colegas e alunos passarem apressadamente. Eles iam e viam em ambas as direções, uns em silencio, outros conversando entre si. Todos os dias, nesse mesmo horário, parecia um loop infinito, sempre e sempre. Ela passou seus dedos nos cabelos, um longo e extenso cabelo castanho quase avermelhado natural. Ela sorri quando tem sua atenção tomada pelo toque de seu celular. - Oi Demétrio. Atendeu ela com um sorriso na voz. - É errado eu dizer que você é a mulher mais linda desse mundo? Karine adorava o som daquela voz, grave, baixa e séria.        Ela sorriu sem graça, e tentou disfarçar mesmo ele não estando ali na sua frente. Demétrio tinha o poder incrível de lhe deixar vermelha como um tomate  - Você fala isso porque somos amigos. - Não mesmo. Karine levantou quando o viu parado a sua frente. – Isso na sua bochecha é maquiagem? Perguntou ele apertando. - Aí. Não é, não! Ela passou a mão no rosto tentando disfarçar o vermelho pela vergonha. – Pensei que ainda estava a caminho. - Vi você sentadinha, te liguei só por provocação mesmo. - Você está atrasado. - Sempre. Respondeu sorrindo.        Passando seu braço ao redor dos ombros dela, quem os visse juntos diziam que eram um casal de namorados. Entretanto, Karine e Demétrio eram amigos há muito tempo. Não estudavam na mesma faculdade, mas ele sempre passava na dela para lhe levar pra casa.