- CIDADE DA SUCATA- MERCADO DE ESCRAVOS PARTE II

1580 Words
Ponto de vista de terceira pessoa Kira rolou para o lado, mas sentiu o impacto de mais balas atingindo sua armadura. O colete absorveu a maioria, mas uma perfurou seu flanco esquerdo. Ela sentiu o sangue quente escorrer, mas não parou. Jair O Leão rugiu e se lançou sobre o mercenário, agarrando a arma antes que ele pudesse virar para Killey. A força do impacto foi suficiente para empurrar o mercenário para trás, mas ele não caiu. Com um movimento brutal, o homem ergueu Jair e o arremessou contra um poste metálico. Killey puxou a irmã de Barney para fora da jaula enquanto Kira se levantava, monokatana em mãos. — Sua vez, filha da püta. Ela disparou em velocidade máxima, desviando das balas restantes e deslizando sob o mercenário. A lâmina cortou profundamente a articulação do joelho cibernético. O homem gritou e caiu, e antes que pudesse reagir, Kira cravou a katana em seu pescoço. Silêncio. Então, o corpo tombou. Kira arfou, o sangue pingando de seu ferimento. — Vamos. Antes que mandem reforços. Enquanto corriam para sair dali, Jair O Leão, freneticamente procurava seu amigo, não o havia visto próximo ao palco, granadas foram jogadas, tiros, estava um caos, nao havia muito tempo para procurar, ele teria que recuar e aguardar talvez se infiltrar depois como tecnico para reparar os danos posteriormente, absorto em pensamentos enquanto corria, olhou para o lado instintivamente e parou abruptamente ao lado de uma jaula no canto mais escuro do leilão. Dentro dela, um homem de pele escura e rosto marcado por cicatrizes o olhava com descrença. — Jair…? O bioesculpido rangeu os dentes, segurando o cadeado e arrancando-o com pura força bruta. — Vamos, velho amigo. Tá na hora de ir pra casa. A feira estava um caos. As barracas incendiadas lançavam sombras dançantes sobre os corpos caídos, enquanto tiros ainda ecoavam ao longe. Mas Kira e seu grupo já estavam saindo dali, movendo-se rapidamente pelos becos antes que reforços chegassem. Jair O Leão carregava seu amigo ferido sobre os ombros, seu rosto endurecido pela fúria contida. A irmã de Barney ainda tremia, mas Killey a mantinha próxima, sussurrando que tudo ficaria bem. Kira sentia o sangue quente escorrendo por seu flanco, cada passo enviando uma pontada de dor pelo corpo. Mas não desacelerou. Jair os levou para um esconderijo fora da cidade — um armazém abandonado convertido em refúgio. O lugar era espaçoso, com paredes reforçadas e um arsenal improvisado num canto. Assim que chegaram, ele a observou de perto. — Você precisa cuidar disso, garota. — Seu tom era grave, mas os olhos carregavam um brilho diferente. Ele a guiou até um colchão improvisado e buscou um kit médico. Kira não reclamou quando ele rasgou parte de sua roupa para acessar os ferimentos, seus dedos ásperos roçando sua pele. — Você é durona, mas até os mais fortes precisam de descanso. Kira soltou um suspiro cansado, seus olhos encontrando os dele. Jair era grande, feroz… mas ali, naquela luz baixa, ela percebeu algo mais. Um interesse que ia além da admiração pela guerreira que ela era. Ele estava atraído por ela. Kira apenas sorriu de canto, fechando os olhos por um momento enquanto ele começava a tratar suas feridas. O novo dia chegou rápido, quase fugaz. Kira sabia que precisava estar no bar Copo Sujo às dez da manhã. As ruas estavam mais movimentadas do que no dia anterior. Grupos de pessoas murmuravam entre si, comentando sobre uma espadachim misteriosa. Mas ninguém tinha detalhes concretos. Apenas vultos na escuridão, o brilho de uma lâmina cortando o caos. Muitos corpos haviam sido encontrados — não apenas seguranças, mas até mesmo crianças. Quem diabos leva crianças para um lugar como aquele? Kira se perguntou. Mas sempre havia os sem-nöção. Ela se levantou, sentindo os músculos doloridos. Caminhou até o banheiro. O cheiro azedo de ferrugem e umidade impregnava o ambiente. Azulejos rachados, espelho manchado, a pia m*l funcionando. Um verdadeiro buraco imundo. Uma pocilga. Mas nada disso importava. Ela tinha um compromisso. Antes de Kira sair, Jair se aproxima apreensivo e, sem hesitar, pede para verificar seus ferimentos. Ela, no entanto, apenas o tranquiliza, garantindo que está tudo bem. Então, para provar suas palavras, mostra o local onde havia sido atingida. A pele está completamente curada, sem cicatrizes ou qualquer sinal de que um dia houvera um ferimento ali. Jair arregala os olhos, incrédulo. Ele se lembra claramente de quando prestou socorro a ela, removendo vários projéteis de dentro do seu corpo. Como aquilo era possível? Ela continua seu trajeto até o bar Copo Sujo. O relógio já marcava quase dez horas da manhã. A jovem a acompanha, ainda um pouco retraída. Antes de saírem, Kira pediu que ela se ajeitasse, pois a roupa que usava antes era inadequada, revelando sua condição anterior—afinal, ela estava prestes a ser vendida como pröstituta. Felizmente, Jair providenciou uma vestimenta mais discreta para a garota, que agora parecia uma mecânica. Melhor assim. Isso a ajudaria a chamar menos atenção. Ao chegar ao bar, Kira entra sem hesitar. O ambiente está relativamente vazio, indicando que, naquele horário, o estabelecimento ainda não opera em sua capacidade total. Algumas áreas parecem fechadas, mas isso não a impede de localizar rapidamente quem procura. Em uma mesa discreta, num canto pouco iluminado, está o Sr. Barney. Dessa vez, ele está sozinho. Kira sabe que os sicários que o acompanhavam antes provavelmente eram mercenários locais, contratados apenas para aquela ocasião. Se ele os dispensou, é porque confiava que ela completaria o serviço. Com um sorriso irônico, Kira provoca: — Tinha tanta certeza de que eu conseguiria que, além de estar aqui no horário, dispensou todos os mercenários? Barney retribui o sorriso, mas há um brilho cauteloso em seus olhos. Seu tom, apesar de descontraído, carrega um toque de preocupação: — As notícias aqui não andam de jegue, Kira. Elas viajam em veículos de Impulso Vetorial. E já tem gente na área sabendo de você. Kira entende perfeitamente o aviso nas palavras de Barney, mas um trato é um trato. O combinado era simples: a garota em troca de informações sobre a tal Dra. Chambers. Ela cruza os braços e inclina ligeiramente a cabeça, o olhar afiado como uma lâmina. — Vai falando o que quero saber. Só preciso saber com quem ela tá trabalhando. Mas, claro, se achar que eu mereço um bônus, não vou recusar — diz com um sorriso torto, a voz carregada de sarcasmo. Barney solta um riso baixo, balançando a cabeça. Sem dizer mais nada, desliza um microchip pela mesa até Kira. — Se quiser saber do bônus, veja por si mesma — responde, enigmático. Então, ele se levanta, pega a mão da garota, que hesita por um segundo antes de se agarrar a ele, quase se escondendo sob seus braços. Sem olhar para trás, eles começam a se afastar. Antes de sair pela porta, Barney para por um instante e lança um último olhar para Kira, um sorriso satisfeito brincando no canto dos lábios. — Foi um prazer, Onna-bugeisha. Um prazer enorme. O tom de sua voz tem um peso diferente—não é apenas uma despedida, mas um reconhecimento. Kira sente que, de alguma forma, ele realmente gostou do que presenciara até agora. Kira, sem perder tempo, conecta o microchip ao seu processador de dados e inicia a leitura das informações contidas nele. Os dados aparecem em sua interface, confirmando o que ela já suspeitava. Nenhuma surpresa. A Dra. Chambers está aliada ao exilado ex-Maromba, conhecido como Dentuço. Dentuço, por sua vez, agora é o líder absoluto da Cidade da Sucata. Ele matou o antigo chefe e tomou seu lugar—rápido, direto e eficiente. Um método básico, quase primitivo, mas que sempre funcionou. Sempre foi assim. O mais forte sobrevive, e o resto... bem, o resto é apenas sucata. Voltamos ao esconderijo de Jair. O lugar parecia ainda mais carregado de tensão do que da última vez. Seu amigo, para nossa surpresa, era um Netlinker – um especialista em se conectar à Rede, manipulando dados e sistemas como ninguém. Ele não era um residente daquela região, o que tornava sua presença ali ainda mais curiosa. Jair respirou fundo antes de falar, como se estivesse pesando as palavras com cuidado. — Ele está aqui numa missão — disse, por fim, olhando diretamente para Kira. — E precisa da sua ajuda. Kira cruzou os braços, ciente de que Jair sabia muito bem que ela não era do tipo que se envolvia em qualquer coisa. Ela tinha seu próprio caminho, seus próprios objetivos. E ele entendia isso. Justamente por isso, não perdeu tempo com rodeios e foi direto ao ponto, oferecendo o que sabia que a moveria. — A missão dele é dentro do Castelo do Dentuço. A menção ao nome fez Kira arquear uma sobrancelha. O lugar era perigoso, cheio de armadilhas físicas e digitais. Se um Netlinker estava envolvido, provavelmente havia muito mais do que seguranças armados e corredores traiçoeiros. Antes que ela pudesse fazer qualquer pergunta, Jair continuou: — Se você ajudar, ele ajuda. Uma mão lava a outra, e as duas lavam a cara. Kira não precisou pensar muito. O risco era alto, mas a recompensa valia a pena. Além disso, agora teria um Netlinker ao seu lado, o que significava acesso a informações valiosas, invasões remotas e talvez até um jeito mais eficiente de entrar e sair sem chamar atenção. Sem hesitar, abriu um meio sorriso e respondeu: — Fechado. Quando começamos?
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