V Capitulo - Conectadas

1347 Words
Karine acordou naquela manhã com o tão cheirinho forte de café feito na hora vindo da cozinha. Ela parecia um míssil teleguiado pronto para o ataque.      Se servindo com uma xicara, seus cabelos ainda estavam bagunçados e com a roupa de dormir. - Preciso disso. Falou consigo mesmo. - Eu sei que você adora meu café. - Agnes? Ela não parecia acreditar em quem via sentada a mesa servida com uma xicara também, e algumas torradas. - Quem você acha que fez o café? Respondeu sorrindo. - Meu Deus! Quando você chegou? Karine abraçou sua melhor amiga. - Ontem à noite, mas passei a noite na casa da mamãe. Agnes encarou sua amiga. – Você está com alguém aqui? - Claro que não! - Quando foi a última vez que saímos pra dançar? - Seis meses atrás. Karine se serviu com mais um pouco de café e torradas. - Pub´s?! Agnes parecia animada. – Eu, você e aquele vestido lindo vermelho que você não gosta de usar porque deixa suas pernas lindas.      Karine sorriu. - Melhor na sexta. Hoje eu tenho quatro pacientes. E amanhã, somente um. - Dois dias então... Meu quarto está arrumado? - Está do jeito que deixou. - Adoro! - E o almoço é por sua conta. - Tem certeza?      Karine apenas apontou para o calendário de tarefas na porta da geladeira. Antes de deixar sua xicara na pia. - E não adianta rasurar, porque eu já decorei. Gritou ela ao longe perto da escada antes de subir.       Agnes sorriu. Estava com saudades de sua amiga. Mas, seu trabalho lhe tomava tempo pra curtir.          As duas se conheceram no segundo ano de Faculdade de Karine, Agnes estava chorando no banheiro, havia terminado pela vigésima vez com seu namorado ou até um pouco mais. Karine lhe deu um ombro amigo, desde então, elas eram inseparáveis, decidiram morar juntas por conta de um desentendimento que Agnes teve com seu padrasto e, após a morte da mãe de Karine onde se viu totalmente sozinha e desolada, Agnes foi seu ombro amigo em todos os aspectos. Elas se conheciam o suficiente para se respeitarem, era cada uma no seu espaço. Agnes tinha se formado em Design de Moda, sendo que recentemente fora convidada por uma estilista famosa afim de apresentar seus projetos. Desde então, viajava para vários lugares do Brasil afora. Ainda não era mundialmente conhecida, mas estava correndo atrás.         A cidade que Demétrio residiria para abrir a filial de sua empresa ficava há quatro horas de distância de sua antiga cidade. - Eu vou chegar na segunda pela manhã. Mas, já conseguir alguns contatos. Pelo celular, Cael conversava com Demétrio incentivando seu amigo a espairar antes de pegar no pesado na segunda junto com ele. – Saia pra se divertir amigo. Beba, beije na boca, e segunda feira falamos mais sobre negócios.       Demétrio sorria do outro lado da linha. - Sim senhor. - Estou falando sério Demétrio. Há quanto você não tira férias? Voz de mulher ao fundo, Cael sorriu. – Vou desligar aqui, qualquer coisa me liga.         Saindo do banheiro ainda molhado e com uma toalha em sua cintura, ele se olhou no espelho. Bagunçando os cabelos. Sua barba estava por fazer. Como havia mudado.        Olhou para o celular que tocava, no visor um nome, “Alana”. - Por que não me disse que iria embora?     Ele atendeu com ela já falando. - Ah... você disse que não queria mais me ver. - Você não percebe mesmo quando uma mulher está fingindo, não é? - Eu sou bem direto Alana. Gosto quando as pessoas também são. - Então vou ser bem direta. - Hum... - Ainda quero você. Demétrio levou as mãos a cabeça, silêncio. – Estou sendo direta. - Você é linda. Mas... - ... Eu sei que tem outra mulher. - Alana... - Demétrio. Ele apenas sorriu. – Nos falamos quando você voltar, está bem? Ela continuou falando. - Certo.     Desligou o telefone o jogando ao seu lado na cama. Bagunçou muito mais seus cabelos, deixou seu corpo cair, e sem perceber adormeceu.         Seis da manhã, Demétrio decidiu seguir as ordens de seu amigo, colocou umas roupas numa mala e com o carro que tinha alugado, pegou estrada e seguiu viagem pra descansar.       Foram treze anos e com certeza muita coisa mudou.        Karine terminava de atender seu segundo cliente naquela manhã, como o tempo passava rápido.      Ela passava a mão no rosto, sentia um pouco febril. - Sara, vou na farmácia. Mas, eu volto logo. - Digo que você vai se atrasar? - Só um pouco.      Sorrindo, ela pegou sua bolsa.       Um leve espirro fez com que Demétrio parasse numa farmácia já dentro da sua cidade natal.     Demétrio olhou o relógio: Dez horas.     Ele estava no corredor, olhando as prateleiras distraído. - Oh! Olha pra onde está virando. - Sinto por isso. Ela estremeceu com o tom da voz dele. Demétrio pediu desculpas ao esbarrar nela. – Eu não vi mesmo. - Tudo bem. Ela o olhava de cima pra baixo. – Ninguém se machucou.     Demétrio apenas sorriu e continuou a comprar o que precisava. - A gente já se conhece? A mulher se aproxima e pergunta. – Seu rosto me é familiar. - Acredito que não.  - Que pena, tive a impressão que sim, mas só foi impressão mesmo. Desculpa.        Ele pagou o que tinha comprado e saiu.        A primeira parada de fato de Demétrio foi em frente a antiga lanchonete, que hoje era um grande restaurante. - Demétrio?       Parado em frente encostado no carro, ele olhava ao redor. - Dona Lurdes. - Meu Deus menino! Como você cresceu. Ela o abraçou. – Está tão bonito. - Obrigado dona Lurdes. - Vem, vou separar uma mesa pra você. A velha senhora parecia eufórica em vê-lo. Demétrio se sentia acolhido com aquele carinho. Ela sempre o havia tratado como um filho. - Vejo que a senhora conseguiu expandir sua lanchonete.        Ela sentou-se junto com ele, e os dois conversaram, lembrando do passado e do presente e do quanto ele tinha prosperado também.       Através dela, ele ficou sabendo que Karine estava sozinha.              Karine entrou no banheiro, se encostando a porta, fechou os olhos de tão cansada que estava. - Aí, umas férias seriam tão bem vinda. Suspirou antes de entrar no chuveiro.      Limpou seu rosto de frente ao espelho, seu ritual antes de relaxar.      Livro na mão, uma xicara de chá e uma poltrona aconchegante. - Karine do céu! Hoje eu limpei minha vista. Agnes foi entrando na sala eufórica e falante. – Morrendo de dor de cabeça, fui na farmácia próximo à avenida principal. Menina! Um homem, pensa...       Karine apenas sorriu e continuou lendo seu livro. - Eu to falando contigo. - Agnes?! - Ele era mais alto que eu e você. Uns olhos negros tão intenso, e uma barba que adoraria sentir no meu pescoço.       Sua amiga gargalhou. - Que Deus grego hein. - Acho que ele não era daqui. E, menina... acho que tem dinheiro, muito. - E dinheiro é importante pra você? - Não, mas, aposto que o brinquedo dele também não decepciona. Havia malicia na voz dela.         Karine sentiu seu rosto corar. - Você não perde a oportunidade né? - Pena que não perguntei o nome dele, mas, molhei quando ele falou. – Nossa! - Posso ler meu livro? - Pode sua chata! Vou fazer macarrão com queijo para o jantar. - Tá bom.     Agnes saiu, Karine ficou olhando seu livro. “Olhos negros” isso lhe fez pensar em “Demétrio” pegou seu celular em cima da mesinha.     Eles nunca tinham de fato deixado de ter contato, mas se falavam bem menos do que quando eram mais jovens, e tinham menos responsabilidades.      Ela sorriu quando viu uma foto dele em sua galeria. A mais recente, ele usava um terno muito bonito e ao lado dele um amigo.   “Será que deveria ligar pra ele?” Se viu pensando. “Porque isso de repente?”      Deixando esses pensamentos de lado, ela decidiu organizar a mesa para o jantar. E fazer companhia a sua amiga. 
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