Ponto de vista de Teresa
Respiro fundo — e o ar parece mais denso, mais presente, como se cada molécula carregasse um significado oculto. Meu peito se expande com uma calma que não é ausência de medo, mas a presença plena de algo novo: confiança.
Sinto o sangue correr sob a pele com ritmo firme, quase ritmado ao da Kira. Como se nossos corações ecoassem no mesmo compasso, batendo em uníssono. Não sou apenas espectadora das lembranças dela — parte de mim é o que ela foi. O que ela é.
E isso me transforma.
Meu olhar se volta novamente para Jair. Há algo nos olhos dele que me desnuda. Não no sentido comum — mas como alguém que vê além, que reconhece a mudança. A mesma mudança que ele já viveu, talvez de forma diferente, mas não menos intensa.
A conexão entre nós é sutil, mas poderosa. Não precisa de palavras. É como se um elo tivesse sido forjado no fogo da mesma presença. A mesma origem. A mesma mulher.
Kira.
Ela não sabe o quanto mudou minha vida. O quanto estar ligada a ela me torna mais inteira. Como se, pela primeira vez, eu deixasse de ser um pedaço tentando se encaixar.
Agora, eu sou parte do quebra-cabeça.
Levanto os olhos e vejo meu reflexo num pedaço de espelho numa parede. Há algo diferente em mim. Os olhos mais intensos. A postura mais firme. A forma como carrego o corpo, como se cada célula soubesse que agora sou capaz de muito mais.
A energia é constante. Latente. Ela pulsa sob minha pele, esperando um comando.
Quero testar. Quero correr, lutar, sentir.
Quero ver até onde vai essa nova Teresa.
Até onde ela pode ir por Kira.
E talvez... por mim mesma.
Kira não apenas concorda em se unir à causa dos Corvos, como também nos explica tudo com riqueza de detalhes — Na verdade, estou contratando todos vocês para a minha corporação. Assim, terão registros oficiais como seguranças corporativos e acesso a certos tipos de armamento que normalmente são restritos a civis.
Olho para Logan, tomada por uma excitação imediata. Lembro do que aconteceu mais cedo, e meu corpo reage sem que eu possa evitar. O cheiro dele tem algo profundamente atraente para mim. Os pelos dos meus braços se arrepiam.
Ele me encara, mas há receio em seu olhar — talvez medo de que eu esteja perdida, dominada por alguma força obscura. Kira, como se percebesse essa hesitação, trata logo de esclarecer — Logan... não se preocupe. Quando recebem o meu toque, tudo começa a fazer sentido. Tudo muda. As cores se tornam mais vivas, a vida passa a ter um novo propósito.
Sua voz é serena, carregada de uma tranquilidade que transmite exatamente o que precisa transmitir: uma verdade plena e absoluta. Ela conclui, ainda mais direta — E não pense que eles são meus escravos. Não são. Eles têm vontade própria... apenas não desejam ir contra mim. Afinal, despertam para o que realmente importa.
Ela sorri de forma singela. Com isso, encerra o assunto. Não há mais o que dizer. A verdade foi dita — clara, firme e definitiva.
Mas percebo que Logan está imerso em uma análise profunda. Sinto um chamado, uma comoção interior. Kira deseja nossa lealdade, nossa união — um compromisso — e eu estou disposta. Jair também se move, e juntos nos manifestamos, mostrando que estamos aqui por ela.
Killey permanece à parte. Sinto-o perdido, desconectado, mas percebo que ele sempre foi assim, mesmo quando ainda era Chang. Lembro de algo que vi — algo que fiz questão de esquecer, fingindo que tudo estava bem.
Era noite. Eu estava chegando à casa de Chang quando os vi pela janela. Mika o estava chupando, e logo os dois estavam transando. A sensação de traição foi devastadora. Mas eu apenas fui embora, chorando. Passei a noite bebendo, e quando acordei, quis acreditar que tinha sido só um pesadelo. Decidi esquecer. E as coisas seguiram.
Depois ele morreu, renasceu... e agora, aqui estou eu, olhando para ele — e não sinto mais nada de significativo. Nem amor, nem raiva, nem ciúmes. Nada. Simplesmente passou, como uma febre.
Killey se despede, Kira somente concorda, o leva até a porta. Eles trocam duas palavras e Kira parece prestar atenção no que foi dito.
Ela então se volta para nós — Jair, Iara e Ghost — e diz com firmeza, mas de forma gentil:
— Por enquanto, recomendo que fiquem com o Logan.
Seus olhos então se perdem por um instante, como se algo a chamasse de volta. Ela respira fundo.
— Eu preciso ir. Preciso resolver algumas coisas.
Jair se agita, visivelmente aflito. Ele se aproxima, segura a mão dela com cuidado, quase com urgência, e tenta convencê-la a sair com ele. Menciona algo sobre conhecer Manaus. Kira solta uma risada leve, meio sem graça, mas sincera. E então responde, com um tom suave:
— Iremos conhecer juntos.
Ele franze a testa, confuso, como se não tivesse entendido o que ela realmente quis dizer. Então, ela completa, mais direta:
— Eu nunca saio. Não sou prisioneira, mas nunca senti necessidade de sair.
Ela faz uma breve pausa, depois sorri de forma quase tímida. — Mas já que você insiste, vamos sim. Pode ser amanhã à noite?
A forma como ela fala torna o convite real, como se estivesse mesmo considerando aquilo como um passeio. Jair fica visivelmente empolgado, como um garoto recebendo o sim que não esperava.
Kira começa a se afastar e informa:
— Preciso voltar ao prédio da BioCom. Nunca passei a noite fora de lá.
Decido acompanhá-la. Caminho ao lado dela por alguns metros e, num tom leve, com um sorriso de canto, comento:
— Kira, o Jair está muito apaixonado por você.
Ela me encara, impassível, como quem já esperava por essa constatação. Sua voz vem serena, mas carrega um peso silencioso:
— Eu sei. Mas...eu pertenço a outra pessoa.
Há uma pausa. Algo em seu olhar oscila, e por um instante, parece perdida em si mesma. Então, ela se cala.
Percebo a hesitação, e toco levemente seu braço, tentando suavizar a tensão:
— Tudo bem. Vai ser difícil alguém não notar você e querer algo mais. Seja quem for essa pessoa que habita seu coração... é uma pessoa de muita sorte.
Ela não responde, mas seu silêncio é denso. Dou um último sorriso tranquilo e deixo que o silêncio nos envolva. Às vezes, é nele que as verdades mais profundas se revelam.
Ela se vai. Todos se acomodam e vão dormir. Eu vou ate onde Logan está e me aconchego próximo à ele. Ele parece meio ressabiado, parece não saber como agir, mas é compreensível, não sei exatamente o que ele vislumbrou mas imagino que tenha sido bem complexo e confuso.
Comecei a beijar o pescoço dele, lambendo e sugando com intensidade, deixando marcas vermelhas na pele macia. Beijei levemente sua orelha, mordiscando o lóbulo antes de afundar a língua dentro de seu ouvido, arrancando um gemido rouco de Logan.
Minha mão deslizou sob o edredom, acariciando sua coxa, subindo lentamente até encontrar a protuberância rígida. Senti sua respiração acelerar, o corpo tenso sob meu toque.
Com um gesto ousado, expus seu mëmbro pulsante, admirando o comprimento e a espessura. Levei-o à boca com cuidado, saboreando o gosto salgado enquanto o deslizava cada vez mais fundo na garganta, arrancando gemidos cada vez mais altos de Logan.
A onda de prazer o atingiu com força — um gemido rouco escapou de seus lábios enquanto seu corpo se contraía violentamente. Sentiu o espasmo quente e intenso ao preencher minha boca com seu sêmen. O gosto salgado e metálico se espalhou em minha língua, enquanto ele se agarrava aos meus cabelos, buscando algum controle em meio ao turbilhão de sensações.
Minha garganta pulsava ao redor dele, cada contração intensificando seu prazer. Mesmo após o clímax, seu päu continuava rijo — e eu não perdi tempo.
Montei em seu colo, posicionando-me sobre aquele comprimento quente e rígido. Sentei-me lentamente, sentindo-o me preencher por completo, esticando-me até o limite.
Os movimentos começaram intensos, um ritmo frenético de sobe e desce, um vai e vem carregado de desejo. O êxtase me dominou a cada estocada, cada atrito me levava mais perto do abismo do prazer. Esfreguei-me contra o corpo dele, buscando mais contato, mais fricção, mais calor.
Nossos corpos se moviam em perfeita sincronia, em um compasso selvagem e apaixonado. A cada investida, o calor crescia, a tensão se acumulava em ondas avassaladoras. Gemidos roucos escapavam de nossas bocas, misturando-se no ar denso e carregado.
De repente, o clímax nos tomou de assalto. O corpo de Logan se contraiu inteiro, um grito gutural escapando de sua garganta enquanto se afundava em mim. Eu o acompanhei, soltando um gemido agudo, minhas unhas se cravando em suas costas enquanto o mundo ao nosso redor explodia em cor e sensação.
Ondas de prazer nos atravessaram como choques elétricos, cada espasmo nos elevando mais alto. Nos agarramos um ao outro com força, buscando estabilidade no meio do furacão de emoções que nos engoliu.
Aos poucos, a intensidade foi diminuindo, dando lugar a uma sensação de calor e contentamento. Nossos corpos foram se acalmando, a respiração voltando ao ritmo natural. Deitamos lado a lado, exaustos, porém plenamente saciados — o silêncio preenchido apenas pelo som de nossos corações batendo em uníssono.
Em poucos minutos eu não estava mais exausta, meu corpo estava recuperado, mas pude notar o cansaço no corpo de Logan. Então preferi apenas curtir a companhia dele. Já sonolento, ele apenas me admirava. Até que finalmente perguntou o que o estava torturando — Teresa, o que você sente? O que está pensando?
Com um suspiro fui o mais sincera possível— Eu sinto cada célula de meu corpo vibrar com uma energia nova, intensa e inebriante. Como se uma névoa tivesse sido dissipada de minha mente e sentidos, tudo ao meu redor agora parece mais vívido, mais nítido, mais real. O ar tem um sabor metálico e doce, a luz do ambiente parece pulsar com vida própria, e o som do mundo — antes abafado e distante — agora era claro, quase musical.
Me sinto desperta, plena. Meu movimento é fluido, preciso, meu corpo finalmente sincronizado com minha vontade. Vivo em alta definição, meu coração batendo forte, mas em paz. Meus pensamentos estão rápidos, organizados, e há uma voz nova dentro de mim — não uma invasora, mas uma presença sutil e familiar, que me guia com instintos aguçados, me sinto mais do que viva — transcendida. Como se, pela primeira vez, eu tivesse encontrado minha verdadeira forma. E agora, não tenho dúvidas: eu sou uma nova eu. E jamais aceitarei voltar a ser menos que isso.